quinta-feira, 4 de abril de 2024

Sociedade civil guineense denuncia aumento de casos de feminicídio no país


Liga Guineense dos Direitos Humanos em vigília em homenagem as duas mulheres assassinadas na região de Gabu "Cinco Minutos de Silêncio "

Organizações da sociedade civil e personalidades guineenses denunciaram hoje, numa vigília na Casa dos Direitos em Bissau, o aumento de casos de feminicídio no país e alertaram as autoridades para que tomem medidas.

A vigília, que juntou cerca de trinta pessoas, serviu em particular para denunciar o assassínio, no espaço de duas semanas, de duas mulheres nas comunidades rurais de Gabú, no leste da Guiné-Bissau.

Uma mulher de 53 anos foi "barbaramente assassinada a tiro" na localidade de Nhampassaré, após ter sido violada por um homem de 55 anos.

Na localidade de Sintchã Demba, uma mulher de 46 anos foi assassinada à facada pelo marido.

"Este duplo crime odioso num horizonte temporal de apenas duas semanas constitui um sinal preocupante e sobretudo revela o crescimento do nível do feminicídio" na Guiné-Bissau, destacou a Liga Guineense dos Direitos Humanos.

Promotora da iniciativa, em que se cumpriram cinco minutos em silêncio e os presentes estiveram vestidos com roupas pretas e empunhando velas acesas , a Liga Guineense dos Direitos, na voz do seu presidente, Bubacar Turé, considerou ser urgente o país introduzir no Código Penal o crime de feminicídio.

"Só em 2022 cinco mulheres foram barbaramente assassinadas na Guiné-Bissau sem que os autores tenham sido julgados", sublinhou Bubacar Turé.

A antiga ministra da Saúde Pública, Magda Robalo, participou na iniciativa e observou que a sociedade guineense "deve dizer um basta" a situações que colocam em causa a vida da mulher.

"Dantes aleijava-se a mulher sem que nada acontecesse, agora mata-se", disse Robalo, em referência à Mutilação Genital Feminina, ainda praticada na Guiné-Bissau apesar de o país possuir uma lei que a criminaliza.

Mais do que denunciar, Magda Robalo apelou às autoridades para trabalharem na prevenção deste crime de ódio baseado no género.

A vigília contou também com a presença, entre outras personalidades, de um elemento da delegação da União Europeia em Bissau.

Conosaba/Lusa

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