Falando há semanas em Bissau, o Ministro da Educação, Henri Mane, anuncia que os alunos, quer das escolas públicas, quer das escolas privadas e outras configurações existentes, na nossa paisagem escolar, serão submetidos a partir de próximo ano letivo aos exames nacionais.
O governante sustenta, na mesma ocasião, que a retoma dessa avaliação deve-se às exigências da União Económica e Monetário Oeste Africano, cujos países por normativa na referida organização são obrigados a realizar os exames nacionais.
Até aqui tudo certo. Vamos, agora, por parte, podemos questionar a finalidade para qual se uma avaliação dessa natureza, é apenas uma operação de charme ou é para, mais uma vez, desperdiçar o esforço físico e dinheiro, que tanto falta faz nas nossas escolas ou é para diagnosticar os pontos francos, das políticas educativas, de nossos professores, de nossos alunos e do nosso próprio Ministério da Educação, que para alguns não nos educa em nada.
Sendo assim, questiona-se o resultado de diagnóstico, fruto de último exame nacional, realizado há dois anos. Quais são as novas políticas educativas adotadas depois de último exame? Pela lógica, um paciente depois de medicação volta ao médico para controlo.
Certamente, que nos restantes países da UEMOA, que mais ou menos podemos dizer que tenham o governo no lugar, adotam medidas corretivas, depois de exames nacionais.
Temos que ir buscar a coragem onde ela se encontra para dizer aos nossos parceiros que estamos desorganizados e atrasados em relação a outros e que o país precisa de um tempo para pôr tudo à ordem
Senhor Ministro, a solução, de momento, para o nosso sistema educativo não é exames nacionais mas sim é trabalhar, primeiro, para a sua estabilização e, depois, realizar as reformas necessárias, que vão permitir, antes de mais, e sobretudo, que a escola pública reconquiste a confiança da sociedade, caso, um dia, chegou de tê-la.
Qualquer cidadão médio, pondo de parte os especialistas ou estudiosos das ciências da educação, sabe que não é com os exames nacional é que se resolve a caótica situação das nossas escolas.
Há muito que a classe política de uma forma geral e os partidos governamentalizados, cada um ao seu estilo e a sua maneira, contribuíram para a degradação ou para arruinar a nossa educação.
Se concordar comigo, senhor Ministério, seria melhor que todos nós (governo, professores, investigadores, pais e parceiros) concentremos as nossas capacidades intelectuais, física e financeira para que seja combatida a desigualdade social e assimetrias, no sector educativo.
Todos sabemos e reconhecemos com graus de humildades diferentes, que a escola pública ( scola di stadu) é essencial e exclusivamente para os filhos de pessoas de voz e vez, isto é, zê povão, enquanto a escola privada de primeira categoria e as da europa são para filhos de gente fina.
Temos uma taxa de retenção escolar no ensino básico de 15,2 (Si,2022) e sem falar de abandono e resistência escolar.
As explicações encontradas pela sociologia da educação para insucesso escolar estão ancoradas no desencontro entre a cultural escolar e a cultural familiar dos alunos (Sarmento,2019).
Disso já falava as teorias de correspondência de Bowles & Gintis, teoria de reprodução de Pierre Bourdieu, Teoria dos códigos de Bernstein e teoria culturistas da Nova Escola da Sociologia.
Um estudo realizado pelo próprio ministério da educação com apoio financeiro de seus parceiros intitulado “Bases para uma Estratégia Sectorial da Educação” (2005) identificado três grupo de fatores pela queda de qualidade de nosso ensino dos quais passo a referenciar: “culturais e currículos, deficiência no campo pedagógico, défice generalizado de manual e materiais escolares”.
Não podemos tecer, como um artesão, uma verdadeira coesão social, geografia e económica e até politica se não formos capazes de combater esta injustiça alho estudado por sociólogos da educação.
Esta sim deveria ser uma aposta de momento e não exame nacional, que caso fosse realizada os resultados apontariam mais qualificação as escolas privadas.
Como é possível pensar se os alunos não partem do mesmo degrau da escada já que uns cumprem quase o calendário escolar, enquanto outros são fustigados com greves, cujo responsável é o governo.
Senhor Ministro, todos os caminhos, nesse momento, devem dar para seguintes soluções:
Primeiro: é pôr fim ao mar de greve que tem afetado o ensino público, permitindo assim aos encarregados de educação voltem a ganhar confiança no sector e em consequência disso fazer voltar os seus educandos arrancados para escolas privadas, que algumas delas funcionam como uma empresa.
Segundo: deve-se pensar em como dar mais autonomias as escolas sobretudo para que o currículo não só reflita a realidade global (dimensão nacional, mas também especificidade de cada escola (dimensão especifica), ainda é preciso um debate nacional sobre se vamos continuar a ter os diretores das escolas em função de cor partidária ou se serão escolhidos entre os seus pares, tendo um mandato temporal.
Não é menos verdade que o nosso ministério de educação é fortemente centralizado e concentrado, diretores regionais sem poderes, contratação e colocação de professores são processos tratados todos em Bissau.
A motivação de corpo docente, também, deve ter uma centralidade não só para melhorar as condições de trabalho, salário, como também o seu reconhecimento social, pois só assim o governo estaria em condições morais de exigir mais qualidade científica e pedagógica.
A mudança tão aclamada vai continuar longe de nós como o céu vai continuar longe da terra, e só chega quando fizemos uma verdadeira aposta na escola. Essa escola que temos forma súbditos e não os cidadãos e é para isso que Paulo Freire afirma que ” a cidadania e autonomia são duas categorias estratégicas de construção de uma sociedade melhor em torno das quais há frequentemente consenso. Essas categorias se constituem na base de uma identidade nacional desejada, num conceito novo de escola, a escola cidadã. Esta conceituação tão presente na pedagogia defendida por Paulo Freire é a autonomia pedagógica pretendida, já que tem como eixos centrais: a integração entre educação e cultura, escola e comunidade (educação multicultural e comunitária), a democratização das relações de poder dentro da escola, o enfrentamento das questões de repetências e avaliação, a visão interdisciplinar e transdisciplinar e a formação permanente dos educadores, (Freire, 1996),
Aposta na valorização de investigação científica é um imperativo tal como aconteceu em quase em toda a sociedade. O governo antes de avançar com qualquer política pública encomenda o estudo cénico.
O país não vencerá o fenómeno de insucesso escolar que não é só um problema das escolas, antes de mais é um problema da sociedade e, por isso, urge reformular no nosso currículo para que ele não expele unicamente o país no seu geral como também que reflete vários territórios educativos que temos, uma vez que cada escola na perspetiva sociológica e pedagógica é uma bolha, valorizar o professor, melhorar o nosso parque escolar e criar política de reforço escolar para os grupos socias mais atingidos pelo insucesso.
Para concluir mesmo, tenho consciência de que fazer algumas dessas loucuras, que eu pintei nessa paciente e tolerante folha de papel mais de muitos homens exige verbas, mas se se fizer alguma contenção em despesas ilógicos de ministério de interior, que “come” combustíveis, e no ministério da defesa, conter viagens de laser de governantes e de um pensamento mais estruturado, sonhar na criação de um fundo, EDUCACAO, que pode resultar de uma taxaa comprar indiretamente em produtos cosméticos, bebidas alcoolistas, contribuição de próprios num valor simbólico, bilhete de discotecas entre outros.
Por: Tiano Badjana
Mestrando em Sociologia da Educação e Politicas Educativas
Conosaba/odemocratagb
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