O Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau disse estar preocupado com a crise política que se regista neste momento, por isso pede ao poder judicial que crie os mecanismos necessários para o julgamento das pessoas suspeitas da tentativa de golpe de Estado o mais rápido possível.
A posição do Estado-Maior foi tornada pública pelo seu porta-voz, o brigadeiro general, Samuel Fernandes, numa declaração aos jornalistas esta segunda-feira, 01 de abril de 2024, depois da visita efetuada às unidades da Base Aérea e da Brigada Mecanizada 14 de Novembro, com o intuito de esclarecer aos militares sobre rumores de uma suposta tentativa de golpe de Estado, bem como sensibilizá-los para não se envolverem com os políticos.
O também chefe da Divisão Central da Inteligência Militar reconheceu que na verdade, qualquer pessoa é suscetível a cometer crimes, participar ou ser acusado de ter feito alguma coisa. Contudo salientou que “quem deve esclarecer aquele assunto é o tribunal, de maneira que é urgente fazer esse trabalho, porque quem sofre por último é a população, quando disparam as armas”.
Samuel Fernandes disse que o objetivo da visita é sensibilizar os militares para estarem longe de querelas político partidárias, “porque estamos a assistir a acusações e informações nas redes sociais em como o vice-chefe Estado-maior de Exército, Baute Yante Na Man, foi detido, não corresponde à verdade e alguns dizem que foi visto na casa de um político, ou seja, uma série de informações que têm como propósito desestabilizar a Guiné-Bissau”.
Lembrou ainda que já acompanhou algumas conferências de imprensa em que algumas pessoas invocaram questões tribais. Por isso estão a alertar a classe castrense que as forças armadas guineenses têm o princípio da unidade, um por todos e todos por um.
O vice-Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, Mamadu Turé, disse que os militares devem sentir pena de si mesmos, porque pegar em armas para lutar entre si próprios não é solução e quem paga as consequências disso são os próprios militares que depois são detidos e colocados na prisão. De maneira que é preciso afastarem-se dos políticos, caso contrário a Guiné-Bissau não terá estabilidade. Adiantou que está bem claro e reconhecido que os políticos da Guiné-Bissau, quando não estão no poder, o governo não é bom como também o presidente da República. Portanto, é preciso que os militares estejam unidos para garantirem a paz e a estabilidade a fim de tranquilizarem os investidores.
Mamadu Turé disse que os militares devem refletir bem e evitar serem mobilizados pelos políticos que depois, quando acontece algo anormal, acabam por recuar, deixando as consequência acima dos que perpetuaram o ato. Acrescentou que, quando um político convida um militar para fazer levantamento militar, é preciso que tenha a coragem de chamar o nome dele, talvez vão diminuir essa situação que faz vários anos que acontece na Guiné-Bissau.
Por seu lado, o Vice-Chefe de Estado de Exército, Bauté Yanté Na Man, disse que a acusação de que foi alvo não corresponde à verdade porque ele não é uma pessoa violenta. Porque se existirem 100 oficiais na Guiné-Bissau que estão a pensar para que não haja guerra nem golpe de estado, Baute Na Man faz parte desse grupo que pensa bem para o país.
“A Constituição da República está bem clara e costumo ler e vi a atribuição das forças armadas e o que devemos fazer. A sociedade castrense é vertical, na qual recebemos ordem de chefe. Se um militar pensa que pode sair e fazer o que quiser, deve preparar a sua retaguarda bem, caso contrário assumirá as consequências. Quero garantir-vos que estou sereno e tranquilo e todas as informações que ouviram sobre ele, não correspondem à verdade. Da mesma forma, quero pedir ao estado-maior para averiguar bem sobre alguém que me viu na casa de um político para mostrar provas, se não vou mover uma queixa-crime contra aquele indivíduo”.
Por: Aguinaldo Ampa
Conosaba/odemocratagb.
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