Tomada de posse de Bassirou Diomaye Faye como novo Presidente do Senegal, neste dia 2 de Abril de 2024, em Dacar. AFP - JOHN WESSELS
Pouco mais de duas semanas depois de sair de prisão, o pan-africanista de esquerda Bassirou Diombaye Faye acaba de tomar posse como quinto Presidente do Senegal. Diombaye Faye sucede a Macky Sall que esteve doze anos na presidência de um país tido como uma referência da democracia na África ocidental até uma época recente. Nestes últimos três anos, o país atravessou contudo alguma instabilidade, com a detenção de responsáveis da oposição e a mortífera repressão de protestos populares.
Com a promessa de uma "mudança sistémica" à frente do Estado, de "mais soberania" e apaziguamento depois de anos de agitação, Bassirou Diombaye Faye tomou posse nesta terça-feira em Dacar, uma dezena de dias depois de sair vencedor das eleições presidenciais de 24 de Março com 54,28% dos votos, sem contestação de resultados.
Aos 44 anos, Bassirou Diombaye Faye que se assume como pan-africanista de esquerda, admirador de Nelson Mandela e de Barack Obama, tornou-se o mais jovem dos cinco Presidentes que o seu país elegeu desde a sua independência em 1960.
Companheiro de luta do líder de oposição Ousmane Sonko que foi impedido de se candidatar às presidenciais, Diombaye Faye teve uma ascenção relâmpago. Alto funcionário do fisco nunca eleito antes, o seu activismo político conduziu no ano passado e até um tempo recente à prisão, num contexto de forte repressão às vozes da oposição.
Nesta terça-feira, na presença de sete Chefes de Estado da CEDEAO, incluindo o Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, e o seu homólogo guineense Umaro Sissoco Embaló, dois Primeiros-Ministros, assim como representantes de organizações internacionais e do corpo diplomático acreditado no país, o novo Presidente do Senegal declarou-se "consciente" de que a sua grande vitória logo na primeira volta das presidenciais traduzia "um profundo desejo de mudança sistémica".
"O Senegal sob o meu magistério será um país de esperança, um país pacífico com uma justiça independente e uma democracia reforçada", garantiu o novo chefe e Estado senegalês que, ao aludir aos três últimos anos de agitação política no país, com dezenas de mortos e centenas de detenções, assegurou que não iria esquecer os sacrifícios consentidos pelos "mártires da democracia, (os) amputados, (os) feridos e (os) ex-prisioneiros (...) para nunca decepcioná-los".
"Esta confiança que o povo senegalês me dá é uma tarefa muito pesada", por isso, trata-se de "trabalhar de mãos dadas na transparência para servir o povo", frisou ainda o novo Presidente que colocou entre as suas prioridades a "diminuição do custo de vida", a "luta contra a corrupção" e a "reconciliação nacional".
Bassirou Diombaye Faye sucede por um mandato de cinco anos a Macky Sall, 62 anos, que governou este país de 18 milhões de habitantes durante doze anos e manteve relações fortes com o Ocidente e a França. Num país onde 75% da população tem menos de 35 anos e onde a taxa de desemprego é oficialmente de 20%, os desafios são muitos para o novo dirigente que prometeu colocar imediatamente mãos à obra.
Estima-se que o novo elenco governamental poderia ser conhecido até esta sexta-feira.
No seu discurso Bassirou Diombaye Faye também se referiu aos parceiros do Senegal, tido como um dos países democráticos de referência na África ocidental, não obstante os receios ligados a uma pré-campanha marcada pela violência.
Por: Cândido Camará
Conosaba/rfi.fr/pt
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