A corrida para os Jogos Olímpicos de Paris-2024 está lançada em várias modalidades e para vários atletas. Durante o fim-de-semana passado decorreu na capital francesa o Grand Slam de Judo, uma das mais prestigiadas provas do circuito mundial.
A África Lusófona, a pouco menos de um ano e meio das Olimpíadas, esteve presente no torneio parisiense de judo para pontuar para o apuramento para os Jogos Olímpicos.
Quatro atletas angolanos, três moçambicanos e um guineense actuaram na prova para tentar almejar pontos.
A RFI falou com Bubacar Mané, o único representante da Guiné-Bissau, que participou no Grand Slam.
O atleta de 36 anos, que vive no Sul da França, decidiu vestir as cores guineenses em homenagem aos avós, ele que já teve uma primeira carreira no judo antes de escolher uma via profissional mais tranquila numa empresa.
Aos 36 anos, e com o objectivo olímpico, Bubacar Mané não esconde que é a última oportunidade para ele de mostrar nos tatames a bandeira da Guiné-Bissau.
Em Paris, no Grand Slam, Bubacar Mané acabou por ser eliminado na primeira ronda pelo azeri Dzhamal Gamzatkhanov na categoria de +100 kg.
RFI: Que análise podemos fazer do combate frente ao azeri?
Bubacar Mané: Tive um adversário muito difícil, muito forte fisicamente. Eu iniciei o combate com um erro técnico. A este nível os erros são imperdoáveis. Tentei reentrar no combate mas ele era muito forte.
RFI: O que significa estar presente no Grand Slam de Paris?
Bubacar Mané: É uma outra dimensão. Aqui temos os melhores atletas. É um torneio muito complicado. E claro, só podemos estar à espera de defrontar grandes atletas nestas provas. Cada combate é uma final e eu perdi a minha.
RFI: Este combate frente ao azeri foi demasiado complicado?
Bubacar Mané: Foi muito complicado. Não conhecia o meu adversário e foi então a primeira vez que combati contra ele. Nesta categoria há monstros.
RFI: O objectivo é chegar aos Jogos Olímpicos?
Bubacar Mané: É o objectivo para todos os atletas que estão presentes no torneio parisiense, e claro também para mim.
RFI: Como vai ser essa caminhada até às Olimpíadas?
Bubacar Mané: Primeiro, tenho de trabalhar. Depois tenho de ver o calendário e tentar participar nas provas para pontuar.
RFI: Onde treina?
Bubacar Mané: Eu estou, e treino, em La Ciotat, perto de Marselha, no Sul da França. Treino no clube francês onde estou e tento estar bem fisicamente graças ao meu treinador. Estou apenas a regressar agora ao mais alto nível.
RFI: De onde lhe vêm as origens guineenses?
Bubacar Mané: Os meus avós eram da Guiné-Bissau. Os meus pais são do Senegal, mas os meus avós vieram da Guiné-Bissau. Por isso foi simples pedir para representar a nação guineense.
RFI: Como surgiu essa escolha pela Guiné-Bissau?
Bubacar Mané: Foi uma escolha pessoal. Quis representar as minhas origens mais profundas. Agora quero é colocar o mais alto possível a bandeira da Guiné-Bissau e o continente africano em geral.
RFI: Já esteve na Guiné-Bissau?
Bubacar Mané: A última vez que estive lá foi em Novembro do ano passado. Tudo correu bem, fui muito bem recebido. Avistei-me com os responsáveis do judo na Guiné-Bissau e trocámos ideias para este ano, em termos de provas a disputar.
RFI: Foi até à aldeia dos seus avós?
Bubacar Mané: Desta vez não consegui ir à aldeia dos meus avós porque foi uma viagem curta e mais direccionada para o lado desportivo. Mas quando for lá novamente, quero ir à aldeia sim.
RFI: Como surgiu essa paixão pelo judo?
Bubacar Mané: Descobri o judo graças ao centro social do meu bairro. O judo é uma grande família, eu sempre estive e estou no mesmo clube (ndr: Kodokan Ciotaden - La Ciotat Marseille) desde o início. O meu treinador é que me apoia desde sempre.
RFI: Como foi gerir o desporto e a vida profissional?
Bubacar Mané: Quando era jovem, eu tinha realizado algumas provas, inclusive com o Senegal, em menos de 100 quilos, mas depois decidi dedicar-me à minha carreira profissional. Agora decidi voltar por vontade própria e também para me desafiar.
Conosaba/.rfi.fr/pt/
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