O Governo de Luís Montenegro, o novo primeiro-ministro português, vai tomar posse hoje. LUSA - TIAGO PETINGA
Ao final da tarde hoje, toma posse em Portugal o XXIV Governo Constitucional, com a sua composição ministerial a ser já conhecida. Em entrevista à RFI, António Costa Pinto, professor convidado no ISCTE, diz que se trata de um Governo pronto a negociar estando em minoria e que não pode falhar.
O novo primeiro-ministro português, Luís Montenegro, terá a partir de hoje ao seu lado o ex-eurodeputado Paulo Rangel, como ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, ou Nuno Melo do CDS, que será ministro também de Estado e da Defesa, entre outras figuras de relevo que vão tentar assegurar a governação durante os próximos quatro anos, apesar de terem uma minoria na Assembleia da República.
Com muitos quadros vindos do próprio PSD e caras já familiares dos portugueses por terem sido ministros, deputados ou autarcas, António Costa Pinto, investigador aposentado no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e professor convidado no ISCTE, diz que se trata de um Governo experiente.
"É um governo que tem um número muito significativo de quadros experientes. Já foram ministros, já foram secretários de Estado, ja participaram em gabinetes ministeriais, alguns já foram deputados ao Parlamento Europeu, foram presidentes de Câmara Municipal. Ou seja, é um governo de gente com experiência política e isso percebe-se sobretudo porque se trata de um Governo minoritário, de um governo que, como se diria, é mais minoritário que os habituais governos minoritários, tendo em vista que o PSD teve apenas uma escassa vitória em relação ao Partido Socialista", indicou o investigador.
A contrário de outros Governos no passado, este não é um Governo com independentes. Uma obrigação de um executivo minoritário, que não pode falhar.
"É um Governo muito próximo do partido, ao contrário aliás do que costuma acontecer nos Governos portugueses, que têm no geral uma larga margem de independentes. Neste não é o caso e, portanto, trata-se de um governo que aparentemente, como diria, aliás, informalmente, o Presidente da República, não pode falhar. Ou seja, é um governo que tem que estar preparado para ir ao Parlamento para negociar muitas das suas medidas de reforma, tendo em vista a escassa maioria para decidir", afirmou António Costa Pinto.
Estas negociações devem acontecer à esquerda, como aconteceu no caso da eleição do presidente da Assembleia da República em que um entendimento com o Ps conseguiu eleger Aguiar Branco, mas também à extrema-direita, já que o partido Chega teve um grande reforço eleitoral nas legislativas.
"Existirão seguramente negociações com a direita radical populista, neste caso com o Chega. É de crer que o Governo terá duas estratégias. A primeira é evitar o mais possível o Parlamento e sempre que não for necessário ir ao Parlamento, ele vai evitá-lo e, em segundo lugar, fazer acordos, claro, caso a caso, de uma forma ou de outra. Eu acho que vale a pena salientar o seguinte: nenhum partido a curto prazo está interessado em eleições antecipadas, porque nas vezes que isso aconteceu no passado, e como os portugueses não gostam de instabilidade, podem punir quem percepcionam como responsável por essa instabilidade", concluiu António Costa Pinto.Por: Catarina Falcão
Conosaba/rfi.fr/pt
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