Quero com esta minha publicação reconhecer e destacar o papel desempenhado pelo João André da Silva - Vulgo Dr. André no processo de integração da comunidade guineense em Portugal .
Conheci o Dr. André em Coimbra no início dos anos 90, enquanto estudante na Universidade de Évora, frequentava aquela cidade universitária visitava o meu amigo , irmão, “Pai “ Dr. Domingos Quade (estudante do curso de Direito ) . Posteriormente com mais frequência visitava a minha esposa Cláudia Fernandes ( a época minha namorada) que estudava em Coimbra, e também alguns colegas e amigos guineenses que estudavam na universidade de Coimbra. Nesse período, a munha relação com Dr. André, não era profissional , era mais de um conhecido “ … olá jovem como estas? Pega tesso …”
Há 20 anos, em 2003 , pelas mãos de um dos meus tutor Embaixador Cândido José Alves Barbosa - Cândido Barbosa Zezé - Na altura Responsável pela Secção Consular - Cônsul - da nossa Embaixada em Lisboa , eu desempenhava as funções de Chanceler dos Serviços consulares da nossa Missão Diplomática em Lisboa , comecei a conhecer e a lidar com frequência com Dr. André.
Da nossa ligação em prol da nossa comunidade e da Embaixada, comecei a conhecer de perto o Dr. André e apreciar as suas qualidades humanas e profissionais.
Dr. André era um advogado disponível, humilde e acessível não cobrava nenhum “ tostão “ a nossa Embaixada. Pegávamos , combustível , portagens (Coimbra Lisboa/ vice versa) e almoço durante o qual falávamos de tudo. Enquanto advogado da Embaixada , ele Respondia todos os ofícios e as solicitações dos tribunais e entre outras outras diligências administrativas do Estado português num momento crucial da integração da comunidade guineense em Portugal. ( aprendemos muito , muito )
Pelas mãos do Dr. André , motivado pelo Embaixador Cândido Barbosa ( ex Cônsul) e do então Embaixador em Lisboa Dr. Joãozinho Vieira Có fui pela primeira vez visitar os nossos conterrâneos reclusos nos diversos estabelecimentos prisionais em Portugal , um registo importante que contribuiu decisivamente para minha formação enquanto diplomata, principalmente na área consular .
Dr. André, era um amante da cultura e dos valores da Guineendadi, amava muito o seu Pilum e por vezes falava muito de Bandé - N kunhá, Reno di Ndjaka com muito orgulho . Não tinha complexos da sua humilde origem e exaltava com muita frequência “ Sou filho da Bideira .. . a minha mãe vendeu panos para que eu hoje possa ser advogado ..,,“ . No seu circulo de amizade notava -se uma abertura total a toda a esfera social, independentemente do nível de escolaridade.
Dr. André, Serviu e bem com a sua toga a comunidade guineense em Portugal, principalmente os mais desfavorecidos., Em varias ocasiões , quer nas nossas reuniões na Embaixada , ou por vezes em Coimbra , quando o telemóvel tocava , ele dizia com o seu crioulo “ este Cajo paaaa … mexeu novamente , caramba… “. Com sorriso dizia aos seus clientes guineense - “ djubi ami gora i di pilum dé… n bom… conta bardadi”
Ao decidir ir viver para Guiné- Bissau - onde desempenhou varias funções quer no Ministério da Justiça, bem como no Supremo Tribunal da Justiça, mantivemos uma relação excelente, ele me procurava assim que passava por Lisboa , convidávamos para almoço eu e o meu colega irmão Dr. Bacar Bwá Sanhá, agradecia com muito carinho a nossa colaboração e papel que desempenhámos no seu regresso à terra querida.
Neste momento de tristeza , quero expressar os sentimentos de pesar a toda família enlutada Peter Silva , aos amigos, colegas advogados e em particular à comunidade guineense residente no Centro e Norte de Portugal pela perda de um ilustre advogado guineense- luso guineense, que deu uma contribuição importante na integração da sua comunidade, dos pobres, humildes que reivindicavam à Justiça.
Paz a sua alma, Nha Ermom Garandi André - Pa Deus purdau bu Pecados i dau um canto na Gloria .
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