Jorge Lobo
Em Abril de 1966 a minha companhia foi passar um mês no Olossato devido a uma grande OP na mata de Morés, onde participava o pessoal de Mansabá e Mansoa.
A missão da minha companhia era emboscar o IN a norte numa bolanha a cerca de 6kms de Olossato, caso este na fuga optasse por essa via.
Eram cerca das 10 horas da manhã quando surgem do outro lado dois patrulheiros do PAIGC armados.
Algumas rajadas de tiro, um guerrilheiro cai por terra enquanto o outro é aprisionado com um tiro no joelho.
As armas são recolhidas e o ferido é colocado numa maca enquanto era chamado um helicoptero vindo de Bissau afim de o conduzir ao hospital militar. Neste entretanto, alguns dos elementos da nossa milicia nativa tentou por diversas vezes abater esse guerrilheiro e eu próprio chamei para vir junto dele o CMDT da minha companhia, o qual de imediato deu ordem para que esse ferido fosse bem tratado até que fosse transportado no helicoptero.
Lembro-me como se fosse hoje das palavras desse guerrilheiro ferido onde ele em crioulo criticava barbaramente o Amilcar Cabral presidente do PAIGC.
Por volta do meio dia, surge lá no alto o helicoptero, poisou e lá foi o ferido a caminho do hospital.
Um ano e meio depois deste acontecimento numa ida de Mansoa a Nhacra, estava a rapaziada do meu pelotão a tomar banho na piscina local quando surge lá um pelotão de comandos vindos de Bissau os quais tal como nós foram tomar banho... O curioso foi que entre esses cerca de 15 comandos encontrava-se nem mais nem menos que esse tal ex-guerrilheiro ferido em Morés há mais de ano e meio ano atrás.
Reconheceu-me logo deu-me um grande abraço e disse-me que se não fosse eu, ele teria sido esfaqueado enquanto esperou a chegada do Helicoptero em Morés.
Fiquei sensibilizado com as suas palavras mas ao mesmo tempo senti-me feliz por no início da minha comissão ter feito algo em prol da defesa de um soldado IN que se encontrava numa situação muito crítica, ferido e em risco de ser abatido.
PS - Foto no campo dos Balantas de Mansoa no dia de um jogo contra a companhia 1686 num torneio do batalhão 1912 onde participavam as companhias 1686, Cart 1660, CCS do Bat 1912 e da companhia 1749 todos sediados em Mansoa.
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