segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Ambiente. PROVÍNCIAS SUL E LESTE FORTEMENTE ATACADAS PELA EXPLORAÇÃO DE MINAS NÃO DECLARADAS

O director executivo da ONG Tiniguena, Miguel de Barros denunciou esta semana que as províncias leste e sul do país está a ser fortemente atacado com a exploração de pedras e minas não declaradas.

“Neste momento, estamos a ter ataques fortes, no Sul e Leste da Guiné-Bissau, com exploração de pedras e exploração de minas não declaradas”, denunciou o sociólogo guineense, no ato do lançamento da 30ª calendário e terceira entre a ONG Tiniguena e o Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), este ano, sobre a Protecção e Restauração de Mangais e Paisagens Produtivas para Fortalecer a Segurança Alimentar e Mitigar as Mudanças Climáticas na Guiné-Bissau.

Segundo Miguel de Barros, essas explorações não declaradas “ põe em causa a nossa capacidade de proteção, de sobrevivência e da manutenção do ecossistema favorável, por outro lado, as questões dos benefícios dos recursos é tão importante ao ponto que, se hoje, somos o segundo maior país no continente africano com o território contínuo de mangal e ser por exemplo uma das maiores reservas da produção de camarões, foi exatamente pela existência do Parque [Natural do Tarrafe do Rio] Cacheu” questionando depois “ porquê que não há indústria de transformação por exemplo em Cacheu, exactamente por que os benefícios que provem dos nossos patrimónios naturais, não são distribuídos equitativamente para as comunidades que contribuam na sua própria conservação”.

Criticou que “o ato entre a existência do património e os beneficios das comunidades e a transformação social é gritante na Guiné-Bissau que faz com que haja toda uma necessidade de reconversão das políticas públicas e como os atores políticos gere o nosso património natural”.

Na mesma ocasião, o também ativista ambiental denunciou que a Guiné-Bissau entrou no mercado do carbono. “ A Guiné-Bissau começou já a especular em relação à venda daquilo que são a sua reserva do carbono em termos internacionais mas, quando que a Guiné-Bissau fez um diagnóstico, onde que a Guiné-Bissau apresentou a cartografia, que áreas é que estão a ser contempladas, que valores é que estamos a falar, quem é que está a negociar, em que medida este património entra, por exemplo, numa estrutura que permite não só mobilizar este recurso mas nacalisá-lo tanto para conservação tanto para o desenvolvimento tão almejado”, foram conjuntos de questionários feitas pelo activista.

Não podemos cometer os mesmos erros que cometemos na exploração do petróleo na Zona Conjunta com o Senegal com a questão por exemplo, do mercado do carbono. É preciso arrumar a casa, é preciso tornar o processo transparente para explicar exatamente quem é que está a negociar com a Guiné-Bissau para não só a compra daquilo que é o património que nós temos mas ao mesmo tempo que tipos de benefícios é que devem ter mediante este espaço”, advertiu.

Em relação à submissão da candidatura da reserva de biosfera dos arquipélagos dos Bijagós ao sítio do património mundial, em fevereiro do próximo ano, o sociólogo e igualmente diretor-executivo da ONG Tiniguena, afirma que é um desafio “grande” para o país na luta pela sua conservação.

“ Se nós conseguimos fazer a submissão da candidatura do Arquipélago dos Bijagós ao sítio do património mundial é um ganho sim, mas o desafio é maior em três níveis: para que o Bijagós não transforma numa zona para exploração do petróleo; numa zona privatizada para os operadores turísticos que não respeita as regras de gestão e que vale a economia nacional, mas sobretudo, para que a própria pesca feita nos Bijagós não seja uma pesca ilegal, irregular, irresponsável e que põe em causa o próprio património. Portanto, deste ponto de vista, a mobilização para a elevação dos Bijagós ao sítio do património mundial, é um desígnio nacional mas, é uma responsabilidade de todos os guineenses na conservação daquilo que é hoje um dos lugares mais importante da conservação da vida natural ao nível global”, acrescentou.

No início do mês, o demissionário Secretário de estado do Ambiente e da Biodiversidades, António Samba Baldé, anunciou que o país já está pronto com o dossier de candidatura da Reserva de Biosfera do Arquipélagos dos Bijagós ao sítio de património mundial da UNESCO.

Por: Braima Sigá/radiosolmansi com Conosaba do Porto

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