Os utentes do mercado do Porto de Bandim queixam-se do elevado preço do peixe, o que limita a compra em quantidade do que precisam para a ceia do Natal com a família e que, por isso, compram pequenas quantidades para a celebração da festa do nascimento do “Menino Jesus”.
O Natal é uma festa religiosa para os fiéis cristãos que comemoram o nascimento do “menino” Jesus Cristo. Contudo, na Guiné-Bissau, a festa geralmente é celebrada também pelos pregadores de outras religiões.
A escolha da data, de acordo com as informações recolhidas, foi determinada pelo Papa Julius I em 337-352 e mais tarde foi declarada pelo imperador Justiniano em 529.
A nova crise política (2023) está a agitar o país e a população viu-seconfrontada com a falta de poder de compra, dado que alguns funcionários públicos não receberam os respetivos salários e outros estão diretamente afetados pela crise política. Tudo issodificulta o exercício das suas atividades geradoras de rendimento.
BIDEIRAS LAMENTAM FALTA DE NEGÓCIO E UTENTES RECLAMAM PREÇOS EXORBITANTES DO PESCADO
Uma equipa de reportagem do Jornal O Democrata deslocou-se ao porto de pesca de Bandim para constatar in loco a movimentação das populações que recorrem àquele mercado para a compra do pescado e mariscos para a ceia e a festa de Natal.
Já no mercado de Bandim, constatou-se uma situação muito mais complexa concernente à venda de carne, onde os vendedores queixam-se igualmente da falta de negócios e choram pelo investimento feito na compra de gado, mas não estão a conseguir ganhar lucros e às vezes a carne acaba por estragar-se.
Nos balcões visitados no Porto de Bandim, onde se vendia peixes (becuda, barbo, bica e simpote) que são mais procurados neste período da festa, podia-se notar quase a ausência declientes neste período em que se costumava registar muita afluência no mercado a procura de produtos alimentares.
Interpelada pela repórter, Cecília Mendes disse que as pessoas merecem comemorar a festa do Natal sem quaisquer sentimentos que, segundo ela, possam gerar um ambiente de tristeza e angústia.
Cecília Mendes explicou que foi comprar peixe de primeira classe, mas reclamou que o preço praticado era exorbitante e que não tem as possibilidades de comprar o peixe que deseja para a ceia com a família.
Questionada sobre qual peixe preferia comprar, disse que desejava comprar becuda, mas lamentou que este estivesse a ser vendido entre 3000 e 3500 por quilograma, por isso afirmou que não tinha as condições de comprá-lo, porque até ao momento da entrevista (22 de dezembro) não recebera o seu salário.
“Eu queria comprar a becuda mas não tenho as possibilidades, porque o preço está alto, acabei por alterar o meu desejo e optei por outro pescado que está a um preço mais acessível, porque senão, iria ficar sem a ceia”, contou.
A vendedeira de peixe no Porto de Bandim, Mominhate João Manuel Lopes, disse que a situação foi muito melhor nos anos anteriores em comparação com este ano, “porque neste momento o mercado está totalmente inundado por clientes que faziam compras abundantes de diferentes espécies de pescado. Este ano e até agora não estamos a registar grandes afluências e estamos a contar clientes a dedo”.
ʺA nossa salvação neste período e particularmente neste momento, são os emigrantes que mandam dinheiro para as suas famílias fazerem compras” contou.
VENDEDORES DE CARNE DE GADO NO MERCADO DE BANDIM AFIRMAM QUE O NEGÓCIO ESTÁ PÉSSIMO
Wilson Vieira, um vendedor de carne de gado no mercado de Bandim, criticou que a situação em que o país está mergulhado contribuiu muito para o péssimo negócio que afeta os próprios consumidores que ficaram sem poder de compra. Acrescentou que está com a esperança de que nas vésperas da festa, é possível que haja movimentação dos clientes ao mercado a procura de produtos alimentares.
“Sempre se nota que os anos anteriores foram melhores do que ano corrente. Isso não devia ser assim, porque o ano corrente deve ser sempre melhor do que o passado. A expectativa de qualquer pessoa é sentir-se realizada, no ano seguinte e alcançar tudo o que não conseguiu no ano anterior”, referiu.
Uma utente do mercado de Bandim, Cândida Oliveira, queixou-se da falta de dinheiro e lamentou o aumento dospreços dos produtos alimentares, sobretudo o da carne do gado, que custa 5000 fcfa por quilograma, neste momento.
“Sabemos que na Guiné-Bissau, o salário é pouco e para além disso até ao momento não saiu ainda o salário. O que tenho para fazer compras não vai corresponder com as minhasnecessidades, razão pela qual vou comprar um pouco de cada produto”, contou.
“Eu queria comprar muito mais coisas e produtos para celebrarmos a festa com os meus filhos, mas tenho outras despesas e tenho que comprar roupa, sapatos e outras coisas para as crianças. A situação está muito difícil, portanto espero que no próximo ano a situação do país possa normalizar e melhorar para permitir que as populações tenham o poder de compra razoável” disse.
Por: Carolina Djemé
Foto: Marcelo Na Ritche
Conosaba/odemocratagb
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