domingo, 3 de janeiro de 2021

Guiné-Bissau e Moçambique ainda de fora do livre comércio em África

 Porto em Moçambique, na cidade da Beira.

Guiné-Bissau e Moçambique ainda não ratificaram o acordo de livre comércio no continente, que entrou hoje (1.1) em vigor, disse o coordenador da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA).

"A Guiné-Bissau e Moçambique assinaram o acordo de adesão à Área de Livre Comércio Continental Africana (ALCCA), mas ainda não o ratificaram", disse David Luke em declarações a partir da União Africana.

"Angola, Cabo Verde, Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe [os restantes países lusófonos do continente] ratificaram o acordo e depositaram os instrumentos de ratificação junto da Comissão da União Africana", acrescentou o responsável, no dia em que entra em vigor o acordo de liberalização das tarifas alfandegárias que promete mudar a face das economias africanas.

"Estes países vão hoje juntar-se à ALCCA, já que os direitos e deveres dessa só se aplicam aos países que depositaram os instrumentos de ratificação", que implicam a transposição do acordo para a legislação nacional.

Duplicar volume de trocas

A ALCCA entra em vigor nesta sexta-feira (1.1), prometendo duplicar o volume de trocas no continente em 20 anos, segundo os estudos feitos pela UNECA durante o último ano.

"As trocas de bens ao abrigo do acordo sobre a ALCCA arrancam dia 1 de janeiro, começando pelas concessões acordadas nas tarifas e as Regras de Origem, entre outras", especificou David Luke.

As previsões da UNECA apontam para uma duplicação, de 15 para 30%, dos bens transacionados no continente até 2040, dependendo do grau de liberalização, acrescentou o responsável, apontando os setores de têxteis, roupa, peles, madeira e papel, para além de veículos e equipamento de transporte, produtos eletrónicos e metais, como os mais beneficiados em termos de aumento do comércio regional.

O comércio livre entre os países africanos, acordado pela grande maioria dos países africanos, incluindo todos os lusófonos, "vai apenas começar entre os países que submeteram a lista de tarifas e concessões abrangidas, mas nem todos estes têm os seus processos alfandegários prontos, pelo que alguns vão usar o modelo de reembolso de tarifas que será feito posteriormente", explicou David Luke.

O acordo de livre comércio em África cria um mercado único de 1,3 mil milhões de pessoas com um Produto Interno Bruto de 3,4 mil milhões de dólares, o equivalente a cerca de 2,7 mil milhões de euros, e abrange a grande maioria dos países africanos.

dw

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