quinta-feira, 4 de julho de 2024

Grupo de franco-portugueses pede que comunidade portuguesa se oponha à extrema-direita


Grupo de franco-portugueses alerta para o perigo da extrema-direita na poder em França. AFP - GEOFFROY VAN DER HASSELT

Um artigo de opinião publicado no jornal "L'Humanité" por um grupo de franco-portugueses pede à comunidade portuguesa que se organize em França e vote contra a subida ao poder do União Nacional de Marine Le Pen, sob pena de ver chegar ao poder em França as ideias que durante 48 anos alimentaram a ditadura em Portugal.

Um "grupo de amigos de origem portuguesa" em França decidiu escrever um artigo de opinião a várias mãos no jornal "L'Humanité" para que a comunidade portuguesa, uma das maiores em França, se oponha à possível chegada ao poder do partido de Marine Le Pen, a poucos dias da segunda volta das eleições legislativas.

"Após se conhecer o resultado da primeira volta ficámos muito chocados naquele momento e achámos que era importante fazer alguma coisa e falar aos membros da comunidade portuguesa de forma a contrariar as ideias da extrema-direita porque ela é perigosa para toda a gente. Ouve-se amiúde que a discriminação vem da cor da pele, mas não é assim e a nossa comunidade tem uma história de solidariedade com as outras", disse Barbara Gomes, conselheira de Paris e uma das organizadoras desta iniciativa.

No artigo de opinião, os autores escrevem que a comunidade portuguesa em França não se deve deixar "seduzir" pelas palavras da extrema-direita e que o partido de Marine Le Pen defende as mesmas ideias que levaram muitos portugueses a deixar o seu país durante o período da ditadura de Salazar.

Apesar de numerosa, a comunidade portuguesa em França é considerada como "silenciosa" por raramente organizar manifestações ou fazer exigências, algo que Barbara Gomes foi uma criação dos antigos governos franceses e da sociedade para tornar os trabalhadores portugueses mais servis.

"Essa ideia que existe da comunidade portuguesa, que é muito silenciosa e muito servil, também foi uma criação, fez parte também de uma estrategia do governo francês na altura para também utilizar a imigração para fins laborais e criar a ideia que é preciso não fazer muito barulho para se integrar bem no país. E nós somos de uma geração que queremos dizer que temos direito a falar, temos direito, somos franceses, temos origens portuguesas, e temos as nossas duas línguas aqui neste país também. E temos de dizer o que pensamos da política deste país e o que queremos para a política deste país", declarou.

Neste grupo de há jornalistas, realizadores, escritores, dirigentes associativos ou historiadores e esta mensagem tem sido largamente partilhada nas redes sociais.

Por: Catarina Falcão
Conosaba/rfi.fr/pt/

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