Em Portugal, pelo menos, 4.815 menores foram vítimas de abuso sexual no seio da Igreja Católica, desde 1950. A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica divulgou, esta manhã, as conclusões do trabalho realizado ao longo do ano passado e que resultou na recolha de centenas de testemunhos de vítimas.
A equipa de investigação é liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que sublinhou que os testemunhos recolhidos permitiram chegar a uma rede de vítimas considerável. Pelo menos 4.815 menores foram abusados sexualmente. A grande maioria dos crimes já prescreveu, mas 25 testemunhos foram encaminhados para o Ministério Público.
José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, sublinha que o relatório retrata "uma situação dramática". A Conferência Episcopal Portuguesa fará uma conferência de imprensa, esta tarde, para se pronunciar, numa primeira leitura, sobre o documento e para o dia 03 de Março está já convocada uma assembleia plenária extraordinária da Conferência Episcopal para analisar o relatório.
No final de 2021 a Igreja Católica portuguesa encarregou Pedro Strecht para formar uma comissão de forma a clarificar a questão da pedofilia no seio da igreja. O pedopsiquiatra saudou a iniciativa, mesmo que seja tardia. Stretch acrescentou que "a igreja se deve purificar".
Em Abril do ano passado, a figura mais alta da Igreja Católica portuguesa, o cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente afirmou estar preparado para "reconhecer os erros do passado" e “pedir perdão" às vítimas. Dom Manuel Clemente assistiu esta manhã à apresentação do relatório.
Em 2019, confrontado com milhares de casos de abusos sexuais cometidos por padre católicos, um pouco por todo o mundo, o Papa Francisco prometeu travar uma "batalha global" contra a pedofilia no seio da sua igreja.
Conosaba/rfi.fr/pt
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