terça-feira, 12 de julho de 2016

«CIÊNCIA/PUPÚ» CAFÉ MAIS CARO DO MUNDO É FEITO DE FEZES (PUPÚ) E ESTÁ A CAUSAR ESTRAGOS



Bissau, 12 Jul 16 (ANG) - Uma das variedades mais exóticas – e mais caras – de café é o Kopi Luwak (ou café civeta), nome dado ao café produzido a partir de grãos defecados pelas civetas, um mamífero noturno, parente da raposa, que habita as florestas tropicais africanas e asiáticas.

Um quilo de Kopi Luwak pode custar pelo menos 400 dólares (mais de 350 euros) no mercado norte-americano. Em confeitarias mais requintadas, uma simples chávena pode sair por 30 dólares.

Não por acaso, o produto é habitualmente descrito como um dos cafés mais caros do mundo – a par de variedades como o Black Ivory Coffee, que é recolhido das fezes de elefantes.

“As proteínas são um dos principais fatores da amargura dos cafés. Menos proteínas resultam num sabor menos amargo”, explicam os especialistas.

Mas o que faz deste café tão caro? Trata-se de uma combinação entre exotismo e forças de mercado. Para produzir o café é preciso encontrar as sementes “descartadas” pelas civetas, que se alimentam do fruto, mas digerem apenas a polpa – a semente passa intacta pelo sistema digestivo do animal.

Especialistas afirmam que a ação de enzimas e bactérias no organismo dos mamíferos torna o sabor do café diferenciado – seria uma mistura de “chocolate e sumo de uva”, descrita como menos ácida e amarga que os café comuns.

O que mais impressiona é que as civetas escolhem os grãos de melhor qualidade para comer.

No entanto, o fator principal para o preço alto é que, ao contrário de variações mais comuns, o Kopi Luwak tem uma produção muito limitada de grãos – menos de 230 kg por ano.

Além disso, o crescimento urbano desordenado no Vietname tem levado a uma crescente desflorestação, levando à destruição do habitat das civetas.

A procura de paladares mais delicados e voluntariosos, no entanto, provocou transformações na produção do Kopi Luwak.

O método tradicional de recolha dos grãos deu lugar a um sistema de produção intensiva, com animais trancados em jaulas – algo semelhante ao que se passa com as galinhas criadas para pôr ovos.

Em 2013, uma investigação da BBC na ilha de Sumatra, outro centro produtor do Kopi Luwak, encontrou evidências de crueldade animal em quintas da região.

Diversos hotéis de luxo da Ásia tiraram o produto dos seus cardápios por causa de pressão de ONGs de defesa dos direitos animais.

Isso, porém, não impediu que o café conquistasse o imaginário popular. O Kopi Luwak aparece até mesmo em filmes de Hollywood e séries norte-americanas, ainda que invariavelmente a brincar com o método pouco ortodoxo de extração. 

ANG/ZAP/BBC/Conosaba

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