O representante da União Europeia na Guiné-Bissau, Vítor Madeira dos Santos
O representante da União Europeia na Guiné-Bissau, Vítor Madeira dos Santos, considerou "preocupante" a eventual "brecha" de segurança no aeroporto do país, com a entrada no país de uma comitiva sem controlo das autoridades, na última semana.
Bissau, 21 jul (Lusa) - O representante da União Europeia na Guiné-Bissau, Vítor Madeira dos Santos, considerou hoje "preocupante" a eventual "brecha" de segurança no aeroporto do país, com a entrada no país de uma comitiva sem controlo das autoridades, na última semana.
"Acho muito preocupante: se se verificar que isto aconteceu, é uma brecha importante na segurança aeroportuária do país e que não é tolerável", disse à Lusa Vítor Madeira dos Santos.
A comunidade internacional "já tem alertado que a falta de autoridade neste país pode permitir a entrada de elementos terroristas", referiu.
"Não quer dizer que seja o caso. Mas abre-se um precedente", acrescentou Vítor Madeira dos Santos, para quem o verdadeiro problema não é "saber quem terá chegado ou o que trouxe" neste caso em concreto, mas sim os riscos relativos à falta de procedimentos de segurança.
"Ninguém, seja quem for ou qualquer que seja a justificação, pode passar sem o controlo das autoridades", ou seja, serviços de emigração e fronteiras, alfândegas ou Guarda Nacional, sublinhou o diplomata.
"Há uma queixa pública e dada a repercussão do assunto é necessário que as autoridades expliquem o que se passou", concluiu.
O ex-primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, denunciou no sábado a aterragem do que classificou como "avião fantasma" no aeroporto de Bissau.
"Queremos explicações sobre a real proveniência e carga do avião fantasma que recentemente visitou o nosso país, tendo sido recebido pelo chefe da Casa Civil da Presidência [da República]", detalhou num documento distribuído pelo partido que lidera, o PAIGC, aos jornalistas numa conferência de imprensa.
Fonte ligada aos serviços de segurança disse hoje à Lusa que o avião em causa aterrou em Bissau na segunda-feira, dia 11 de julho, sete minutos antes do meio-dia e que os seus ocupantes foram recebidos no salão VIP do aeroporto, entre outros, por pessoal da Presidência da República.
Segundo a mesma fonte, terão sido os serviços da Presidência a indicar que já havia sido dado conhecimento da visita a um nível superior, dispensando a comitiva e respetiva bagagem, trazida em mão, de procedimentos de controlo.
A comitiva chegou e partiu de Bissau, cerca de hora e meia mais tarde, num avião Airbus 319-111 de uma companhia privada da Arábia Saudita que aluga aeronaves, concluiu.
Tanto o Presidente da República, José Mário Vaz, como o primeiro-ministro, Baciro Djá, encontravam-se fora da Guiné-Bissau naquele dia.
Contactados pela agência Lusa, tantos os serviços de estrangeiros e fronteiras como a Presidência da República recusaram-se até agora a comentar o assunto.
A última vez que a UE se mostrou preocupada com a segurança no aeroporto internacional da Guiné-Bissau foi em dezembro de 2013.
Na altura, o alerta foi feito depois de a tripulação de um voo da companhia área portuguesa TAP ter sido foi coagida pelas autoridades de transição guineenses a transportar 74 passageiros ilegais, alegadamente sírios, para Lisboa.
Catherine Ashton, Alta Representante da UE à data, pediu à Guiné-Bissau para "cumprir plenamente as suas obrigações jurídicas internacionais e nacionais" com "medidas adequadas para evitar qualquer repetição deste tipo de incidentes".
O caso levou a TAP a acabar com a rota entre Portugal e a Guiné-Bissau.
Lusa/Conosaba
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