O Secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné – Central Sindical (UNTG – CS), Júlio António Mendonça, anunciou para amanhã, 07 de janeiro, a entrega de novo pré – aviso de greve, de mais cinco dias, que vai concretizar-se a partir do dia 18 de janeiro. Convidado esta quarta-feira, 06 de janeiro de 2021, pelo jornal O Democrata para fazer o balanço de três dos cinco dias da paralisação, Júlio Mendonça falou numa adesão de 90 por cento e disse que o único setor que não aderiu à greve foram as alfândegas, acusando o presidente do sindicato de base de não ter passado as informações aos seus associados.
“As razões só ele (presidente de Sindicato das alfandegas) pode explicar e nós, a nível da UNTG, vamos tomar uma decisão relativamente a esse assunto. No passado, costumavam aderir, porque tinham um estatuto aprovado em 2014. Lutamos em conjunto e quando estatuto começou a ser aplicado, abandonaram a luta. Para nós, isto não é sindicalismo” lamentou, afiançando que a UNTG não vai parar as paralisações até que o governo cumpra as suas obrigações.
“As Alfândegas têm mais de mil funcionários contratados e estagiários. Os efetivos não chegam a 70. Se entenderem que estão bem. Tudo bem!!! Que cada um faça o juízo de valor” disse.
Questionado se a UNTG não teme que o governo proceda ao desconto dos dias da greve, Júlio Mendonça afirmou que o Estado Guineense não tem condições de descontar os salários aos funcionários públicos por ter dívidas com todas as categorias de trabalhadores.
Neste sentido, o líder sindical avisou que se um funcionário público for descontado, a UNTG vai ininterruptamente à greve até que o Estado guineense pague todas as dívidas que tem com os servidores públicos.
“O Estado guineense não tem condição nenhuma de descontar os trabalhadores nem um franco, porque o próprio Estado tem dívidas com todas as categorias dos trabalhadores. Então, quando fazes um desconto, primeiro tens de pagar todas as dívidas a partir daí fazes os descontos. Mas se não pagas as dívidas e fazes um desconto então a greve não vai terminar. Se a um funcionário público for descontado valor que corresponda aos dias da greve sobre o seu salário, nós vamos à greve até que o Estado guineense pague todas as dívidas que tem com os servidores públicos”, avisou.
Júlio Mendonça qualifica como infeliz o discurso de alguns setores políticos que dizem que a UNTG está a trabalhar “contra o executivo de Nuno Gomes Nabian e que o momento não é oportuno para greves”, acusando-os de não terem sentido de Estado e nem noção de responsabilidade.
“Esses discursos são infelizes. Vêm de pessoas que não têm sentido de Estado, sem noção e sem responsabilidades. Porque uma pessoa inteligente deve perceber o que a UNTG está a reclamar. Nós continuamos com a mesma dinâmica que tivemos com os anteriores governos. Nós em particular, não temos conivência com nenhum partido político nem temos admiração por nenhum político guineense, porque se os políticos fossem bons, o país não estaria nestas condições. Por isso, a UNTG está a fazer pressão para mudar o estado das coisas. Agora aqueles discursos baratos de bajuladores podem continuar, isto não nos faz parar” afiançou o sindicalista.
O Secretário-geral da UNTG lembra que “no passado as pessoas que hoje estão a criticar a atuação da sua organização são as mesmas que batiam palmas naquela altura em que faziam reivindicações”, porque entenderam que a “nossa luta estava a ajudá-los politicamente só que estavam enganados por não entenderem as razões da nossa luta”.
Para evitar a próxima vaga de greve, Júlio Mendonça exige a revogação de todos os despachos que nomearam “ilegalmente” pessoas sem vínculo com o Estado, a retirada de novos funcionários “militantes” admitidos na administração pública, assim como a devolução da folha de salários à função pública, a instituição do fundo de pensões e diminuição de dívidas com todos os setores da vida pública guineense.
Por: Tiago Seide
Conosaba/odemocratagb
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