A questão do planeamento e desenvolvimento
desportiva está muito longe de ser compreendida. Nisso não difere, no plano
pratico, da situação em que se situa o planeamento em si, aplicado a totalidade
do processo de transformação positivo nacional.
Em
relação ao desporto, assume uma gravidade maior, não admira, por isso, que o
desenvolvimento desportivo nacional está muito longe de situação alcançada pelos
outros países Africanos. Só para ficar com uma ideia da nossa situação
referem-se os dados seguintes: em Cabo Verde, 75% dos jovens e 33% dos adultos
praticam o desporto, Senegal, 68% da população pratica o desporto, Libéria,60%
da população é praticante etc.
Na
Guiné os números continuam a ser extremamente inseguros, eu pergunto: por que
parou o campeonato nacional e, quantos jogadores que actuam no campeonato Guineense
que fizeram parte da selecção? Não vamos esconder o sol com a peneira, só pelo
facto estarmos apurados para taça da África e, dizer que tudo esta bem, não! Não
está tudo bem. O povo esta cansado do brando costume: que é amanha,
amanha e, nunca mais essa amanha chega. O atraso é notório, o fosso que nos
separa dos outros países vai alargando, estado geral do desporto Guineense; é
certo que esta situação não refere somente ao desporto… penso que é pertinente
e útil, referir esta realidade quando se fala o problema do planeamento sob
ponto de vista do desenvolvimento.
É
da responsabilidade do estado Guineense promover e estimular a prática do
desporto de acordo com a lei constitucional respectiva. Cabe igualmente ao
estado a (Administração Central e Local) a obrigação de garantir o exercício do
direito do cidadão à prática do desporto.
A
lei de bases do sistema desportivo estabelece alguns dos limites das
respectivas intervenções, e a esse título estipula obrigações do Estado e
obrigações do governo. A uma separação a todos os títulos de grande importância
já que ela pressupõe a consagração de matérias que, são da responsabilidade dos
Governos e outas que, sendo da responsabilidade do Estado, terão de ser
assumidas por outros órgãos.
Pode-se
afirmar por isso que sem intervenção da Administração Central, não existirá
desenvolvimento desportivo local possível. As autarquias, como filamento
terminal do aparelho de Estado, são a instância que melhor se encontra colocada
para garantir esse direito, já que são, de todas as estruturas do poder, aquelas
que mantêm um grau de maior intimidade e proximidade ao sentir e ao viver das
populações.
É
certo que o planeamento nacional só assume plena coerência se todas as Câmaras
(Comités) planearem, minimamente, a acção que se desenvolva neste sector,
estamos plenamente convencidos de que a realidade desportiva nacional se
alteraria profundamente.
Em
termos gerais, pode dizer-se que as acções empreendidas pelos serviços de Camarários
(Comités) competentes o têm feito de carácter improviso.
Mesmo
quando constam do projecto orçamental e poucas vezes isso acontece, foram lá
colocadas muito mais por uma imposição da realidade do que por uma opção
devidamente fundamentada; em grande parte, acção se desenvolve-se por “
arranques” sucessivos ou esquecidos na gaveta, que não integra numa perspectiva
coerente. Projecto para o futuro, temos exemplo: Estádio de Canchungo, Estádio
Olimpíco de Mansoa, e todos os Estádios do interior do País merecem um
certo trato.
As
próprias acções em si, referidas a uma modalidade, ou a um conjunto de
iniciativas, raramente possuem um mínimo de coerência interna, ou seja, não
fazem parte de um projecto adequadamente elaborado.
É
curioso que, num país que justamente se preocupa em dispor de um sistema de
detecção, acolhimento e acompanhamentos de jovens talentos desportivos, poucas
preocupações demostre com o abandono desportivo precoce, traduzido na situação
de milhares de jovens que anualmente procuram praticar desporto e são
rejeitados pelo sistema desportivo.
Se
as autarquias (comités) Guineense pretendem, de facto, encarar as suas
responsabilidades no âmbito da prática desportiva dos cidadãos têm de mergulhar
nesta reflexão ainda que haja, reconheço, diferentes obstáculos.
A
estrutura orgânica da generalidade dos Municípios Guineense obedece uma lógica
abstracta de preocupações fundamentalmente administrativas, incapaz de
responderem a um adequado posicionamento face aos desafios do desenvolvimento
desportivo.
Modelo
orgânico tem de se adaptar à qualidade, mobilidade e produtividade, que estes
novos desafios encerram, o que exige não apenas um outro ordenamento jurídico
como uma outra afectação de recursos humanos, e uma outra tipologia e conteúdo
de funções.
Desporto
para as crianças e para jovens, não pode ser irresponsabilidade, não pode ser
falta de qualidade, não pode ser um desporto feito qualquer lado. Garantir aos
jovens condições para o acesso à prática do desporto, não é ter do direito ao
desporto um entendimento formal e mecanicista. É estar atento á qualidade e
valor do direito exercido, à qualidade do desporto praticado.
Qualidade
não mede só através dos rendimentos desportivos mas que se avalia também
através das condições matérias, higiénicas e sanitárias, das condições de
aprendizagem e dos valores éticos e culturais veiculados.
Os
responsáveis, terão de pensar nos cidadãos, Em todos e não apenas em alguns. E,
se houver que pensar que pensar em alguns, que sejam nos que não têm voz e que
pretende ter acesso ao desporto. São desafios a um tempo políticos e a outros
culturais, são desafios cujas respostas são possíveis se, agentes políticos e
cidadãos, fizerem um esforço de entendimentos sobre o papel social que o
desporto deve ocupar na vida actual.
Um desporto
que é espectáculo, mas que é também treino, competição, formação, manutenção, e
que deve estar organizado para permitir o acesso de todos e de todas que
pretendem praticar. Sabemos que o tempo não é sedutor para grande maioria dos
que detêm cargos de decisão política. A precariedade de exercício de poder
impede muitas vezes para que se adoptem soluções que são politicamente
rentáveis a curto prazo.
A insegurança, a impreparação política, o
desejo de promoção e afirmação rápidas, a ausência de uma história e de uma
cultura desportiva nacional agravam a situação. O sistema desportivo nacional é
uma espécie de religião do estado, constituído por uma estrutura fechada,
dotada de formas arcaicas de organização, estruturalmente inadequadas á compreensão.
E o
problema chave do desporto nacional não é falta dos recursos financeiros. É
sobre tudo o de uma adequada política de gestão desses recursos.
O
governo central, e as autarquias são por isso chamados a uma difícil mas
urgente tarefa que o tempo que estamos a viver ajuda compreender. É que não
será amanha que homens e mulheres, jovens e menos jovens, altos e baixos,
gordos e magros, todos e todas, exigirão dos poderes públicos as respostas
politicas a uma existência feliz e saudável.
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