domingo, 3 de julho de 2016

«OPINIÃO DESPORTIVA» PLANO DO DESENVOLVIMENTO DESPORTIVO NACIONAL - KECÓI QUETA

  
A questão do planeamento e desenvolvimento desportiva está muito longe de ser compreendida. Nisso não difere, no plano pratico, da situação em que se situa o planeamento em si, aplicado a totalidade do processo de transformação positivo nacional.

Em relação ao desporto, assume uma gravidade maior, não admira, por isso, que o desenvolvimento desportivo nacional está muito longe de situação alcançada pelos outros países Africanos. Só para ficar com uma ideia da nossa situação referem-se os dados seguintes: em Cabo Verde, 75% dos jovens e 33% dos adultos praticam o desporto, Senegal, 68% da população pratica o desporto, Libéria,60% da população é praticante etc.

Na Guiné os números continuam a ser extremamente inseguros, eu pergunto: por que parou o campeonato nacional e, quantos jogadores que actuam no campeonato Guineense que fizeram parte da selecção? Não vamos esconder o sol com a peneira, só pelo facto estarmos apurados para taça da África e, dizer que tudo esta bem, não! Não está tudo bem. O povo esta cansado do brando costume: que é amanha, amanha e, nunca mais essa amanha chega. O atraso é notório, o fosso que nos separa dos outros países vai alargando, estado geral do desporto Guineense; é certo que esta situação não refere somente ao desporto… penso que é pertinente e útil, referir esta realidade quando se fala o problema do planeamento sob ponto de vista do desenvolvimento.

É da responsabilidade do estado Guineense promover e estimular a prática do desporto de acordo com a lei constitucional respectiva. Cabe igualmente ao estado a (Administração Central e Local) a obrigação de garantir o exercício do direito do cidadão à prática do desporto.

A lei de bases do sistema desportivo estabelece alguns dos limites das respectivas intervenções, e a esse título estipula obrigações do Estado e obrigações do governo. A uma separação a todos os títulos de grande importância já que ela pressupõe a consagração de matérias que, são da responsabilidade dos Governos e outas que, sendo da responsabilidade do Estado, terão de ser assumidas por outros órgãos.

Pode-se afirmar por isso que sem intervenção da Administração Central, não existirá desenvolvimento desportivo local possível. As autarquias, como filamento terminal do aparelho de Estado, são a instância que melhor se encontra colocada para garantir esse direito, já que são, de todas as estruturas do poder, aquelas que mantêm um grau de maior intimidade e proximidade ao sentir e ao viver das populações.

É certo que o planeamento nacional só assume plena coerência se todas as Câmaras (Comités) planearem, minimamente, a acção que se desenvolva neste sector, estamos plenamente convencidos de que a realidade desportiva nacional se alteraria profundamente.

Em termos gerais, pode dizer-se que as acções empreendidas pelos serviços de Camarários (Comités) competentes o têm feito de carácter improviso.

Mesmo quando constam do projecto orçamental e poucas vezes isso acontece, foram lá colocadas muito mais por uma imposição da realidade do que por uma opção devidamente fundamentada; em grande parte, acção se desenvolve-se por “ arranques” sucessivos ou esquecidos na gaveta, que não integra numa perspectiva coerente. Projecto para o futuro, temos exemplo: Estádio de Canchungo, Estádio Olimpíco de Mansoa, e todos os Estádios do interior do País merecem um certo trato.

As próprias acções em si, referidas a uma modalidade, ou a um conjunto de iniciativas, raramente possuem um mínimo de coerência interna, ou seja, não fazem parte de um projecto adequadamente elaborado.

É curioso que, num país que justamente se preocupa em dispor de um sistema de detecção, acolhimento e acompanhamentos de jovens talentos desportivos, poucas preocupações demostre com o abandono desportivo precoce, traduzido na situação de milhares de jovens que anualmente procuram praticar desporto e são rejeitados pelo sistema desportivo.

Se as autarquias (comités) Guineense pretendem, de facto, encarar as suas responsabilidades no âmbito da prática desportiva dos cidadãos têm de mergulhar nesta reflexão ainda que haja, reconheço, diferentes obstáculos.

A estrutura orgânica da generalidade dos Municípios Guineense obedece uma lógica abstracta de preocupações fundamentalmente administrativas, incapaz de responderem a um adequado posicionamento face aos desafios do desenvolvimento desportivo.
Modelo orgânico tem de se adaptar à qualidade, mobilidade e produtividade, que estes novos desafios encerram, o que exige não apenas um outro ordenamento jurídico como uma outra afectação de recursos humanos, e uma outra tipologia e conteúdo de funções.

Desporto para as crianças e para jovens, não pode ser irresponsabilidade, não pode ser falta de qualidade, não pode ser um desporto feito qualquer lado. Garantir aos jovens condições para o acesso à prática do desporto, não é ter do direito ao desporto um entendimento formal e mecanicista. É estar atento á qualidade e valor do direito exercido, à qualidade do desporto praticado.

Qualidade não mede só através dos rendimentos desportivos mas que se avalia também através das condições matérias, higiénicas e sanitárias, das condições de aprendizagem e dos valores éticos e culturais veiculados.

Os responsáveis, terão de pensar nos cidadãos, Em todos e não apenas em alguns. E, se houver que pensar que pensar em alguns, que sejam nos que não têm voz e que pretende ter acesso ao desporto. São desafios a um tempo políticos e a outros culturais, são desafios cujas respostas são possíveis se, agentes políticos e cidadãos, fizerem um esforço de entendimentos sobre o papel social que o desporto deve ocupar na vida actual.
Um desporto que é espectáculo, mas que é também treino, competição, formação, manutenção, e que deve estar organizado para permitir o acesso de todos e de todas que pretendem praticar. Sabemos que o tempo não é sedutor para grande maioria dos que detêm cargos de decisão política. A precariedade de exercício de poder impede muitas vezes para que se adoptem soluções que são politicamente rentáveis a curto prazo.
  
A insegurança, a impreparação política, o desejo de promoção e afirmação rápidas, a ausência de uma história e de uma cultura desportiva nacional agravam a situação. O sistema desportivo nacional é uma espécie de religião do estado, constituído por uma estrutura fechada, dotada de formas arcaicas de organização, estruturalmente inadequadas á compreensão.

E o problema chave do desporto nacional não é falta dos recursos financeiros. É sobre tudo o de uma adequada política de gestão desses recursos.

O governo central, e as autarquias são por isso chamados a uma difícil mas urgente tarefa que o tempo que estamos a viver ajuda compreender. É que não será amanha que homens e mulheres, jovens e menos jovens, altos e baixos, gordos e magros, todos e todas, exigirão dos poderes públicos as respostas politicas a uma existência feliz e saudável.


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