O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou esta terça-feira que os portos do país ficarão sob comando militar, dentro de um plano que tenta superar a dura crise económica dando mais poder à Forças Armadas.
“Hoje tomamos cinco portos fundamentais do país: Guanta, La Guaira, Puerto Cabello, Maracaibo e Guamache”, disse Maduro no seu programa de televisão, depois de se reunir com o ministro da Defesa, Vladimir Padrino.
Maduro designou o general do Exército como chefe do chamado plano de “abastecimento soberano”, diante da grave escassez de alimentos e remédios no país.
Como “medida reorganizadora”, Maduro decidiu nomear “uma autoridade única para cada um desses cinco portos” e designou o general Efraín Velasco Lugo como presidente da empresa estatal Bolivariana de Portos, que administra as instalações de carga marítima do país.
“Com essas designações, com essa ocupação cívico-militar desses portos, espera-se que comecem a funcionar como têm de funcionar”, disse o presidente. Segundo Maduro, com o envio de militares para os portos, aeroportos e empresas, o que se viu foi “caos, uma desordem”.
O governante decidiu que “todo o comando do abastecimento no país” estará nas suas mãos e nas do ministro da Defesa, ou seja, todos os demais ficarão subordinados ao que chamou de “comando presidencial de união cívico-militar”.
Esse plano foi ativado no âmbito de um decreto de Estado de Exceção e de Emergência Económica prorrogado em 13 de maio passado. Um decreto que concede amplos poderes a Nicolás Maduro.
A situação na Venezuela agravou-se com a decisão do Citibank – responsável pelo pagamento das contas do país no exterior – de fechar a conta usada pelo Banco Central venezuelano para fazer os seus pagamentos internacionais.
Por intermédio do Citibank, a Venezuela paga todas as suas contas nos Estados Unidos e ao mundo, e a medida põe o país em grandes dificuldades, já que, agora, precisará de outro banco para evitar ficar à margem do sistema financeiro internacional.
A decisão do Citibank segue-se aos anúncios já feitos de encerramentos, ou cortes de operações, de empresas na Venezuela, como Coca Cola, os grupos americanos Kraft Heinz e Clorox, ou as companhias aéreas Lufthansa, Aeroméxico, ou American Airlines.
Cumprindo a ameaça de intervir nas empresas que paralisarem as suas operações, o governo assumiu o controlo da fábrica da empresa americana de produtos de higiene pessoal Kimberly-Clark, entregando-a aos trabalhadores. A companhia tinha suspendido as suas operações por causa da “deterioração” da economia venezuelana.
O país com as maiores reservas de petróleo do mundo sofre uma grave crise pela queda dos preços do petróleo, com uma escassez que chega a 80% de alimentos e remédios, além de uma inflação de 180% em 2015. A projeção para 2016 do Fundo Monetário Internacional (FMI) é que chegue a 720%.
Analistas críticos do governo e da oposição afirmam que a crise é resultado do modelo socialista e do regime de controlo cambial em vigor desde 2003. Maduro rebate as acusações, dizendo-se vítima de uma “guerra económica” que tenta provocar o mal-estar da população para derrubá-lo.
© e-Global Notícias/Conosaba
Sem comentários:
Enviar um comentário