Num vídeo divulgado nas redes sociais, o candidato presidencial Fernando Dias da Costa afirma ter conseguido fugir à tentativa de detenção levada a cabo por homens armados ontem, 26 de Novembro, em Bissau, e garante estar num lugar seguro. Fernando Dias da Costa confirma ainda que Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, o advogado Octávio Lopes e Roberto Mbesba, presidente da Comissão Política do PRS para a região de Cacheu, foram presos.
O candidato às eleições presidenciais, apoiado pelo Partido da Renovação Social (PRS) e pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), explicou que homens armados invadiram as instalações da sede da sua campanha quando estava reunido com os observadores internacionais.
Conta que conseguiu escapar com a ajuda de jovens que estavam presentes no local. No entanto, confirma ainda que Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, o advogado Octávio Lopes e Roberto Mbesba, presidente da Comissão Política do PRS para a região de Cacheu, foram presos.
O candidato afirmou que a Guiné-Bissau está a enfrentar uma falsa tentativa de golpe de Estado, alegando que a razão por trás do acontecimento é ter vencido as eleições presidenciais logo à primeira volta.
“Este é um plano montado por Umaro Sissoco Embaló para entregar o poder aos militares, já que perdeu as eleições, para castigar o povo guineense”, disse.
O político apelou ainda à população guineense para sair às ruas “e exigir a libertação de Domingos Simões Pereira e dos restantes detidos”, solicitando às autoridades que tomaram o poder pela força que permitam a divulgação dos resultados eleitorais e a reposição do Estado de direito no país.
Fernando Dias da Costa instou ainda a comunidade internacional a assumir as suas responsabilidades para que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) possa anunciar os resultados das eleições gerais de 23 de Novembro.
Reacções da Comunidade Internacional
O porta-voz do Secretário-Geral da ONU disse que este está a acompanhar a situação na Guiné-Bissau “com profunda preocupação” e apelou à “contenção e respeito pelo Estado de direito”. Reagindo igualmente aos acontecimentos que culminaram com o anúncio, nesta quarta-feira, da tomada do poder por um grupo de militares, dirigentes de missões de observação eleitoral solicitaram que a União Africana e a CEDEAO tomem “as medidas necessárias para restaurar a ordem constitucional”.
Portugal apelou ao acalmar dos ânimos e à não-violência na Guiné-Bissau, após as movimentações das últimas horas que apontam no sentido de um possível golpe de Estado no país.
Em comunicado divulgado esta quarta-feira, o Ministério português dos Negócios Estrangeiros instou os envolvidos a que “se abstenham de qualquer acto de violência institucional ou cívica”, após os militares terem afirmado que tomaram “controlo total” do país e o actual Presidente, Sissoco Embaló, ter declarado que foi detido. A diplomacia portuguesa apelou ainda a que a tensão no país diminua, de forma a retomar “a regularidade do funcionamento das instituições” e a “finalizar o processo de apuramento e proclamação dos resultados eleitorais”.
As autoridades de Cabo Verde condenaram com veemência, qualquer tentativa de tomada do poder pela força na Guiné-Bissau, sublinhando que tal situação é contrária aos princípios democráticos e a convivência pacífica entre povos. Em nota de imprensa, o Governo expressou preocupação com o comunicado do autodenominado “Alto Comando Militar” da Guiné-Bissau, que reivindica a tomada do poder, apelando à contenção e ao restabelecimento rápido da ordem constitucional.
O Brasil lamentou "a suspensão arbitrária das eleições legislativas e presidenciais" e pediu "a todas as forças políticas da Guiné-Bissau que busquem a via do diálogo pacífico com vistas ao retorno à ordem constitucional".
Militares anunciaram a tomada do poder
Num comunicado, lido na quarta-feira à tarde na televisão estata da Guiné.Bissaul, os militares anunciaram a tomada do poder, após um tiroteio que durou cerca de meia hora.
O autodenominado Alto Comando Militar informou que depôs o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e que encerrou, "até novas ordens, todas as instituições da República da Guiné-Bissau".
Em entrevista `RFI, o antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, disse que a detenção de Umaro Sissoco Embalo “é uma encenação” para impedir a proclamação dos resultados eleitorais, acrescentando que quem assumiu o poder na Guiné-Bissau “são homens armados, mas gente do Sissoco”.
"O que está a acontecer no país “é uma encenação para dar a impressão de que estaria em curso um golpe de Estado”, concluiu.
Por: Neidy Ribeiro|Liliana Henriques
rfi.fr/pt

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