terça-feira, 17 de setembro de 2024

PARTIDO LUZ, UMA LÁSTIMA PARA A JUVENTUDE BISSAU-GUINEENSE


A Guiné-Bissau emergiu enquanto país no contexto das grandes disputas ideológicas, dentro de quadro da atuação ou implementação de regimes autoritários, que visavam a construção de um mundo ocidentalista, cujo valores de uma consciência planetária versada aos seus costumes, línguas e tradições.

Dentro dessa tendência ocidentalista, que reprimia e humilhava as vozes contra o sistema imperial, a juventude africana, de modo partida a da Guiné, ainda dita portuguesa, desempenhou papel preponderante na salvaguarda dos interesses africano, principalmente, no domínio cultural, econômico e político. Na concretização deste feito, essa massa populacional sacrificou sua juventude para construir um país próspero, com autonomia, dignidade e liberdade na condução do destino.

A construção da determinação juvenil que impulsionou a revolução na mudança do sistema colonial, visava essencialmente a garantia de um futuro melhor, sem interferência externa nos assuntos nacional por parte dos ocidentalistas. Essa juventude esteve assente nas forças revolucionárias do povo, que garantiram a "independência", o que demonstra grande nível de maturidade e consciência política e social.

No passado tenebroso, a juventude não almejava prestígios e condições econômicas avultadas advindas do cofre do estado, mas dignidade enquanto ser que responde por valores e princípios. Esses apontamentos servem de base para enquadrar a trajetória dessa juventude e apresentar a atual geração da mesma em declínio.

O país que se apelidava de Guiné dita portuguesa, proclamou-se Guiné-Bissau com a força da juventude de diferentes classes da sociedade. A independência advinda das forças revolucionárias do povo, onde a juventude esteve presente nas alegorias da construção do Estado Nação unificou os sentimentos da massa populacional, em busca da soberania nacional.

Nos primórdios da independência, os jovens vislumbravam nos ideais do nacionalismo, com uma racionalidade crítica em defesa dos interesses da soberania com vista à autodeterminação dos povos. Essa tendência marcou várias gerações que almejava o progresso e bem estar, depois de uma luta sangrenta contra os “tugas”.

Com a dinamização da sociedade no aspecto político, surgiram inúmeras vozes da juventude contra os regimes que postulavam fora dos princípios que nortearam a fundação desta rica e diversificada Nação. Entretanto, alguns jovens tiveram a oportunidade de representar condignamente sua camada e, outros nem tanto. Com base no exposto, os partidos políticos que governaram este país por muitos anos, junto com seus signatários sem assento no parlamento, desviaram o destino do país e ao mesmo tempo empobrecendo-o, mesmo com tantas riquezas.

Com a criação e legitimação da pobreza por parte dos partidos políticos, muitos jovens não conseguiram navegar no sacrifício, por conseguinte, se expuseram à compra da consciência dilacerada. Diante de todas as atrocidades, a esperança ainda fluía no seio da juventude. No florescer das ideias e na renovação da esperança, surge o Partido Luz com certa luminosidade ofuscada, tendo em conta a ambição do seu líder com slogan que carrega o percentual da juventude, como forma de cativar os jovens no suspiro da última noite. Não tendo conseguido a almejada representação parlamentar, vergonhosamente surgiram como tcholandur do regime avesso às leis plasmadas na Constituição da República pabia di pulitika di bariga.

É nítido que esta não é a primeira queda da juventude, acontece que, a desgraça do Partido Luz do Palácio aumentou o nível da desconfiança, ao mesmo tempo minou as possibilidades da ascensão dos jovens com valores e personalidade na política. As ideias defendidas por líder do Partido acima mencionado ao longo do regime da autocracia, abre possibilidade de muitas indagações sobre utilidade da sua formação acadêmica para a sociedade e ainda se levarmos em consideração a engenharia cômica di fera di bandé, com discurso que legitima o tráfico de drogas no país e falsa moldura humana implorando o segundo mandato do viajante.

O Partido Luz do Palácio vive das mordomias vindas da compra da consciência dos seus militantes, principalmente do seu presidente e vice. As suas lutas contemporâneas aclamam por “fatu foradu” em cada conferência à imprensa, férias, uma vida com bens supérfluos, ademais, apresenta nível da intelectualidade com discursos esvaziados que elucidam vexame, assim sendo, a juventude Bissau-guineense vive um dos piores momentos da sua história, pois se observa fatos sem precedentes. 

As críticas sobre cíclicas inconstitucionalidades do viajante, prisões arbitrárias, sequestro, fundamentalismo religioso e étnico, corrupção generalizada, tráfico de estupefacientes proibidos e marginalização da juventude já não fazem mais sentido para os jovens extraviados do Partido Luz do Palácio. No calor da ambição, o cumprimento da agenda do Kim Jong-um da Guiné-Bissau merece tratamento digno por parte dessa juventude. O partido afirma enquanto voz da juventude na política, mas fica indiferente perante várias atrocidades vigente no país, apenas importam com os cargos e privilégios num executivo inconstitucional, que outrora, seu presidente criticou severamente.

Afinal este partido com os seus dirigentes diluídos representa quem e qual novidade tem trazido na política Bissau-guineense? Partido Palaciano é uma tribulação para a juventude que almeja ultrapassar os fundamentalismos do regime imperial, portanto, a juventude registra as mais profundas mágoas.

É importante a participação da juventude na arena política enquanto espaço de tomada de decisões, mas não se faz necessário ser mais um nesse ambiente, sem proporcionar mudanças. Nesse ensejo, mesmo com entusiasmo de curta duração, o sonho do triunfo ainda escoa no rio Geba que respira alvorecer da esperança dos que prezam pelos valores democráticos. Os apreços sentimentos de uma Guiné melhor continuam e ainda existem jovens com pensamentos lúcidos fora do sistema.

Nkanande Ka, professor universitário, ativista cultural, mestre em História Social pela Universidade Federal do Ceará – UFC, Brasil.

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