A
Guiné-Bissau emergiu enquanto país no contexto das grandes disputas ideológicas,
dentro de quadro da atuação ou implementação de regimes autoritários, que
visavam a construção de um mundo ocidentalista, cujo valores de uma consciência
planetária versada aos seus costumes, línguas e tradições.
Dentro
dessa tendência ocidentalista, que reprimia e humilhava as vozes contra o
sistema imperial, a juventude africana, de modo partida a da Guiné, ainda dita
portuguesa, desempenhou papel preponderante na salvaguarda dos interesses
africano, principalmente, no domínio cultural, econômico e político. Na
concretização deste feito, essa massa populacional sacrificou sua juventude para
construir um país próspero, com autonomia, dignidade e liberdade na condução do
destino.
A
construção da determinação juvenil que impulsionou a revolução na mudança do
sistema colonial, visava essencialmente a garantia de um futuro melhor, sem
interferência externa nos assuntos nacional por parte dos ocidentalistas. Essa
juventude esteve assente nas forças revolucionárias do povo, que garantiram a "independência",
o que demonstra grande nível de maturidade e consciência política e social.
No
passado tenebroso, a juventude não almejava prestígios e condições econômicas avultadas
advindas do cofre do estado, mas dignidade enquanto ser que responde por
valores e princípios. Esses apontamentos servem de base para enquadrar a
trajetória dessa juventude e apresentar a atual geração da mesma em declínio.
O
país que se apelidava de Guiné dita portuguesa, proclamou-se Guiné-Bissau com a
força da juventude de diferentes classes da sociedade. A independência advinda
das forças revolucionárias do povo, onde a juventude esteve presente nas
alegorias da construção do Estado Nação unificou os sentimentos da massa
populacional, em busca da soberania nacional.
Nos
primórdios da independência, os jovens vislumbravam nos ideais do nacionalismo,
com uma racionalidade crítica em defesa dos interesses da soberania com vista à
autodeterminação dos povos. Essa tendência marcou várias gerações que almejava
o progresso e bem estar, depois de uma luta sangrenta contra os “tugas”.
Com
a dinamização da sociedade no aspecto político, surgiram inúmeras vozes da
juventude contra os regimes que postulavam fora dos princípios que nortearam a
fundação desta rica e diversificada Nação. Entretanto, alguns jovens tiveram a
oportunidade de representar condignamente sua camada e, outros nem tanto. Com
base no exposto, os partidos políticos que governaram este país por muitos
anos, junto com seus signatários sem assento no parlamento, desviaram o destino
do país e ao mesmo tempo empobrecendo-o, mesmo com tantas riquezas.
Com
a criação e legitimação da pobreza por parte dos partidos políticos, muitos
jovens não conseguiram navegar no sacrifício, por conseguinte, se expuseram à
compra da consciência dilacerada. Diante de todas as atrocidades, a esperança
ainda fluía no seio da juventude. No florescer das ideias e na renovação da
esperança, surge o Partido Luz com certa luminosidade ofuscada, tendo em conta
a ambição do seu líder com slogan que carrega o percentual da juventude,
como forma de cativar os jovens no suspiro da última noite. Não tendo conseguido
a almejada representação parlamentar, vergonhosamente surgiram como tcholandur
do regime avesso às leis plasmadas na Constituição da República pabia di
pulitika di bariga.
É
nítido que esta não é a primeira queda da juventude, acontece que, a desgraça
do Partido Luz do Palácio aumentou o nível da desconfiança, ao mesmo tempo
minou as possibilidades da ascensão dos jovens com valores e personalidade na
política. As ideias defendidas por líder do Partido acima mencionado ao longo
do regime da autocracia, abre possibilidade de muitas indagações sobre utilidade
da sua formação acadêmica para a sociedade e ainda se levarmos em consideração a
engenharia cômica di fera di bandé, com discurso que legitima o tráfico
de drogas no país e falsa moldura humana implorando o segundo mandato do
viajante.
O
Partido Luz do Palácio vive das mordomias vindas da compra da consciência dos
seus militantes, principalmente do seu presidente e vice. As suas lutas
contemporâneas aclamam por “fatu foradu” em cada conferência à imprensa,
férias, uma vida com bens supérfluos, ademais, apresenta nível da
intelectualidade com discursos esvaziados que elucidam vexame, assim sendo, a
juventude Bissau-guineense vive um dos piores momentos da sua história, pois se
observa fatos sem precedentes.
As
críticas sobre cíclicas inconstitucionalidades do viajante, prisões
arbitrárias, sequestro, fundamentalismo religioso e étnico, corrupção generalizada,
tráfico de estupefacientes proibidos e marginalização da juventude já não fazem
mais sentido para os jovens extraviados do Partido Luz do Palácio. No calor da
ambição, o cumprimento da agenda do Kim Jong-um da Guiné-Bissau merece
tratamento digno por parte dessa juventude. O partido afirma enquanto voz da
juventude na política, mas fica indiferente perante várias atrocidades vigente
no país, apenas importam com os cargos e privilégios num executivo
inconstitucional, que outrora, seu presidente criticou severamente.
Afinal
este partido com os seus dirigentes diluídos representa quem e qual novidade
tem trazido na política Bissau-guineense? Partido Palaciano é uma tribulação
para a juventude que almeja ultrapassar os fundamentalismos do regime imperial,
portanto, a juventude registra as mais profundas mágoas.
É
importante a participação da juventude na arena política enquanto espaço de
tomada de decisões, mas não se faz necessário ser mais um nesse ambiente, sem
proporcionar mudanças. Nesse ensejo, mesmo com entusiasmo de curta duração, o
sonho do triunfo ainda escoa no rio Geba que respira alvorecer da esperança dos
que prezam pelos valores democráticos. Os apreços sentimentos de uma Guiné melhor
continuam e ainda existem jovens com pensamentos lúcidos fora do sistema.
Nkanande
Ka, professor universitário, ativista cultural, mestre em História Social pela
Universidade Federal do Ceará – UFC, Brasil.
Sem comentários:
Enviar um comentário