O economista guineense Paulo Gomes atribui na elevada taxa de pobreza entre os jovens e as mulheres nas áreas rurais à falta de foco e consistência na aplicação de políticas públicas voltadas à redução da pobreza.
Em entrevista à Rádio Sol Mansi, Paulo Gomes comentava sobre o primeiro boletim de estatísticas da Guiné-Bissau, divulgado na quarta-feira, uma iniciativa pioneira do Grupo Interinstitucional de Trabalho sobre Estatísticas da Proteção Social (GITEPS), com apoio técnico e financeiro da Organização Internacional do Trabalho (OIT), por meio do projeto ACTION/Portugal.
O relatório, que foi consultado pela Rádio Sol Mansi, sublinha que a pobreza é mais prevalente entre as mulheres (51,4%) e nas áreas rurais, onde 75,6% da população vive abaixo da linha da pobreza.
Na opinião de Paulo Gomes, uma solução viável para reverter esse quadro envolve a melhor distribuição de recursos que possam efetivamente reduzir a pobreza, com ênfase na saúde e educação como pilares essenciais.
“Quando estamos a falar do índice de pobreza nas mulheres significa que esta terá o impacto nas crianças e jovens, porque todos nós sabemos ou conhecemos o papel da mulher para com a criança”, considerou o economista afirmando que à falta de foco e consistência na aplicação de políticas públicas voltadas à redução da pobreza têm contribuído na elevação da alta taxa da pobreza.
O estudo também destaca que as mulheres, particularmente nas zonas rurais, são as mais atingidas pela pobreza. Em 2010, 69,3% da população do país vivia em condições de pobreza, sobrevivendo com menos de mil francos CFA, o equivalente a menos de dois euros por dia.
Paulo Gomes, ex-candidato às eleições presidenciais de 2014, afirmou que o país necessita urgentemente de um Estado competente, empreendedor e alinhado ao setor privado para superar a dependência de alimentos e reduzir o índice de pobreza.
“Temos que investir para melhor reduzir a nossa dependência, sobretudo, nos produtos que são mais consumidos no país”, apontou.
O boletim consultado pela emissora Rádio Sol Mansi também enfatiza a importância de uma maior coordenação institucional, com a participação ativa do Ministério das Finanças, bem como a implementação de mecanismos e sistemas de monitoramento mais eficazes e flexíveis para a produção de dados sobre a proteção social. Essas medidas devem ser uma prioridade para o GITEPS e demais instituições.
Finalmente, o documento sugere que, para aumentar a eficácia do sistema de proteção social, é crucial ter um panorama mais abrangente das prestações sociais em vigor. Isso permitirá identificar lacunas e áreas desprotegidas, além de facilitar a coleta de dados mais precisos e oportunos para relatórios futuros.
Por: Ussumane Mané/radiosolmansi com Conosaba do Porto
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