segunda-feira, 4 de julho de 2022

Rui Jorge Semedo: PAÍSES ANGLÓFONOS E FRANCÓFONOS TÊM MONOPÓLIO DA CEDEAO EM DETRIMENTO DOS LUSÓFONOS


O politólogo guineense, Rui Jorge Semedo, disse, hoje, que a liderança da CEDEAO por um país lusófono “Guiné-Bissau” após 47 anos da sua criação demonstra a dificuldade da organização sub-regional em permitir de uma forma igual e democrática o acesso à liderança desta organização, que congrega 15 países.

“Depois de 47 anos da sua criação só agora que um país lusófono e membro fundador da CEDEAO assume a presidência, isso demonstra qual é a dificuldade que a própria comunidade tem em permitir de uma forma igual e democrática o acesso à liderança da instituição por parte dos países membro da comunidade”, diz Rui Jorge Semedo, convidado, esta segunda-feira, pela Rádio Sol Mansi para analisar a liderança pela primeira vez de um país lusófono - a Guiné-Bissau - à presidência rotativa da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Para o analista político guineense, a Guiné-Bissau assumiu a liderança da organização [CEDEAO] num contexto “desfavorável”, porque a comunidade tem confrontado com vários desafios “como foi mencionado pelo próprio presidente da República”.

“Temos o problema do terrorismo, golpe de estado e outros problemas ligados com a questão do desenvolvimento socioecónomico da sub-região. A Guiné-Bissau no fundo não tem legitimidade de assumir essas agendas [terrorismo, golpe de Estado …], porque a Guiné-Bissau até agora tem o problema do comprimento das ordens democráticas e mais outros requisitos do estado de direito, portanto, fazia mais o sentido para um país no caso de Cabo Verde assumir essa presidência porque é um país modelo a nível da CEDEAO no comprimento com as regras democráticas, um país com a legitimidade, exemplos e autoridade de poder negociar com os três países, Mali, Guiné Conacri e Burquina Faso onde os militares assumirem o poder”, sustenta Semedo.

O analista sustenta ainda que “num contexto como da Guiné-Bissau onde para o presidente da Republica chegar ao poder é preciso a intervenção dos militares qual é a legitimidade e barganhas que ele vai utilizar para que realmente possa afirmar neste contexto da instabilidade que está a ser vivenciada na sub-região”, questiona.

Rui Jorge Semedo considera ainda de “muito vergonhoso” após 47 anos da criação da comunidade um país lusófono assumir a presidência, sustentando que a CEDEAO está dominada pelos países anglófonos e francófonos.

“Tanto a Guiné-Bissau assim como Cabo Verde [lusófonos] estão na organização em reboque então [a liderança da Guiné-Bissau] não é uma conquista e depois grande desafios e até que ponto que o país vai conseguir exercer a sua presidência como por exemplo quando o Senegal assume a presidência, todos os eventos ligados com presidentes da República são organizados no Senegal. Ou seja, são conjunto de benefícios que o país tem a ganhar e agora eu estou com a dúvida até que ponto a Guiné-Bissau vai conseguir assumir a presidência com todos os requisitos vistos nos outros países que assumirem a presidência da CEDEAO”, disse.

A Guiné-Bissau assumiu este domingo, pela primeira vez, a presidência rotativa da CEDEAO, a decisão foi tomada durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização sub-regional, que decorreu ontem em Acra, capital do Gana.

Um dos desafios da atual liderança é a luta contra o terrorismo e golpe de estado que tem afetado alguns países da mesma organização.

Por: Braima Sigá/radiosolmansi com Conosaba do Porto

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