sábado, 27 de julho de 2019

«1.º COLÓQUIO DE INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL» SECRETÁRIO DE ESTADO DA GUINÉ-BISSAU DE ENSINO SUPERIOR E INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA, DISCURSOU NA ABERTURA SOLENE DE PRIMEIRO COLÓQUIO EM BISSAU


I° Coloquio de Integração Institucional
Universidade Amílcar Cabral, 2019
Discurso do Secretário de Estado de Ensino Superior e Investigação Cientifica, na abertura Solene de primeiro Coloquio de Integração Institucional

Magníficos Reitores das Instituições de Ensino Superior públicas e privadas, aqui presentes;
Distintos convidados;
Permitam-me igualmente uma especial saudação a toda a nossa comunidade académica, professores, colaboradores, investigadores e estudantes.
Minhas Senhoras e Meus Senhores;
É com elevada honra e privilégio que em nome do Governo, através do Ministério da Educação Nacional e Ensino Superior e, em meu nome pessoal, desejamos a todos e a todas as mais calorosas saudações e fazemos votos de excelentes jornadas de trabalho e debates no decurso do presente Coloquio.
Excelências,
O Ensino Superior na Guiné-Bissau, é um subsistema muito complexo, tendo em conta a precariedade do sistema educativo e demais factores como por exemplo, político, económico, social e cultural do país, que não favoreciam no entanto, a criação da instituição universitária pós-independência.
Além das Escolas Normais, as instituições universitárias foram criadas tardiamente. Atualmente, o país conta com várias Universidades privadas. O país tem uma única Universidade pública, que é a Universidade Amílcar Cabral (UAC) criada em 1999, pelo Decreto – Lei nº.6/99, de 3 de Dezembro.
No entanto, nota-se a proliferação das instituições privadas do ensino superior, com áreas de formação diversificada. Esta proliferação tem levado a sociedade guineense a questionar-se sobre a sua qualidade e eficiência;
 Importa reconhecer que as instituições do Ensino Superior privadas são parceiras do governo para o desenvolvimento social de um país, para além do evidente impacto económico e tecnológico. Naturalmente que um país com melhores níveis de educação e formação gera potencial de crescimento, tornando-se também mais atrativo para investimento internacional. As instituições universitárias têm um papel imprescindível na formação dos profissionais/cidadãos críticos capazes de transformar a sociedade.
Estamos satisfeitos com a realização deste primeiro coloquio de Integração Institucional, cujos temas “Que Universidades para que conhecimentos no XXIos desafios de ensino superior na Guiné-Bissau”. Pois, a universidade é um espaço de construção de ideias, de liberdade, de oportunidades e de partilhas de conhecimentos.
Algumas das principais críticas que têm sido feitas ao ensino superior guineense têm a ver com a proliferação descontrolada de instituições de ensino superior, com uma significativa inclinação para as ciências sociais e humanas do que para as áreas técnicas, com os indicadores generalizados de baixa qualidade dos seus graduados, com a quase inexistente componente de pesquisa e extensão universitária e, por último, com a sua fraca ou inexistente competitividade ao nível internacional.
Outrossim, todas as instituições de ensino superior privadas dedicam-se quase que exclusivamente apenas ao ensino (predominantemente em cursos de graduação), deixando a investigação e a extensão universitária para um plano secundário. Tais constatações impõem a necessidade de se “reinventar” o ensino superior na Guiné-Bissau.
Nem todas as instituições de ensino superior na Guiné-Bissau têm recursos humanos em quantidade e qualidade suficientes, na sua estrutura de gestão (particularmente as instituições privadas).
Assim, pode-se caracterizar o ensino superior na Guiné-Bissau da seguinte forma: um ensino à procura da identidade e qualidade; um ensino com a complexidade/dificuldade técnica; um ensino com má gestão; um ensino com défice de qualificações do corpo docente; um ensino com défice de financiamento e avaliação; um sistema sem aplicação da lei do ensino superior; um ensino sem centros de pesquisa; um ensino sem suportes pedagógicos (laboratórios, bibliotecas, redes eletrónicas, etc.).
Portanto, há uma necessidade em fazer reforma curricular, em função das dinâmicas de desenvolvimento do país, não deverá descurar com os desafios pertinentes, como a atualização científica, a revisão de perfis profissionais de licenciados/as, ou seja, os ajustes curriculares nos planos de estudo ou nos programas das disciplinas.
A maior parte de licenciados/as do ensino superior sai da universidade com deficiências formativas (cursos genéricos, docentes insuficientes, insuficiência de bibliotecas, laboratórios e recursos tecnológicos), não são formados em áreas economicamente produtivas e muitos deles não conseguem singrar no mercado de emprego. Isto deverá ser contornado o mais breve possível.
Deste modo, partilho a opinião do Prof Doutor António Nóvoa (2011), “numa sociedade em que tudo parece falhar as Universidades não podem falhar. A Universidade, na sua dinâmica própria de instituição universitária, tem de encontrar a capacidade de organização, o sentido de compromisso, a definição clara de objetivos estratégicos e a liderança capaz de mobilizar e concentrar as forças, unir as vontades e fazer capitalizar os seus recursos, conhecimentos e competências. Só assim, a Universidade desempenhará o papel determinante de ser a instituição nacional credível que, é o motor da inovação científica e tecnológica, condição fundamental para o desenvolvimento económico e social do País”.
Por isso, enquanto governo temos a missão de:
-         Criar as condições para que haja instituições do ensino superior credíveis;
-         Utilizar dos fundos públicos como meio de financiamento para estimular a formação e a investigação científica;
-         Criar de parceria entre a UAC e as universidades estrangeiras, principalmente na superação dos docentes;
-         Regulamentar e aplicar a lei do ensino superior e demais normas de funcionamento e de seguimento dos estabelecimentos do ensino;
-         Estimular desenvolvimento pedagógico e responsabilizando os atores;
-         Estimular a excelência, diversificação e a profissionalização dos cursos em função das necessidades e das capacidades do país;
-         Criar suportes pedagógicos (laboratórios, bibliotecas, redes eletrónicas, etc.);
-         Apoiar às Associações de Estudantes direcionado para o desenvolvimento continuado de atividade de divulgação científica;
Excelências
O debate sobre os desafios de ensino superior na Guiné-Bissau, sublinha a importância do conhecimento e da ciência. O que significa dizer que, devemos pensar coletivamente, nas universidades que queremos para desenvolvimento económico, político, social, cultural e tecnológico.
A universidade que queremos hoje, é uma universidade normalizada de trabalho coletivo de partilha dos conhecimentos, é um lugar para organizar as aprendizagens e estudos, de que um lugar onde se dá aulas. Aqui os professores devem aprender trabalhar mais coletivamente, trabalhar mais uns com os outros, trabalhar menos no interior da sala de aula, trabalhar mais com seus colegas, estudar e pesquisar, ir a procura do conhecimento, conhecimento as vezes está no professor ou nos nossos colegas, na sociedade ou nos digitais: telemóveis, tablet etc., organizando conhecimento no qual existe grande abertura no quadro de trabalho que é muito diferente do que era no passado. Sendo muito diferente do que era no passado, a universidade vai continuar a ter um papel muito importante, nada substitui um bom professor, é por isso, temos que apostar na formação do professor, nas diversidades, na formação continuada, na reflexão e partilha, para reforçar a sua profissão.

Com estas palavras, declaro aberta a sessão.
Bem-haja a todos e a todas!

 Bissau, 24 de julho de 2019

O Secretário de Estado de Ensino Superior e Investigação Cientifica
Mestre Garcia Biifa Bedeta




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