terça-feira, 6 de junho de 2023

Crise no Senegal: ESTUDANTES GUINEENSES ADMITEM A POSSIBILIDADE DO REGRESSO AO PAÍS SE A SITUAÇÃO PIORAR

O Presidente da Associação dos Estudantes Guineense no Senegal, Teobaldino Armando Djalo Namontche, admitiu a possibilidade de os estudantes guineenses no Senegal voltarem à Guiné-Bissau, caso piorem os protestos naquele país, na sequência da condenação de Ousmane Sonko.

“Se a situação piorar, vamos entrar em contato com a embaixada para criar as condições para voltarmos a Bissau e apelaremos aos nossos colegas para voltarmos até que a situação ser ultrapassada. Qualquer decisão que vamos tomar tem de ser com base na orientação da embaixada” admitiu Teobaldino Armando, em entrevista por WhatsApp a partir de Dakar, onde se encontra em estudos, revelando que, na sequência das manifestações, o Estado senegalês bloqueou o acesso às redes sociais mas que conseguem se comunicar, através de um aplicativo denominado VPN.

O líder estudantil disse que os estudantes estão com o espírito alto e muito preocupados com a situação, porque não há segurança na rua para os cidadãos.

“A população atira pedras contra os polícias e estes, por sua vez, mandam gases lacrimogêneos. A situação está calma nestes dias em Dakar em relação ao dia em que Ousmane Sonko foi condenado, quando os manifestantes ergueram barricadas com pneus e veículos em chamas, atiram pedras às forças policiais e saquearam lojas e edifícios públicos” explicou Djalo Namontche.

“Não houve nestes dias manifestações em Dakar sobretudo nos bairros onde moram os estudantes guineenses. Talvez nas regiões. Esperamos que continue assim, porque é preocupante a situação. Os manifestantes lançam gás lacrimogêneo que atinge alguns estudantes nas zonas dos protestos, nos seus quartos”, afirmou, detalhando que alguns supermercados e lojas estão fechados.

“Como sabe, os estudantes não têm tudo em casa. Alguns precisam deslocar-se aos supermercados para pequenas compras. Mas com esta situação temos tido dificuldades e medo de movimentarmo-nos, por falta de segurança, mas também alguns supermercados estão fechados” lamentou, informando que a Associação já apelou aos estudantes sobre a necessidade de ficarem em casa por estes dias.

“A nossa casa está mais segura. Por isso, entramos em contato com a embaixada e os responsáveis recomendaram-nos a passar mensagens para que todos os estudantes fiquem em casa. Não há segurança na rua para os cidadãos. É complicado estar num país onde ao passar, vemos pessoas a morrerem, vemos vídeos nas redes sociais onde os manifestantes queimam polícias a sangue frio, e onde os polícias lançam gás contra a população. Estamos com assustados” insistiu.

Revelou que os protestos estão a diminuir. Contudo apelou aos estudantes a serem vigilantes e cautelosos a não saírem de casa sem que necessidade urgente.

Aos familiares em Bissau, Teobaldino Armando Djalo Namontche garantiu que, por enquanto estão bem e que não se registou nenhum incidente contra estudantes guineenses no Senegal, tendo apelado aos pais a rezar por eles, esperando que a situação seja brevemente ultrapassada.

Refira-se que, na sequência da condenação à prisão do político opositor Ousmane Sonko, pelo menos 16 pessoas morreram no Senegal em meio a violentos protestos. O governo de Macky Sall cortou o acesso à Internet móvel naquele país, devido aos protestos da população.

Por: Tiago Seide
Conosaba/odemocratagb.

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