O ministro das Finanças da Guiné-Bissau, João Fadiá, manifestou ao Fundo Monetário Internacional preocupação com o aumento dos preços dos produtos de primeira necessidade no país, associado à pandemia da covid-19 e à guerra na Ucrânia.
Num comunicado conjunto, a que a Lusa teve hoje acesso, relativo ao início de uma missão da organização financeira internacional no âmbito da terceira e última avaliação ao programa de referência, iniciado em julho de 2020, o ministro salienta preocupação com o "aumento drástico dos preços".
Apesar de se manter otimista em relação à perspetiva de coleta de receitas, apesar do recuo assinalado devido à saída da transportadora marítima Maersk, o ministro das Finanças esclareceu que "boa parte das mercadorias é importada por via terrestre".
Ainda em relação à guerra na Ucrânia, o ministro disse que pode dificultar a "mobilização de receitas e a dinâmica económica".
O chefe da missão do FMI, José Gijon, classificou como "adversos" a situação da pandemia e da guerra na Ucrânia, salientando que o impacto pode ser "colossal" se o conflito demorar um ano.
A Guiné-Bissau tem registado um aumento dos preços dos produtos básicos desde o início da pandemia, nomeadamente arroz, base alimentar dos guineenses, óleo, farinha de trigo, açúcar, pão, carne, peixe, frutas e legumes, e a sociedade civil tem alertado para o aumento da fome no país.
A missão do FMI teve início na terça-feira e está a decorrer inicialmente de forma virtual e presencial a partir de 12 de abril.
O programa monitorizado pelo corpo técnico foi aprovado em 19 de julho de 2021 e a primeira revisão foi aprovada em outubro do ano passado, sendo um passo prévio para que a Guiné-Bissau possa beneficiar de apoio financeiro do FMI ao abrigo destes programas de ajustamento financeiro que vão desembolsando tranches do empréstimo à medida que os países cumprem o estipulado no acordo em termos de reformas e nova legislação para relançar a economia e corrigir os desequilíbrios.
O programa do FMI relativo à Guiné-Bissau "apoia o programa de reformas desenhado pelo país, com o objetivo de estabilizar a economia, melhorar a competitividade e fortalecer a governação".
O FMI anunciou em fevereiro ter aprovado a segunda avaliação do programa de ajustamento económico da Guiné-Bissau, um passo fundamental para garantir um empréstimo ao abrigo de um novo programa financeiro.
De acordo com o Fundo, os frutos estão já à vista: apesar da pandemia, o país cresceu 1,5% em 2020, mas deverá ter acelerado para 3,8% em 2021 devido ao aumento da exportação de caju, investimento público, levantamento gradual das restrições pandémicas e melhorias na confiança dos empresários.
"As autoridades fizeram um progresso satisfatório no programa de reformas apesar das difíceis condições socioeconómicas devido à pandemia de covid-19", diz o FMI, salientando a "boa taxa de vacinação pelos padrões regionais" e a redução do défice orçamental, que deverá ter melhorado no ano passado para 5,4%, quando em 2020 estava nos 10%.
Conosaba/Lusa
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