O líder do Partido da Unidade Nacional (PUN) da Guiné-Bissau, Idrissa Djaló, propôs a redução para metade do número de deputados no Parlamento para "conter gastos públicos e dar melhor assistência à população".
O dirigente falava em conferência de imprensa para tornar pública a posição do partido, sem assento parlamentar, sobre a situação política e social do país.
Idrissa Djaló disse que, perante os problemas que assolam a Guiné-Bissau, "é preciso redimensionar o Estado".
"Não posso imaginar que a Guiné-Bissau pode funcionar com 102 deputados, nós propomos uma redução, mas também a redução para metade do número de funcionários públicos, bem como das forças de defesa e segurança", observou Djaló.
Para o líder do PUN, a Guiné-Bissau "deve dar o exemplo" de que está a distribuir "bem e de forma justa" os "poucos recursos de que dispõe" quando vai pedir ajuda à comunidade internacional, porque, notou, "os recursos não são ilimitados".
O dirigente também entende que o país deve redefinir o papel dos políticos e dos partidos. "É errado pensar que quem está na política é para receber do partido casa, carro, lugar, não é isso. Os partidos são lugares para pensar o país", sublinhou Idrissa Djaló.
"Solução de compromisso"
Ainda criticou o número de conselheiros na Presidência da República, de ministros no Governo e de diretores-gerais na Função Pública.
"É errado pensar que quem está na política é para receber do partido casa, carro, lugar, não é isso. Os partidos são lugares para pensar o país"
"Este número de conselheiros (na Presidência da República) de membros de Governo, de diretores-gerais é o cancro especial que está a matar a Guiné-Bissau. As nomeações devem adequar-se aos recursos do país. Não podemos ter um país em que o povo não tem água potável, não tem estradas, mas com um batalhão de conselheiros que ganham milhões", defendeu Idrissa Djaló.
Djaló propôs uma "solução de compromisso" perante os problemas do país que, disse, apontam para "um novo impasse" e que nem a realização de novas eleições legislativas poderá resolver, frisou.
Novo Governo
O líder do PUN adiantou que a classe política deveria admitir a formação de um novo Governo integrado apenas por partidos com assento parlamentar, de acordo com o número de deputados de cada um e que teria como missão promover reformas no aparelho do Estado.
O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) venceu as legislativas de 2019, mas um acordo entre três partidos parlamentares (Madem G-15, PRS e APU-PDGB) cimenta uma coligação que governa o país desde março de 2020.
Na semana passada, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, admitiu a possibilidade de o Parlamento ser dissolvido e serem convocadas eleições antecipadas.
Djaló defende que a Guiné-Bissau "precisa estabilizar-se neste momento", quando faltam dois anos para novas eleições legislativas.
Conosaba/dw.com/pt
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