O estudo, patrocinado pela União Europeia (UE), foi executado pela organização não-governamental Demos (Centro pela Democracia, Criatividade e Inclusão Social) uma entidade que se dedica à pesquisa científica e à promoção da cidadania, tendo já realizado sondagens semelhantes em 37 países da África, indicou uma nota da UE em Bissau.
Miguel Carter, director da Demos, disse ter ficado surpreendido com os resultados do estudo no que toca à tolerância religiosa ou étnica na Guiné-Bissau, frisando ser impossível ter a mesma percepção nos Estados Unidos ou em vários países europeus.
Descrita pela entidade financiadora como sendo a primeira sondagem na Guiné-Bissau, o estudo recolheu amostras de mil e 200 pessoas em 150 distritos, entre 17 de Junho a 08 de Julho.
Todos os distritos, bairros, aldeias, agregados familiares e cidadãos guineenses entrevistados foram escolhidos de maneira aleatória, de acordo com as regras do Afrobarometer, refere ainda a nota da UE. Entre outros temas, o estudo questionou as pessoas sobre o que pensam da vida pública do país, a qualidade de governação e a sociedade.
Intitulado "Vozes do Povo", o estudo revelou que há mais confiança nos atores da sociedade civil, em especial os religiosos, que um em cada quatro guineenses têm sempre ou muitas vezes, alguém na sua família, com dificuldades para arranjar comida e ainda que a metade da população tem series dificuldades para ter acesso à agua potável.
O estudo indicou ainda que existe uma "relativa baixa compreensão" da palavra democracia entre os guineenses, ainda que a população se manifeste com carácter democrático perante valores do estado de direito.
"Há uma critica muito forte da população sobre as diligências políticas, não só a um partido, mas a todos os políticos", notou Miguel Carter, doutorado em Ciência Política pela universidade de Columbia, em Nova Iorque.
O estudo também versou sobre o que poderia ser o comportamento dos guineenses se as eleições legislativas tivessem lugar hoje, indicando as preferências entre os partidos ou grupos.
À margem da apresentação da sondagem, o delegado da União Europeia em Bissau, o português Victor Madeira dos Santos, afirmou que o estudo "quis dar voz à população" e que foi uma amostra que representa aquilo que poderia acontecer, ainda que não tenha como objectivo "fazer política", disse.
"Os dados são para os atores políticos. Podem lê-los da maneira que quiserem. Agora eles reflectem sim", observou Madeira dos Santos, sublinhando a resposta dada pelos inqueridos sobre a democracia.
"Responderam o que é a democracia, sabem bem o que ela representa, sabem sobretudo que não querem viver em ditadura, sabem que a liberdade é um valor fundamental, um valor da igualdade e da representatividade", destacou o delegado da UE na Guiné-Bissau.
Conosaba/Angop
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