sexta-feira, 20 de julho de 2018

ÁFRICA Á PROCURA DE INVERTER O SALDO DAS TROCA COM A EUROPA - ECONOMISTA GUINEENSE CARLOS LOPES




"Nos últimos três anos estivemos a assinar acordos de parceria económica com a Europa, com o objetivo de favorecer África, e o que se verifica é exatamente o contrário"
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África quer falar a uma só voz com a Europa na negociação de acordos, quando o saldo negativo - para os africanos - das trocas comerciais entre os dois continentes é quase o triplo da ajuda global anual europeia ao continente vizinho. Objetivo confiado ao recém-eleito alto representante da União Africana para as negociações com a Europa, o economista guineense Carlos Lopes.

Em entrevista exclusiva ao programa de relações internacionais da RTP Olhar o Mundo, o professor da Universidade da Cidade do Cabo destaca que "a Europa tem estado a discutir muitas questões africanas - nomeadamente relacionadas com as migrações - sem necessariamente consultar os africanos e isso tem de mudar um pouco de rumo"

"Nos últimos três anos estivemos a assinar acordos de parceria económica com a Europa, com o objetivo de favorecer África, e o que se verifica é exatamente o contrário", denunciou o antigo subsecretário-geral e diretor executivo do Instituto para Formação e Pesquisa da ONU. 

"Passámos de uma situação superavitária para um deficit relativamente grande. A perda para o continente africano anda à volta dos 60 mil milhões de dolares", reforçou Carlos Lopes.

"E se compararmos isso com a ajuda que África recebe da Europa, que são cerca de 21 mil milhões de dólares por ano, é fácil de fazer as contas".
"Ter uma certa coerência"

Questionado pela RTP sobre qual será a sua prioridade no mandato que lhe foi confiado, logo após o último Conselho Europeu ter assumido a priorização de negociações com África, em matérias também estruturantes da crise de migrações, Carlos Lopes não hesitou na resposta.

"Neste momento, sem dúvida, a prioridade é processual; quando temos 13 acordos diferentes com a Europa, alguns só respeitantes a uma parte de África e também acordos especiais com certos países, há uma fragmentação total das negociações entre os dois continentes. A ideia da União Africana é ter uma certa coerência e falar numa só voz, na negociação de um só acordo", explicou.

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