sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Disputa do regulado: MINISTRA DO INTERIOR PEDE CALMA AOS POPULARES DE BIJIMITA PARA EVITAR DERRAMAMENTO DE SANGUE


A ministra do Interior e da Ordem Pública, Maria Adiatu Djaló Nandigna, pediu aos populares de aldeia de Bijimita e particularmente ao régulo local para evitar o derramamento de sangue, numa alusão à disputa do regulado que opôs o régulo local, Malamatu Dju, apoiado pela sua comunidade, e Quintino Cá, que também conta com o apoio de outro determinado grupo.

A iniciativa de mediação do diferendo entre os habitantes de Bijimita e os apoiantes de Quintino Cá contou com o apoio do deputado eleito no círculo eleitoral n°09, Ilídio Vieira Té, que esteve no local, desde as primeiras horas desta quinta-feira, para procurar uma solução pacífica para evitar a perda de vidas entre os habitantes daquela aldeia, que estavam descontentes. Mais de uma dezena de forças de segurança protege Quintino Cá, o que o permite fazer as suas cerimónias.

Esta manhã, a ministra do Interior, Maria Adiatu Djaló Nandigna, que se fez acompanhar dos elementos do seu gabinete e do Comissário Nacional da Polícia de Ordem Pública, Mamadu Saliu Ba, deslocou-se a aldeia de Bijimita, com o intuito de procurar um entendimento por via do diálogo, entre as populações locais com a ajuda dos deputados eleitos naquele círculo.

Bijimita é uma das aldeias do setor de Quinhamel, região do Biombo, que dista menos de 40 quilômetros da capital Bissau.

A disputa do trono é ferrenha e envolve o régulo local apoiado pela sua equipa e a população local contra o jovem Quintino Cá, que também manifesta a vontade de assumir o regulado de Bijimita, só que, de acordo com a informação, Cá manifestou a sua intenção tardiamente e fora do prazo normal e não só, como também já teriam sido realizadas todas as cerimónias tradicionais obrigatórias para a instalação do régulo central e os respetivos sucessores, pelo que não se pode realizar qualquer outra cerimónia para ocupar o mesmo regulado.

O Democrata apurou que a cerimónia para a instalação do atual régulo iniciou no dia 28 de abril de 2023 e durou seis dias, de acordo com as normas tradicionais. Cumpridas todas as formalidades tradicionais, o régulo Malamatu Dju foi investido no seu trono no dia 27 de maio do ano em curso.

Ainda conforme a explicação do representante da população local, depois de vários meses, a comunidade foi surpreendida com a informação que o jovem Quintino Cá vai fazer a cerimónia (caramuça) para assumir o poder do regulado, pelo que ficaram todos perplexos, porque esta cerimónia se fez apenas uma vez e no momento da sua realização qualquer pessoa que reúne as condições para assumir o regulado pode participar nesta cerimónia e podem ser até 100 pessoas sem nenhum problema, mas no final da cerimónia escolhem-se o régulo principal e os respetivos sucessores, segundo os critérios previamente definidos.

“Este jovem não obedeceu a esta regra e apareceu fora do prazo para fazer a cerimónia unilateralmente e assumir o poder. Não é assim que se faz e não podemos aceitar essa falta de respeito. Se ele for admitido toda esta cerimónia e depois tem que vir até à casa do régulo para terminar a maior cerimónia. Portanto se ele chegar aqui, significa que o régulo principal e os seus três substitutos irão morrer. Nós não podemos aceitar isso, por isso estamos determinados ou ele nos mata ou acabamos com ele, contudo tem apoio da força de segurança que o protege” explicou Nuano Dju, avançando que estão todos determinados a morrer, mas Quintino Cá, não vai entrar na casa do régulo, mesmo que venha com a força de segurança.

RÉGULO DE BIJIMITA: “HAVERÁ BANHO DE SANGUE SE QUINTINO CÁ ENTRAR NESTA MORANSA”
O régulo principal de Bijimita, Malamatu Dju, visivelmente furioso, na sua curta intervenção, disse à ministra que não tem nada contra o jovem Quintino Cá, mas se ele insistir e invadir a sua casa e instalar-se, “certamente haverá banho de sangue na aldeia. Ele me mata ou eu o mato, se invadir a minha casa”.

“A Autoridade pode ajudar a apaziguar-nos ou decidir estar ao lado de Quintino Cá. Mas eu já tomei a minha decisão, mesmo se custar a minha vida, mas não vou permitir que este rapaz entre na minha casa” afirmou o régulo Dju, enfatizando que não vai entrar em brincadeiras com um menino.

“Eu sou o responsável de toda essa população e faço tudo para uni-los para que não haja divisão no seio da população do reino de Bijimita. Uma coisa é certa, se alguém decidir afrontar-me hoje, eu estarei pronto a afrontá-lo e derrotá-lo!” advertiu.

ADIATU NANDIGNA DEFENDE DIÁLOGO E ENTENDIMENTO ENTRE A POPULAÇÃO LOCAL

Interpelada pelos jornalistas no final da reunião com os homens grandes e a população local, a ministra do Interior e da Ordem Pública, Maria Adiatu Djaló Nandigna, disse aos jornalistas que alertou a comunidade que é preciso pautar pela via do diálogo para encontrar uma solução e que se evite um conflito.

A governante deixou claro que o ministério do Interior não autorizou ninguém a realizar cerimónia (caramuça), mas enviaram as forças de segurança a aldeia para impedir a desordem e a violência que poderia ocorrer, se não fosse a intervenção urgente de elementos das forças de segurança.
“Depois de recebermos a informação do que estava a acontecer, tomamos a iniciativa de colocar a força de segurança no terreno. Demos instrução que cada um fique na sua casa até que se chegue ao consenso sobre a situação. Esta é uma cerimónia tradicional que se faz e a autoridade não pode determinar quem a pode fazer e quem não pode” assegurou, avançando, neste particular, que só cabe aos fidalgos (djorson) determinar quem realmente tem o direito de fazer a cerimônia (caramuça) ou não para aceder ao poder do regulado.

A ministra disse que deram instruções às forças de segurança para permanecerem na aldeia por tempo indeterminado com o intuito de manter a segurança, evitando confrontos entre as partes.

Por: Assana Sambú
Conosaba/odemocratagb

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