terça-feira, 6 de junho de 2023

Angola e Portugal reforçam laços bilaterais com 13 acordos assinados

João Lourenço (direita), Presidente de Angola, e António Costa (esquerda), primeiro-ministro de Portugal, estiveram reunidos em Luanda. © AMPE ROGERIO/LUSA

António Costa, Primeiro-ministro português, está em visita oficial em Angola, onde se encontrou com as autoridades angolanas, inclusive o Presidente João Lourenço. Nesses encontros foram assinados 13 acordos de cooperação bilateral, sobretudo nos domínios económico e financeiro.

Os Governos de Angola e de Portugal reforçaram os laços bilaterais nesses dias com a visita oficial do Primeiro-ministro português, António Costa ao país.

Os acordos contemplam, por exemplo, um aumento da linha de crédito empresarial de 1,5 mil milhões de euros para dois mil milhões de euros.

Os executivos de Lisboa e de Luanda assinaram acordos sobre cooperação ao nível de políticas do mar, bem como a nível da Agência Espacial Portuguesa “Portugal Space”.
Vera Esperança dos Santos Daves de Sousa (direita), ministra angolana das Finanças, aperta a mão do seu homólogo português, Fernando Medina (esquerda). © AMPE ROGERIO/LUSA

Em declarações à imprensa, João Lourenço, Presidente angolano, pediu que haja ainda mais investimento português em Angola: “Os investidores privados portugueses têm em relação aos demais a vantagem da língua comum, um cruzamento entre famílias e um vasto conhecimento da nossa cultura, dos nossos hábitos e costumes. Esse é um capital que não é mensurável e que não deve ser desperdiçado. Gostaria de ver maior investimento directo dos empresários portugueses no agro-negócio, na hotelaria, turismo, construção civil ou comércio, indústria têxtil ou calçado. Decorrem processos de privatização de ativos do Estado para os quais os empresários portugueses se podem habilitar”, realçou.

Quanto a António Costa, Primeiro-ministro português, afirmou que as empresas lusas “nunca deixaram Angola, mesmo nos momentos mais difíceis, e estão aptas para investir em novas áreas na economia angolana, como o agroalimentar, energias renováveis, economia azul, pescas, turismo e outras que Angola defina como prioritárias”, antes de realçar que Portugal quer contribuir para a diversificação da economia angolana: “Angola tem levado a cabo uma agenda reformista e ambiciosa ao longo dos últimos anos, nomeadamente no que respeita aos objetivos de diversificação económica, reforma do Estado e combate à corrupção. Portugal mantém-se comprometido e disponível para apoiar as autoridades angolanas nestes esforços”, sublinhou.
Tete António (direita), ministro angolano dos Negócios Estrangeiros, com o seu homólogo português, João Gomes Cravinho (esquerda). © AMPE ROGERIO/LUSA

Para além dos discursos em torno da economia, os dois políticos também abordaram a geopolítica.

João Lourenço, chefe de Estado angolano, mostrou preocupação com conflitos em Moçambique, na Ucrânia e recordou que "a solução que a Europa encontrou para a Líbia foi imprudente".

“Neste mundo conturbado, preocupa-nos a situação vigente em Moçambique, no Corno de África, na República Democrática do Congo, no Sudão, e nos países da Região do Sahel. A solução que a Europa encontrou para a Líbia, sem que as instituições africanas tivessem sido ouvidas na altura, foi imprudente, irresponsável e errada. 

A julgar pelas consequências nefastas […] A Europa vive a quase ano e meio, o pior conflito armado, desde a segunda guerra mundial. 

A invasão da Ucrânia pela Rússia é responsável pela maior crise humanitária, alimentar, energética, e de segurança, que o mundo conhece. Tudo deve ser feito para se pôr fim imediato a esta guerra, garantindo-se a soberania, e a integridade territorial do país agredido, a Ucrânia. É preciso construir-se uma paz assenta em bases sólidas […] Uma paz que afaste para sempre o espectro da guerra do continente europeu, palco das duas grandes guerras que o mundo conheceu”, frisou o presidente angolano.
João Lourenço, Presidente angolano. © AMPE ROGERIO/LUSA

O Primeiro-ministro português elogiou o papel da mediação angolana no conflito na República Democrática do Congo e também a condenação da invasão da Ucrânia por tropas russas: “Portugal vê com muito apreço a condenação da invasão russa por parte de Angola e, em particular, pelo senhor Presidente João Lourenço. 

Não pode haver ambiguidades entre o agredido e o agressor. E temos consciência do impacto desta guerra na segurança alimentar à escala global e do impacto desproporcional nos países mais vulneráveis. Portugal tem defendido activamente a introdução de excepções em relação a produtos alimentares, no âmbito do regime de sanções, de modo a mitigar a crise alimentar global. Estas excepções, que estão contempladas nos pacotes de medidas restritivas da União Europeia, devem ser estendidas a outros bens essenciais para garantir a segurança alimentar, designadamente no que respeita aos fertilizantes”, concluiu.

Ainda no âmbito desta visita oficial de António Costa, o primeiro-ministro português convidou o Presidente angolano, João Lourenço, para estar presente nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, dia da revolução dos cravos em Portugal em 1974.

António Costa termina ainda hoje a sua visita oficial de dois dias a Angola. E ainda hoje, António Costa segue viagem para Joanesburgo, na África do Sul, onde se vai juntar ao Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões com comunidades portuguesas residentes na África do Sul, apesar da data oficial ser a 10 de Junho.
António Costa, Primeiro-ministro português. © AMPE ROGERIO/LUSA

Texto por:Marco Martins
Conosaba/rfi.fr/pt

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