Chegada ontem no final da tarde a Bissau, uma missão de alto nível abrangendo a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, Nações Unidas, União Africana e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa efectuou hoje contactos com as autoridades guineenses, partidos e candidatos no intuito de avaliar os preparativos para as presidenciais de 24 de Novembro.
Esta missão acontece numa altura em que a realização do escrutínio tem sido posto em questão, designadamente devido a uma polémica em torno dos cadernos eleitorais, cuja manutenção e correcção são rejeitadas por certos partidos políticos que exigem uma actualização ou um recenseamento de raiz, apesar de a CEDEAO, na sua anterior visita a 10 de Setembro, ter considerado que se poderiam manter os cadernos eleitorais utilizados durante as legislativas do passado mês de Março.
Após receber os membros desta delegação, o chefe do governo guineense afirmou que a missão conjunta apoia o Governo para a realização das presidenciais, esta última insistindo para que o escrutínio se realize na data prevista. "A delegação apoia o Governo para que tudo corra bem em torno dos preparativos para a organização das presidenciais. A delegação reafirma a necessidade, a imperatividade, de as eleições se realizarem a 24 de Novembro", declarou Aristides Gomes.
Esta foi também a mensagem sobre a qual a missão conjunta insistiu quando se reuniu com responsáveis dos partidos com assento parlamentar e candidatos às presidenciais, um encontro cujos moldes foram alvo de críticas por parte de alguns dirigentes que se queixaram de não ter tido a possibilidade de se expressarem.
"Não foi reunião. Eles chegaram, falaram o que quiseram falar e foram-se embora", este foi designadamente o relato feito por Gibril Baldé, porta-voz do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), segunda força política do país, ao considerar que o encontro foi apenas uma imposição. "A missão conjunta decidiu apenas anunciar as decisões que foram tomadas pelos chefes de Estado (...) Não tivemos direito à palavra e a reunião acabou", declarou por seu turno Idrissa Djaló, líder do Partido Unidade Nacional e candidato às presidenciais. No mesmo sentido, Nadeem Cabral de Almada, também candidato às eleições de Novembro, consistiu na apresentação de um "roteiro até às eleições e não deu oportunidade às pessoas para falarem". Apesar de ter ficado claro para Mamadu Saliu Lamba, da APU-PDGB, partido que integra a maioria parlamentar, que "a mensagem é que as eleições devem ter lugar sem falta no dia 24 de Novembro próximo", este responsável também considera que "houve reunião, só que houve mais informação do que reunião. A delegação mista acabou só por dar informações." Já Maurício Sanca, do PRS, terceira força política no parlamento, tornou a vincar a posição defendida pelo seu partido "queremos umas eleições livres, justas e transparentes. Só há duas possibilidades no quadro da lei eleitoral: a actualização e o recenseamento de raiz".
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