quinta-feira, 6 de março de 2025

Moçambicanos denunciam tentativa de assassínio de Mondlane

A onda de protesto regressou a Moçambique com a população a sair às ruas para denunciar o aumento do custo de vida e a tentativa de assassínio do ex-candidato às eleições presidenciais Venâncio Mondlane.

As forças de segurança disparam balas reais e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes no bairro Patrice Lumumba, na província de Maputo. A população, na maioria jovens, queixam-se de estarem a ser alvo de perseguição, por parte da polícia, depois do ataque à caravana do antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane e prometem retaliar.
Ao microfone da RFI, os manifestantes denunciaram a tentativa de assassínio do ex-candidato às eleições presidenciais Venâncio Mondlane, acrescentando que “a polícia anda a matar pessoas e nós queremos combater isso”.

Os cidadãos, cujas identidades preferiram não revelar, por temerem represálias, queixam-se do elevado custo de vida, sublinhando que “o povo moçambicano está na miséria, estamos cansados de termos que trabalhar com salário mínimo de 7.500 Meticais, quando o saco de arroz custa 2.000 Meticais”.

Até ao momento, são desconhecidos o paredeiro e o estado de saúde de Venâncio Mondlane, cuja caravana foi alvo de disparos por parte das forcas de defesa e segurança.

O ataque aconteceu no mesmo dia, 5 de Março, da assinatura do acordo histórico com o Presidente Daniel Chapo e os nove partidos da oposição, no âmbito do diálogo político para o fim da crise pós-eleitoral no país, mas no qual Mondlane não está incluído.

Em entrevista à RFI, Dércio Alfazema, politólogo moçambicano, condera que este é um acordo que o país precisava após meses de instabilidade, podendo ser uma alternativa ao bipartidarismo que Moçambique viveu na maior parte dos seus 50 anos de independência.

"Tudo o que o país precisa e sempre precisou foi de diálogo. E é este diálogo que estamos a ver agora. No passado, nós tivemos mais um diálogo bipartidário envolvendo só o Governo [Frelimo] e a Renamo. Esta é a primeira vez que os partidos se sentam, discutem, assinam um compromisso conjunto. Temos os nove partidos que assinaram ontem e também o Presidente tem feito referência a que vai ampliar o diálogo para outras forças vivas da sociedade. A sociedade civil, responsáveis religioso, os demais políticos filiados ou não, a academia, etc. Então, eu penso que este é o caminho acertado para se encontrar soluções acertadas para aquilo que são os desafios que o país enfrenta. Se o Presidente não avançasse nesta direção, penso que ele saíria a perder", declarou.

Desde Outubro do ano passado, Moçambique está mergulhado num clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de Outubro, que deram vitória a Daniel Chapo.

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