Como já tinha escrito há algum tempo atrás, independentemente dos incentivos, alguém SÓ pode produzir dentro de limite da sua força física e da capacidade intelectual e criativa.
Dentro desta lógica, de um lado, entendo perfeitamente a limitação de CERTOS políticos guineenses -- nas suas alocuções, acções e formas de ser e estar. Na verdade, alguém só pode DAR o que TEM e PODE, por mais que queira!
Embora inadmissível para um país que almeja o progresso e o bem-estar, os constrangimentos deste grupo devem ser encarados, tristemente, como próprios de um país como o nosso, assente numa estrutura de governação bastante debilitada e hereditariamente pobre.
Por outro lado, quando OUTROS políticos com mais elevada educação, formação e preparação assumem certas e consequentes posturas (públicas e privadas), fazem-no imbuídos de um espírito conspirador
de deturpação e de manipulação.
Por falta de uma melhor descrição, atrevo-me a apelidar este grupo de intelligentsia.
À ela -- fora da ética profissional e dos princípios da moralidade -- reserva-se o papel exclusivo de deturpar e/ou manipular os factos, as circunstâncias, as realidades e até o espírito da lei para (tentar) sustentar certos e pre-determinados posicionamentos e/ou estratégias políticas.
Embora frequente em países que lutam pela consolidação da democracia (i.e., Guiné-Bissau), as atitudes e as acções "teatrais" (mas calculadas) deste segundo grupo tendem a desferir golpes duros sobre as instituições já em si vulneráveis à mais ínfima crispação político-militar ou social.
Num país de baixo índice de alfabetização, sei que era difícil imaginar um cenário político interno onde a intelligentsia "bem formada" constituísse o nosso mal maior, não é?!
Claro que não... num mundo onde tudo -- quase tudo -- é uma comodidade, há também um lugar para os vendedores ambulantes de falsas narrativas políticas e/ou constitucionais.
Não é por acaso que o maior problema do Movimento de Luta de Libertação tivesse sido a mobilização da pequena burguesia urbana e não o campo, apesar do elevado grau de analfabetismo nas zonas rurais.
Caso para dizer: quem sabe deturpa e intriga mais (e, às vezes, melhor) contra ventos e marés.
Hoje em dia, também no mercado político guineense de deturpações, o facto confunde-se com a ficção e a prosa com a poesia.
Oh... mas também não é tudo o que rima é poesia. E, das bocas dos "trovadores" (políticos) da nossa praça pública, os enredos -- entre o ritmo, a harmonia e a falácia discursiva -- só se fala para a audiência de um só: "nô ladu".
Pergunto: será esta classe de intelligentsia -- os novos intelectuais de vanguarda -- mais uma tragédia comum guineense?
Todavia, estou a crer que, contra ventos e marés desta conturbada temporada, havemos de erguer a nação guineense.
Si nô ka matil, utrus na matil.
--Umaro Djau
Deputado da Nação
14 de Março de 2025
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