Centenas de mulheres provenientes de diferentes ilhas participaram no segundo Fórum das Mulheres dos Bijagós, realizado no dia 8 de março, na ilha de Orango, setor de Uno, região de Bolama, no sul da Guiné-Bissau, para debater a problemática das mudanças climáticas, os desafios da governação e a gestão dos recursos naturais, no âmbito do projeto Ação Climática Feminista na África Ocidental (ACF-AO), levado a cabo pela Organização Não Governamental Tiniguena.
O fórum, que reuniu centenas de mulheres provenientes das ilhas Urok (Formosa, Chediã e Nago), Canhabaque, Orango, Soga e Uno, visa procurar soluções para as dificuldades enfrentadas e não se contentar apenas com as ajudas. Por isso, o fórum deu lugar a um debate vivo e participativo, com foco na troca de experiências sobre práticas de conservação e exploração sustentável dos recursos, adaptadas às alterações climáticas.
MULHERES DOS BIJAGÓS PREOCUPADOS COM O DESAPARECIMENTO DE ALGUMAS ESPÉCIES MARINHAS
Segundo um documento consultado pela redação do semanário O Democrata, o encontro permitiu que as participantes analisassem em conjunto as múltiplas ameaças que pesam sobre as diferentes atividades económicas e sobre a segurança alimentar local. As intervenções permitiram igualmente abordar questões como a necessidade de controlar a expansão dos cajueiros, face à redução da floresta, de vigiar o corte do mangal, devido ao seu impacto na inundação das terras, e ainda de reduzir a pressão sobre a fauna (macacos e outros animais, etc.), devido aos desequilíbrios ambientais que provoca.
As mulheres transmitiram as suas preocupações face ao desaparecimento de algumas espécies marinhas, por exemplo do peixe serra, como também debruçaram no encontro a situação da crescente rarefação de certas conchas e moluscos, as vantagens da imposição de pausas no ciclo de exploração dos bancos, a fim de salvaguardar os períodos de reprodução e garantir o usufruto sustentável desses recursos.
A substituição da agricultura itinerante, a recuperação de bolanhas, a aposta na horticultura e na pecuária, a redução de adubos químicos, a preocupação com a poluição provocada pelos sacos de plástico ou com a escolarização das crianças, também foram evocadas no fórum.
O coordenador da ACF-AO na Guiné-Bissau, Emanuel Ramos, apresentou às participantes a equipa de consultores nacionais e brasileiros presentes em Orango, que vão iniciar no dia seguinte os trabalhos do inquérito para o mapeamento das áreas fragilizadas pelas alterações climáticas, assim como para a análise das populações vulneráveis.
Presente no fórum, o deputado pelo círculo eleitoral dos Bijagós, Dionísio Pereira, na sua intervenção, apontou a pobreza como um problema vital no arquipélago.
O representante do IBAP no ato, Hamilton Monteiro, indicou que o funcionamento dos parques naturais e das áreas protegidas é uma causa comum, e deve beneficiar da contribuição, tanto da antiga como da nova geração dos guineenses.
Presidindo à cerimónia do encerramento do fórum, o director executivo da Tiniguena, Miguel de Barros, sublinhou a importância da disponibilidade e empenho das comunidades e dos seus representantes, para a implementação das medidas propostas, para a solução dos problemas levantados nas discussões, assim como na gestão das áreas protegidas e participação nos órgãos de decisão.
Por: Assana Sambú
Cortesia: ONG – Tiniguena
Conosaba/odemocratagb
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