domingo, 25 de setembro de 2016

GUINÉ-BISSAU, "A LUTA E MENHÉR MENHÉR PELO PODER" CONTINUA" 43 ANOS DEPOIS


A Guiné-Bissau assinalou neste sábado, 24, os 43 anos da independência nacional, numa cerimónia presidida pelo Chefe de Estado, mas sem a presença dos presidentes do Parlamento e do PAIGC, partido da independência e o mais votado nas eleições de 2014.

Na presença de milhares de guineenses, em Bissau, José Mário Vaz defendeu a formação de um Governo de unidade nacional e, para tal, apelou a todos os signatarios do acordo a serem capazes de honrar a sua palavra”.

Apesar de dizer que a implementação do mesmo não será o remédio santo para curar todos os males da Guiné-Bissau, Vaz chamou-a de uma “plataforma de concenso para apaziguar as tensões politicas no intuito de restaurar a estabilidade governativa até o fim da presente legislatura”

“Cabe a cada um de nós responder a esta questão essencial, sobretudo quando estão em causa os nossos próprios interesses”, sublinhou o Presidente, perguntando: “O que fazemos no dia-a-dia enquanto sociedade para combater males como a impunidade, a corrupção ou o favoritismo, a indisciplina, a intriga, a inveja, ociosidade e outros vícios contrários ao interesse nacional e a inspiração de instabilidade e bem-estar de todo um povo?”

Na sua intervenção, José Mário Vaz fez um balanço dos dois anos do seu mandato, durante o qual, destacou, não houve assassinatos políticos, e classificou a crise actual de politico-institucional, que deve encontrar resposta junto dos tribunais.

Na cerimónia estiveram presidentes o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Paulo Sanha, o presidente do Tribunal de Contas, Dionísio Cassamá, o primeiro-ministro Baciro Djá, membros do Executivo, chefias militares e representantes do corpo diplomático acreditado em Bissau.

Os grandes ausentes e que reflectem a divisão do país 43 anos depois da proclamação da Independência Nacional, a 24 de Setembro de 1973, nas matas de Gabu, foram o presidente do PAIGC Domingos Simões Pereira e o presidente do Parlamento, também pertencente ao partido da independência, Cipriano Cassamá.

Acordo e novo Governo

A Guiné-Bissau passou por diversas crises, mas, como se diz nas ruas, "a luta continua".

Depois de mais um golpe militar em 2012, que levou o país a mais uma etapa de violência e desgoverno, o país realizou eleições gerais em Abril de 2014, mas um ano e três meses depois uma crise no seio do partido no poder, o PAIGC, em particular entre o Presidente da República, José Mário Vaz, e o então primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, abriu uma nova crise política.

Pereira viria a ser demitido em Agosto de 2015 por Vaz, abrindo caminho à nomeação de três primeiros-ministros e a formação do Governo actual, liderado por Baciro Djá, deputado pelo PAIGC e expulso do Parlamento com mais 14 colegas, e com o apoio do PRS, segundo partido mais votado.

Há duas semanas, as partes envolvidas assinaram um acordo de entendimento, com a mediação da CEDEAO, mas não há novos desenvolvimentos.

O documento prevê a constituição de um Governo inclusivo para assegurar, nos próximos dois anos, a reforma da Constituição, a lei eleitoral e a modernização dos sectores da defesa e segurança, justiça e administração publica.


Conosaba com Voa

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