Paris – A diáspora guineense juntou-se ao côro de protestos contra as perdas de liberdades democráticas na Guiné-Bissau, numa manifestação que percorreu na tarde deste sábado, 18 de Maio, algumas artérias de Paris, como explica à RFI um dos seus organizadores, Iaia B. Djassi.
O cidadão guineense começou por se mostrar surpreendido pela amplitude da mobilização por parte da diáspora guineense em Paris. De acordo com Iaia B. Djassi, “estavam presentes [na manifestação] entre 200 a 250 pessoas”.
"O número de pessoas superou as expectativas, demonstrando que a maior parte da população na diáspora está sensível ao que se passa na Guiné-Bissau, onde a situação está à beira do caos", descreveu.
Iaia B. Djassi explicou que a Guiné-Bissau tem "um parlamento eleito há menos de um ano e, o governo simplesmente [por motivos pessoais], derrubou esse parlamento e não quer trabalhar com ninguém. Quer implementar uma ditadura no país.”
Em Paris, os manifestantes exigem, ainda, “a liberdade para os presos políticos e os militares feitos prisioneiros por motivos que mesmo eles [as forças ao serviço de Sissoco Embaló] não conseguem justificar.”
Um dos objectivos da manifestação era reclamar o “retorno da ordem constitucional, com o parlamento no mínimo a funcionar na sua plenitude", além de exigir a "organização de eleições presidenciais que, normalmente devem ter lugar no mês de Novembro, no máximo”.
Quanto à busca de novas alianças no exterior, por parte do actual Presidente guineense, nomeadamente com a sua recente visita e assinatura de acordos militares com a Rússia, Iaia B. Djassi, considera que Umaro Sissoco Embaló “está a perder aliados que tinha aqui no Ocidente, devido à ditadura que está a querer implementar no país".
A Guiné-Bissau está "a perder apoios, não tem outra alternativa senão juntar-se à Rússia. Todos nós sabemos como é que Putin [e a Rússia] vêem a democracia", acrescentando que "mesmo a França que tinha anteriormente sido sua aliada, deixou de o ser porque só quem é cego não consegue ver o que está a acontecer na Guiné-Bissau".
"Nenhuma instituição funciona, as rádios foram todas fechadas. É proibido organizar manifestações no país. Está tudo em contra-corrente, contra a herança histórica da Guiné-Bissau, um país que obteve a sua independência através de uma luta armada liderada por jovens que se bateram pela liberdade da Guiné. O exemplo de Amílcar Cabral faz da Guiné-Bissau uma referência e, hoje em dia, infelizmente, estamos a perder isso”, concluiu.
Por: Nelson Nascimento
Conosaba/rfi.fr/pt/
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