quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Militares guineenses apresentam armas que seriam usadas para golpe de Estado


O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses, Biague Na Ntan, apresentou hoje um conjunto de armas de guerra que, alegadamente, seriam usadas pela Guarda Nacional para dar um golpe de Estado no passado dia 01.

O general Na Ntan apresentou cerca de duzentas armas ligeiras do exército, entre as quais metralhadoras AK 47, lança granadas RPG 7, granadas de mão, carregadores de balas, cassetetes da polícia e escudos de proteção.
De acordo com o chefe das Forças Armadas guineenses, "muitos desses materiais" foram capturados "na casa, em Bissau, e na aldeia de Vítor Tchongo", comandante da Guarda Nacional, corporação que Biague Na Ntan acusa de ter tentado dar o golpe de Estado.

"O plano deles era tomar de assalto o quartel do exército e avançar para a libertação dos detidos do caso 01 de fevereiro. Isso não é um golpe?", questionou Na Ntan.

O general referia-se a um grupo de cerca de 50 pessoas, entre militares e civis, detidas na sequência de uma outra tentativa de golpe de Estado ocorrida no dia 01 de fevereiro de 2022.

Do arsenal hoje apresentado aos jornalistas no Quartel-General das Forças Armadas guineenses em Bissau, algumas armas teriam sido capturadas na casa de outros elementos da Guarda Nacional e outras ainda recolhidas após a debandada dos soldados, precisou uma fonte militar.

Na madrugada e na manhã de sexta-feira passada elementos da Guarda Nacional envolveram-se em trocas de tiros com as Forças Armadas na sequência da decisão do comandante da Guarda, Vítor Tchongo, de libertar dois membros do Governo que se encontravam detidos na Polícia Judiciária (PJ).

Os dois governantes, sob investigação no Ministério Público, foram reconduzidos às celas da PJ, o comandante da Guarda Nacional foi detido e, em resultado da ação armada, morreram dois militares.

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, disse tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado e na sequência dissolveu o parlamento.

O chefe das Forças Armadas, Biague Na Ntan, corroborou as palavras do Presidente e ainda considerou tratar-se de uma "ação de bandidos que querem perturbar o país", adiantando ter falado pessoalmente, por três vezes, ao telefone, com Vítor Tchongo para depor as armas.

Questionado sobre se considera justificável a decisão do Presidente da República pela ação da Guarda Nacional, Biague Na Ntan disse que estava a falar "apenas como militar e não como político".

O general Na Ntan disse que, a partir de agora, as Forças Armadas vão assumir o "controlo total" da Guarda Nacional, uma corporação sob a tutela do Ministério do Interior, e anunciou "tolerância zero" para quem "tentar perturbar a paz" no país.

"As Forças Armadas estão a trabalhar para repor a ordem e permitir que os operadores económicos venham investir", observou Biague Na Ntan.

Conosaba/Lusa

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