sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Justiça guineense investiga 36 jovens que queriam emigrar para Espanha de canoa

Pescadores, Guiné-Bissau
O Ministério Público da Guiné-Bissau está a investigar um caso que envolve 36 jovens que queriam viajar para Espanha de canoa e que teriam pagado cerca de 500 euros cada a um angariador, disse esta sexta-feira à Lusa fonte judicial.

Os jovens, na sua maioria naturais da Guiné-Conacri e residentes na Guiné-Bissau, terão sido aliciados em Bissau para a possibilidade de uma viagem de canoa para Espanha, mediante o pagamento de 350 mil francos CFA (cerca de 500 euros).

A viagem neste alegado esquema de emigração ilegal partiria da ilha guineense de Bolama, precisou à Lusa fonte do Ministério Público, que indicou que o angariador dos jovens está desaparecido.

Assimu Ba, um dos candidatos à viagem, explicou que pagou o dinheiro ao angariador no dia 24 de novembro e que aquele lhe pediu que aguardasse pelo dia da partida, que "acabou por não acontecer".

"Ficamos lá, na ilha de São João, em Bolama, durante oito dias até que as autoridades nos descobriram, prenderam-nos e trouxeram-nos para Bissau", afirmou Ba, que agora só quer reaver o seu dinheiro.

O jovem explicou que a situação vivida em Bolama "foi muito difícil" nos dias da espera para partir para Espanha de canoa, devido à falta de alimentos para todos os que ali se encontravam.

"Só comíamos uma vez por dia", explicou Assimu Ba.

O Ministério Público tenta localizar o angariador dos jovens, mas acredita que poderá já não se encontrar na Guiné-Bissau, por ser um cidadão estrangeiro, indicou a mesma fonte.

Abubacar Doumboya, presidente da comunidade da Guiné-Conacri na Guiné-Bissau, lamentou que aqueles jovens tenham sido "enganados mais uma vez", mas disse ser o resultado da situação do continente africano que "não consegue oferecer melhores condições de vida" aos cidadãos.

Conosaba/Lusa

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