sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Organização guineense “Mulher Não É Tambor” capacita músicos contra a violência




A organização guineense "Mulher Não É Tambor" está a levar a cabo uma formação para jovens músicos sobre a importância de escrita de letras que desincentivem a violência contra a figura feminina no país.

Iolanda Garrafão, coordenadora do movimento "Mulher Não É Tambor", uma associação de jovens que lutam contra a violência doméstica que dizem estar a aumentar na Guiné-Bissau nos últimos anos, explicou à Lusa que a iniciativa se enquadra no âmbito de um financiamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

A formação, iniciada na quarta-feira e que termina hoje, em Bissau, junta cerca de três dezenas de músicos da nova geração, os quais serão capacitados com conhecimento sobre a importância e o poder da música para a mudança de mentalidades.

A coordenadora do movimento disse que a Guiné-Bissau "é uma sociedade extremamente machista", onde os músicos "contribuem ainda mais" para "a sexualização do corpo da mulher o que acaba por exacerbar a cultura da violência".

"Tal como nas escolas e na sociedade no geral, os músicos, os cantores da nova geração, precisam ser apetrechados para que melhorem as suas letras musicais", observou Garrafão, socióloga formada no Brasil.

A coordenadora do "Mulher Não É Tambor" defende ser urgente a mudança de mentalidades dos jovens músicos, pois "alguns apresentam ao público letras obscenas que fazem apologia à violência" contra a mulher.

Por ser "algo que fica na memória coletiva dos fãs", Iolanda Garrafão quer que os jovens músicos utilizem aquela forma de arte como fizeram os artistas no momento da luta armada pela independência da Guiné-Bissau, em que louvaram a bravura e a coragem dos combatentes.

A atual geração de "combatentes pela emancipação da mulher guineense", no lugar de pegar em armas de fogo, como o fizeram mulheres como Titina Sila, Canhe Na Ntungue (heroínas pela independência) prefere trabalhar na consciencialização coletiva da sociedade, frisou Iolanda Garrafão.

Conosaba/Lusa

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