A chefe da diplomacia de São Tomé e Príncipe reiterou hoje o compromisso de pagar as contribuições em atraso à Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e que o país está preparado para assumir a presidência da organização.
"Sem dúvida que São Tomé reconhece que não tem cumprido na totalidade [o pagamento das suas contribuições], ou como gostaria de o poder fazer, mas reitera a sua vontade de cumprimento", afirmou Edite Tenjua, em declarações à Lusa em Lisboa, após ter participado na 76.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
"Houve um reforço este ano, mas temos algumas quotas em atraso", disse, sem precisar o valor.
No entanto, defendeu que esse aspeto do pagamento das quotas não é um requisito de avaliação para um Estado-membro da organização "poder ou não preencher uma determinada posição" dentro da comunidade, numa alusão ao facto de o país ter mostrado disponibilidade para assumir a presidência da CPLP em 2023.
Uma intenção ainda a ser confirmada pelo Presidente eleito de São Tomé, Carlos Vila Nova, após a sua tomada de posse a 02 de outubro.
"O pagamento das quotas, naturalmente que abona para um melhor funcionamento desta instituição como qualquer outra que também vive da contribuição dos seus membros", admitiu, mas "São Tomé não é o primeiro e, possivelmente, não será o último membro que não cumpre em tempo útil com as suas responsabilidades", acrescentou.
A ministra atribuiu à situação económica global que se vive, provocada pela pandemia, uma parte da justificação para estes atrasos.
A governante admitiu, no entanto, que se trata de um desafio. "Naturalmente que sim [...] Assumir a presidência de uma organização que quer crescer e que tem vocação para ter um papel extremamente relevante é sempre um desafio muito grande".
Escusando-se a falar para já nas prioridades para a presidência são-tomense porque o Presidente eleito só toma posse em 02 de outubro, Edite Tenjua referiu-se apenas à sua visão do que deve ser a CPLP.
"Na minha perspetiva, a CPLP deve assumir-se na sua vertente mais económica e daí que diria que nós compreendemos perfeitamente a orientação da presidência angolana, sobretudo num momento de pandemia [...] em que há necessidade de se pensar na retoma económica", referiu.
"São Tomé vê com muito bons olhos que a CPLP possa representar também um bloco económico", considerando "as potencialidades dos países que a compõem do ponto de vista dos recursos que esses países têm", defendeu.
A ministra acrescentou que, para chegar aí, a CPLP não precisa de fazer uma mudança de direção, "é uma questão de evolução da própria organização".
Assim, "a questão económica e da retoma não é sequer uma opção, é uma necessidade", disse.
"A verdade é que temos hoje um novo normal, de crise económico-financeira global, decorrente desta pandemia, de preocupações que tem de ser avaliadas do ponto de vista conjunto" como a nível da saúde, num momento em que é preciso "ter mais solidariedade".
Edite Tenjua realçou também que os países ainda estão numa segunda fase da batalha covid-19 "a da vacinação", e considerou que "este é um fator que não pode ser relegado".
Por isso, defendeu que o grande ponto da agenda da CPLP "deve ser sempre a questão da saúde". "Penso que a comunidade deve fazer uma reflexão do ponto de vista de aprender algumas lições. Nós vimos que a solidariedade teve aqui um papel extremamente fundamental", acrescentou.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau. Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP, organização que este ano celebrou o seu 25.º aniversário.
Conosaba/Lusa
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