Uma greve geral, "por tempo indeterminado", hoje iniciada por médicos e pessoal de apoio, paralisou os hospitais e centros de saúde na Guiné-Bissau, uma situação que o Governo já lamentou "profundamente", prometendo garantir os serviços mínimos.
Entre outros pontos, o pessoal médico reivindica o pagamento de salários e subsídios em atraso, o seu enquadramento efetivo no chamado Estatuto de Pessoal de Saúde e melhorias nos centros de atendimento aos doentes de covid-19.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos condenou, na sua página de Facebook, o que considerou ser "uma autêntica debandada nas unidades hospitalares, em especial no Hospital Nacional Simão Mendes" de Bissau, por parte de doentes.
"A Liga regista com muita apreensão a paralisação total de serviços de saúde na sequência da greve decretada pelas organizações sindicais do setor de saúde. Neste preciso momento todos os hospitais e centros de saúde encontram-se paralisados e sem cuidados mínimos aos pacientes", lê-se no comunicado da organização dirigida pelo advogado Augusto da Silva.
A organização apela à "urgente intervenção do Governo" para evitar mortes de pacientes que se encontravam nos hospitais, mas também exorta os profissionais de saúde a observarem os serviços mínimos, que não existem.
Fonte do sindicato dos médicos da Guiné-Bissau disse à Lusa que a paralisação hoje iniciada "não se trata de uma greve, mas de um boicote nacional" e que não terá "nem serviço mínimo".
"Dada a gravidade da situação, os familiares estão a retirar dos hospitais e centros de saúde os pacientes, incluindo os que se encontram nos serviços de cuidados intensivos", observa a Liga Guineense dos Direitos Humanos.
No comunicado designado "Urgência de acabar com a catástrofe nacional no setor da Saúde", a Liga chama atenção das autoridades sobre a gravidade da situação, tendo em conta a pandemia da covid-19.
A secretária de Estado de Gestão Hospital, Cornélia Man, lamentou que a greve que já vinha sendo observada por parte do pessoal de saúde tenha tido, a partir de hoje, a adesão de todos os profissionais do setor e sem os serviços mínimos, notou.
"É lamentável a situação da greve, mas a população tem direito ao serviço mínimo. Não vamos dizer como, mas a população pode estar segura de que vamos garantir o serviço mínimo. Quero dizer que a lei que dá direito ao trabalhador para convocar a greve ressalva o serviço mínimo. Mas não estão a observá-lo. Não há caderno reivindicativo nem pré-aviso de greve", disse a governante.
Para Cornélia Man a grave "não respeitou a lei" guineense.
A governante acusou ainda os profissionais de saúde de sensibilizarem os doentes a abandonarem os hospitais e centros de atendimento tanto em Bissau como no interior do país.
"Como se não bastasse, estão a dizer aos doentes para irem a casa porque não vão ser atendidos. Quem estiver de greve, não deve dizer ao doente para ir a casa. Como é que um doente canalizado pode ser mandado para casa?" questionou.
Conosaba/Lusa
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