O Presidente do Brasil condenou hoje a operação das forças armadas de Israel na cidade palestiniana de Rafah e denunciou a continuada morte de mulheres e crianças na Faixa de Gaza.
"Acabaram de discutir (um acordo para) a paz na Faixa de Gaza e Israel invadiu [Rafah] outra vez. E o Presidente do Israel diz todo dia, eu não paro, não paro, não paro, e vai matando mulheres e crianças", afirmou Lula da Silva referindo-se o mais recente ataque do exército israelita em Gaza.
Num comunicado divulgado na noite de segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Brasil tinha já anunciado que o Brasil "condena o início de operação das forças armadas de Israel contra a cidade de Rafah, na Faixa de Gaza".
"Ao optar, com essa ação militar, por deliberadamente intensificar o conflito em área sabidamente de alta concentração da população civil de Gaza neste momento, o Governo israelita, mostra, novamente, descaso pela observância aos princípios básicos dos direitos humanos e do direito humanitário, a despeito dos apelos da comunidade internacional, inclusive de seus aliados mais próximos", acrescentou o mesmo texto.
Segundo a diplomacia brasileira, a operação em Rafah pode comprometer os esforços de mediação e diálogo em curso na faixa de Gaza.
O exército israelita enviou tanques para Rafah e assumiu o controlo do lado palestiniano da passagem de fronteira com o Egito, sete meses após o início da guerra contra o Hamas em Gaza.
Os bombardeamentos noturnos na cidade causaram a morte de pelo menos 27 pessoas, segundo informações de dois hospitais de Rafah citados pela AFP.
Na véspera, o exército israelita tinha apelado para a retirada de dezenas de milhares de famílias do leste da cidade, onde vivem 1,4 milhões de palestinianos, segundo a ONU.
A medida foi vista como uma antecipação de uma ofensiva terrestre que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu lançar para eliminar os últimos batalhões do Hamas.
A ONU anunciou hoje que o exército israelita lhe negou o acesso a Rafah, a principal porta de entrada da ajuda humanitária no território palestiniano.
A organização afirmou também que só dispõe de um dia de abastecimento de combustível para as operações humanitárias em Gaza, devido ao encerramento de Rafah.
Enquanto Israel prossegue as operações militares, novas conversações deverão realizar-se no Cairo, depois de o Hamas ter aceitado, na segunda-feira, um projeto de acordo para tentar pôr fim à guerra.
A proposta, apresentada pelos países mediadores, está "muito longe das exigências israelitas", respondeu o gabinete de Netanyahu.
O atual conflito foi desencadeado por um ataque sem precedentes do movimento islamita Hamas em solo israelita, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos, segundo Israel.
A ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza provocou cerca de 34.800 mortos, de acordo com o governo do Hamas, que controla o território desde 2007.
Conosaba/Lusa
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