sábado, 31 de maio de 2025

❗Henrique Calisto eleito para a ANTF com 90,6% dos votos❗

 

𝗛𝗲𝗻𝗿𝗶𝗾𝘂𝗲 𝗖𝗮𝗹𝗶𝘀𝘁𝗼, 71 anos, é o novo 𝗽𝗿𝗲𝘀𝗶𝗱𝗲𝗻𝘁𝗲 𝗱𝗮 𝗔𝘀𝘀𝗼𝗰𝗶𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗡𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗹 𝗱𝗼𝘀 𝗧𝗿𝗲𝗶𝗻𝗮𝗱𝗼𝗿𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝗙𝘂𝘁𝗲𝗯𝗼𝗹. A eleição para os novos corpos sociais desta Associação decorreu durante o XVI Congresso Nacional, realizado este sábado na Arena Liga Portugal, no Porto, e ditou a vitória daquele que foi um dos fundadores e o seu primeiro presidente.

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Henrique Calisto, pela 𝗟𝗶𝘀𝘁𝗮 𝗔, obteve 𝟮𝟯𝟯 𝘃𝗼𝘁𝗼𝘀, ou seja 90,6 por cento, com o candidato da Lista B, André Reis, a registar 𝟮𝟬 𝘃𝗼𝘁𝗼𝘀. Houve três votos em branco e um voto nulo. Com um total de 257 votantes, esta tratou-se da maior adesão de sempre às eleições da ANTF. Foi, assim, uma 𝘃𝗼𝘁𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗵𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗰𝗮.
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“Esta 𝗻𝗮̃𝗼 𝗲́ 𝘂𝗺𝗮 𝘃𝗶𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮 𝗺𝗶𝗻𝗵𝗮. É uma vitória de todos os que acreditam que o treinador português deve ser respeitado, valorizado e protegido. É uma 𝘃𝗶𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮 𝗱𝗮 𝗰𝗼𝗺𝗽𝗲𝘁𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮, 𝗱𝗮 𝘀𝗲𝗿𝗶𝗲𝗱𝗮𝗱𝗲 𝗲 𝗱𝗮 𝗽𝗮𝗶𝘅𝗮̃𝗼 𝗽𝗼𝗿 𝗲𝘀𝘁𝗮 𝗽𝗿𝗼𝗳𝗶𝘀𝘀𝗮̃𝗼. Assumo este cargo para servir os treinadores portugueses de todos os níveis – do futebol profissional ao amador, do masculino ao feminino, dos escalões de formação ao alto rendimento. Queremos 𝘂𝗺𝗮 𝗔𝗡𝗧𝗙 𝗮̀ 𝗮𝗹𝘁𝘂𝗿𝗮 𝗱𝗮𝗾𝘂𝗲𝗹𝗲𝘀 𝗾𝘂𝗲 𝗿𝗲𝗽𝗿𝗲𝘀𝗲𝗻𝘁𝗮𝗺𝗼𝘀: os melhores treinadores do mundo, a melhor escola de treinadores do mundo”, destacou o novo presidente.
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Henrique Calisto que tomou posse no final do XVI Congresso Nacional, sucede, assim, a José Pereira, que esteve à frente da Direção da ANTF durante 39 anos. 𝗠𝗮𝗻𝘂𝗲𝗹 𝗚𝗼𝗻𝗰̧𝗮𝗹𝘃𝗲𝘀 𝗚𝗼𝗺𝗲𝘀 (Neca) é o novo presidente da Mesa da Assembleia Geral, enquanto 𝗩𝗶𝗰𝘁𝗼𝗿 𝗠𝗮𝗰̧𝗮̃𝘀 é o novo líder do Conselho Fiscal.
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“A ANTF tem de ser muito mais do que uma associação de classe: será uma 𝗽𝗹𝗮𝘁𝗮𝗳𝗼𝗿𝗺𝗮 𝗱𝗲 𝗱𝗲𝗳𝗲𝘀𝗮 𝗶𝗻𝘁𝗿𝗮𝗻𝘀𝗶𝗴𝗲𝗻𝘁𝗲 dos direitos, da dignidade e da valorização do treinador português”, finalizou Henrique Calisto.

PROCURADOR-GERAL DIZ QUE LIBERDADE DE EXPRESSÃO É FUNDAMENTAL PARA A DEMOCRACIA

O Procurador-Geral da República, Bacari Biai, defendeu neste sábado, 31 de maio, que a liberdade de expressão é essencial para a consolidação da democracia e a promoção de uma sociedade mais justa e participativa.
A declaração foi feita durante uma palestra realizada na Casa dos Direitos, em Bissau, logo após o lançamento do movimento “Juventude Guineense pelos Direitos Humanos”, que visa reforçar a intervenção dos jovens na defesa dos direitos fundamentais.
O evento contou com a presença de representantes da sociedade civil. Bubacar Turé, presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, acusou o Estado guineense de ser o principal responsável pelas violações dos direitos humanos no país.
Silvino António, presidente do novo movimento, destacou que a iniciativa surge como resposta à contínua deterioração das condições de vida da população e à falta de garantias dos direitos sociais.
Apesar dos esforços da sociedade civil, persistem sérios problemas no país: a maioria da população continua sem acesso a água potável, milhares de crianças estão fora da escola, e os setores da saúde e da educação enfrentam constantes paralisações.
RSM: 31/05/2025

NOTA DE CONDOLÊNCIAS


Foi com imensa tristeza e profunda consternação que a Federação de Futebol da Guiné-Bissau recebeu, na sexta-feira, 30 de maio, a notícia do falecimento do ex-futebolista guineense, Carlos Mané.

Para a FFGB, trata-se de uma perda irreparável de um antigo atleta exemplar, competente, dedicado e trabalhador, que contribuiu significativamente para o desenvolvimento do futebol nacional.

Neste momento de dor e luto, a FFGB apresenta as suas mais sentidas condolências à família enlutada, aos amigos e a todos aqueles que partilharam da convivência e do legado de Carlos Mané.

Glória eterna a Carlos Mané!

PR guineense nomeia economista Keita Baldé novo ministro da Agricultura


O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, nomeou hoje o economista Keita Baldé novo ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, em substituição de Fatumata Djau Baldé, exonerada em março passado, anunciou a presidência do país, através de um decreto.

De acordo com o documento, Sissoco Embaló nomeou Keita Baldé, quadro do Ministério das Finanças guineenses, chegando a ser diretor-geral da Contribuição e Impostos, sob a proposta do primeiro-ministro, Rui Duarte de Barros.

A 19 de março, Fatumata Djau Baldé, ativista ligada aos Direitos Humanos, foi exonerada do cargo de ministra da Agricultura e Desenvolvimento Rural, na sequência de uma polémica em que é acusada, alegadamente, de desvio de fundos públicos.

Dirigente do Partido dos Trabalhadores da Guiné (PTG), fundado e liderado por Botche Candé, atual ministro do Interior guineense, Fatumata Djau Baldé foi denunciada pela juventude do seu partido de alegadas práticas de corrupção.

A exoneração de Djau Baldé ocorreu no mesmo dia em que foi ouvida pelo Ministério Público que, entretanto, não lhe aplicou nenhuma medida de coação, conforme disse, na altura, o seu advogado, Suleimane Cassamá.

O novo ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural é também dirigente do PTG.

Lusa 

«Guiné-Bissau» Piroga com candidatos à emigração irregular intercetada em Cachéu

 

Uma operação conduzida pelo destacamento n.º 2 da Brigada Costeira, sediado no setor de Cachéu, norte da Guiné-Bissau, resultou na apreensão, este sábado (31.05), de uma piroga com destino a uma viagem de emigração clandestina. A embarcação foi interceptada na zona de Ponta Pedra, na ilha de Pexice.
No total, 56 pessoas estavam a bordo, incluindo 55 adultos – 41 homens e 14 mulheres – e uma criança de aproximadamente 10 anos idade. Os passageiros são de nacionalidade guineense, senegalesa e conacriense (Guiné-Conacri).
Sob o comando do chefe de operações Júlio Becuque, a força costeira conseguiu intercetar a embarcação antes que esta prosseguisse com a travessia marítima ilegal. Durante a inspeção, foram encontrados um motor fora de borda de 40 cavalos e uma quantidade não especificada de gasolina.
As autoridades continuam as investigações para identificar os organizadores da viagem e reforçar o combate à emigração clandestina na região. A Brigada Costeira reafirma o seu compromisso em garantir a segurança nas águas territoriais e proteger vidas humanas de riscos associados a estas travessias perigosas.
Por TV CACHEU
Cacheu, 31/05/2025

CHINA DOA MEDICAMENTOS E MATERIAIS HOSPITALARES AO GOVERNO GUINEENSE

O embaixador da República Popular da China entregou esta sexta-feira, 30 de maio de 2025, ao Hospital Militar Principal, medicamentos e materiais hospitalares doados pelo governo da República Popular da China ao governo da Guiné-Bissau.

Os materiais e equipamentos médicos doados, no âmbito da cooperação de amizade entre os dois países, incluem antibióticos, medicamentos antimaláricos, analgésicos e outros materiais essenciais, bem como equipamentos especializados para as salas de cirurgias.

Após assinatura e entrega dos materiais, o General Jorge Aniceto da Costa, em representação do ministro da Defesa Nacional, sublinhou que o gesto simboliza não apenas o apoio material, como também um “compromisso inabalável” com o bem-estar e a saúde da comunidade guineense.

Jorge Aniceto enalteceu que a assistência e o apoio incansável da universidade Chi Chuan, pela sua dedicação e fortalecimento das relações médicas e científicas entre as duas nações, o que tem sido fundamental para o progresso da cooperação bilateral entre a Guiné-Bissau e a China.

“A troca de conhecimentos e tecnologias entre profissionais de saúde não apenas melhora a capacidade de resposta do nosso sistema hospitalar, também cultiva um espírito de colaboração que transcende fronteiras”, notou.

Satisfeito com a oferta do governo da República da China, o diretor clínico do Hospital Militar Principal, Major Artur Insumbo, assegurou que irá reforçar um pouco a dinâmica do Hospital e minimizar as dificuldades, sobretudo no que tange à aquisição dos materiais e medicamentos do dia-a-dia para estarem à altura dos desafios e responder às exigências médicas.

Por sua vez, o Embaixador da República Popular da China na Guiné-Bissau, Yang Renhou, enfatizou que a doação de medicamentos e equipamentos médicos é uma medida concreta para a implementação de consenso no aprofundamento da cooperação na área de saúde pública, transformando “a profunda amizade” do povo chinês para os seus amigos guineenses e reflete a firme condição da China e a Guiné-Bissau em construir conjuntamente uma comunidade global de saúde para todos.

O diplomata chinês disse esperar que os materiais doados vão desempenhar um papel crucial na proteção da saúde pública da Guiné-Bissau, lembrando que a China envia à Guiné-Bissau equipas médicas, uma após outra, que percorreram milhares de quilómetros para simplificar a saúde pública do país, demonstrando plenamente “o grande espírito internacionalista”.

Para Yang Renhou, a área da saúde tem sido sempre um domínio importante da cooperação para a China e a Guiné-Bissau, tendo realçado que a parte chinesa está sempre disposta a continuar a implementar o importante consenso dos chefes de Estado, fornecendo mais assistência à Guiné-Bissau, incluindo a finalização oportuna de campanha de consultas gratuitas, promovendo ativamente a cooperação entre hospitais parceiros e ajudar a Guiné-Bissau a elevar o seu nível de serviços de saúde pública.

Por: Carolina Djeme
Conosaba/odemocratagb.

“SE O PRESIDENTE SISSOCO GANHAR AS ELEIÇÕES, RASGARÁ A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA” – Secretário Geral do MADEM-G15

O Secretário Geral do Movimento para Alternância Democrática (MADEM), José Carlos Macedo Monteiro, afirmou esta quinta-feira, 29 de maio de 2025, que se o atual Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, ganhar as próximas eleições presidenciais de 23 de novembro, rasgará a Constituição da República e não haverá mais eleições.

“Fará como Paul Kagame do Ruanda. No Ruanda, ninguém fala de eleições” disse, num encontro em Biombo com os militantes do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), da ala dissidente do Madem -15 de Braima Camará e agora liderada por Adja Satu Camará, segunda vice-presidente do Parlamento dissolvido.

“O objetivo do Presidente Umaro Sissoco Embalo é conseguir um segundo mandato e, em seguida, rasgar a Constituição da República da Guiné-Bissau. Se acontecer, permanecerá no poder até quando quiser”, afirmou e disse que “vamos fazer como na China e no Ruanda”.

“Os deputados ajudarão a acabar com a Constituição da República”, insistiu.

Relativamente a medida de proibição de manifestações, o também Secretário de Estado da Ordem Pública disse que a decisão (o despacho) mantém-se em vigor e disse que não haverá mais manifestações, nem comícios políticos na Guiné-Bissau até que o Ministério do Interior revogue o despacho que os proibiu manifestações no país.

“A única pessoa que tem essa liberdade é Umaro Sissoco Embaló, nas suas presidências abertas. Vamos acompanhar isso, mas ninguém mais pode fazer qualquer manifestação aqui”, afirmou.

José Macedo Monteiro frisou que “se Nuno Gomes Nabian não fosse de uma etnia específica, não seria primeiro-ministro, por não ter competências para tal”.

Por: Filomeno Sambú
odemocratagb.

ESCOLA SUPERIOR DE JORNALISMO DEFENDE O FIM DO “ANALFABETISMO CIENTÍFICO” NA IMPRENSA GUINEENSE


O Diretor-geral da Escola Superior de Comunicação e Jornalismo, António Nhaga, defendeu esta sexta-feira, 30 de maio de 2025, a erradicação do “analfabetismo científico” na imprensa guineense e dar lugar a nova forma de abordagem do jornalismo moderno e que obedeça aos padrões internacionais do jornalismo.

A posição do também Bastonário da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau foi defendida na abertura do seminário, que decorreu em Bissau, sobre o pensamento de Mário Mesquita e Jornalismo Científico na Guiné-Bissau.

No seu discurso, António Nhaga defendeu que é fundamental formar uma nova geração que será capaz de produzir conteúdos de qualidade e transparentes para a comunicação social.

“Tem sido um dos nossos desafios, combater o analfabetismo científico. A Escola Superior de Comunicação e Jornalismo veio exatamente para combatê-lo, sobretudo em relação à imprensa”, precisou, para de seguida afirmar estar convencido que se a classe conseguir acabar com este fenómeno e “a educação bancária”, conseguir-se-á fazer algo positivo para este setor.

O Diretor-geral da Escola Superior de Comunicação e Jornalismo afirmou que o maior problema no jornalismo guineense reside na educação bancária, porque “num país onde há um imaginário coletivo democrático, há sempre a necessidade de haver um jornalismo científico”.

“Se não há um jornalismo científico, não existe praticamente o jornalismo, por isso desafio a nova geração para, em conjunto, debatermos este assunto na pegada do Drº Mário Mesquita, um grande pensador português, que conseguiu estabelecer na imprensa portuguesa aquilo que hoje chamamos de educação científica. Ou seja, ele e mais alguns dos seus colegas conseguiram acabar com o analfabetismo científico em Portugal, sobretudo ao nível da imprensa. Hoje, a imprensa portuguesa é independente e produz conteúdos de qualidade. Nós precisamos disso, mas para que isso aconteça teremos que cultivar o jornalismo nacional”, recomendou o comunicólogo guineense e docente universitário.

António Nhaga disse que decidiu convidar os mais novos para essa nova abordagem, porque queria que fossem eles mesmos a debaterem o tema e que, no final de tudo, tirassem as conclusões necessárias da escola e o seu impacto para a nova geração, bem como começassem a cultivar o jornalismo nacional.

“Há um grande problema na Guiné-Bissau que reside entre distinguir um jornalista de um repórter. Se essa questão for levantada para debater, vamos ter conceitos contraditórios, por isso queremos construir novas narrativas, porque há ainda gente entre nós que não consegue separar as duas coisas. O desafio é vosso, a nova geração, portanto encarem-no com determinação. Porque devem cultivar a nova forma de pensar o jornalismo”, desafiou.

Por: Filomeno Sambú
Conosaba/odemocratagb.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

CÂMARA MUNICIPAL DE BISSAU SEM CONDIÇÕES DE EVACUAR TODOS OS LIXOS PRODUZIDOS NA CAPITAL BISSAU

 

Rádio Sol Mansi

A Câmara Municipal de Bissau (CMB) revela hoje que não está em condições de evacuar todos os lixos produzidos na capital Bissau




Cidadão nacional, Augusto Bastos Pinto Rocha, que diz ser proprietário do terreno sito em Ponta Rocha, arredores de Safim, espaço disputado por Amadu Tidjane Baldé e Kaiser Martins, desafiou o último a revelar quem o vendeu a terra em causa. Na segunda-feira, Kaiser Martins acusou o presidente do Tribunal de Contas, Amadu Tidjane Baldé, de ter destruído a fundação da sua obra, no terreno que diz lhe pertencer. Mas em entrevista, esta sexta-feira, à CFM, a partir de Inglaterra, Augusto Bastos Pinto Rocha assumiu ter vendido o terreno apenas a Tidjane Baldé e pede a Kaiser Martins para resolver o problemas com quem o vendeu o espaço:

Por CFM - Data: 30. 05. 2025

«Justiça foi feita!» Deputado Manuel Irénio do Nascimento Lopes absolvido pela Justiça portuguesa.

 



O Presidente da República, General Umaro Sissoco Embaló, presidiu à cerimónia de lançamento do Centro de Serviços Integrados de Transporte, em parceria com a Quipux África. O projecto marca o início da digitalização do sector dos transportes, com um novo sistema de matrículas e serviços centralizados. A empresa prevê expandir brevemente para o interior do país, começando por Bafatá e Gabú.

 


















"A força de uma liderança não está em impor, mas em ouvir. Acredito no diálogo como o caminho mais sólido para construir consensos, resolver conflitos e avançar em soluções que beneficiem a todos. É ouvindo diferentes vozes, respeitando opiniões diversas e mantendo as portas abertas que conseguimos, juntos, fortalecer a democracia e promover o bem comum. Seguiremos firmes nesse propósito: governar com diálogo, escuta e respeito."

 

Madem G -15 Bafatá

Sana Canté: "Sissoco fez de tudo para me tentar subornar" • RFI Português


O jurista, advogado e activista político guineense Sana Canté publicou recentemente um livro intitulado "Quando desistir não é uma opção", um testemunho pessoal em que relata a sua luta contra o actual poder na Guiné-Bissau e o violento sequestro que sofreu em Março de 2022 em Bissau, devido ao seu activismo político. Recebemo-lo nos estúdios da RFI.

O livro intitulado "Quando desistir não é uma opção", com prefácio do jurista Fodé Mané, relata a forma como Sana Canté sobreviveu a um sequestro particularmente violento, filmado pelos agressores e cujo vídeo circulou nas redes sociais na altura do acontecimento, em 2022.

Três anos depois, ainda em recuperação física e moral, Sana Canté conta-nos, nos estúdios da RFI, o olhar que tem de uma luta política sem compromissos.

RFI: O livro inicia com a descrição do seu rapto. É espancado e abandonado quase morto, antes de ser recuperado por desconhecidos. O texto combina narrativa pessoal e reflexão política. Trata-se também de um apelo à acção?

Sana Canté: Exactamente. Para quem já leu, quem acompanhou o nosso percurso e o que nos aconteceu depois de termos sido raptados e sujeitos à aberração da tentativa de assassinato por parte do actual presidente -que para mim não é presidente nem nunca foi, pode perceber quanto nos custou relatar todo o episódio.

Portanto, se a nós nos custou passar por esta situação e ter que relatar tudo de novo para partilhar esta experiência, temos que convocar as forças vivas da nação, o povo guineense, a não se resignar e a manter-se activo na luta de resgate ao nosso Estado.

RFI: Conta que o rapto aconteceu à saída do aeroporto em Bissau. Foi em 2022, depois de ter estado dois anos fora do país. O Sana encontra-se com amigos e até mesmo com o sua segurança pessoal e acaba de chegar de Lisboa. Quando é que se apercebe que algo está a correr mal?

Sana Canté: Logo quando desci do avião, percebi que estava a ser observado por alguém no primeiro piso do aeroporto. Estranhamente, numa altura em que praticamente todos queriam se aproximar de mim e fazer selfies, cumprimentar, encorajar, este alguém fixava-me com uma certa expressão de rancor.

Tentei perceber, mas não conseguia estar atento a tudo, devido à pressão da solidariedade que muitas queriam expressar e me vinham cumprimentar. De resto foi acontecendo tudo muito rápido e infelizmente conseguiram me sujeitar ao bárbaro, à tortura e pronto. Foi o que aconteceu. Não foi por falta de advertência

[Umaro] Sissoco Embaló quando foi declarado vencedor das eleições presidenciais, em 2020, mandou alguém pessoalmente para me dar o recado de que era capaz de perdoar a todos, menos a mim.

RFI: Que outros dados tem que comprovam que o seu sequestro obedeceu a ordens superiores vindas directamente, como escreve no seu livro, de Embaló?

Sana Canté: Antes de mais há este recado directo do próprio Sissoco, que foi, de certa forma, o que me impediu de voltar ao país. Fiquei fora dois anos a tentar me resguardar. Depois, quando já ia no carro, sequestrado, ouvi Sissoco do outro lado da linha telefónica com um dos agentes, sentado no banco da frente, do lado do passageiro. Eu relato essa passagem no livro.

Ouvi o próprio Sissoco Embaló dar instruções claras, dizer que já sabiam o que tinham que fazer comigo e que não podiam de todo falhar. Mas, felizmente para mim, falharam. E aqui estou hoje.

RFI: O Sana diz que foi uma tentativa de assassínio, mas quando tudo isto acontece, em 2022, não vivia na Guiné-Bissau, não era candidato em nenhuma eleição, de certa forma, não representava um perigo iminente para o poder na Guiné-Bissau. Porque razão foi vítima de uma tentativa de assassínio, como alega?

Sana Canté: Não era candidato, mas representava um perigo devido a todas as minhas acções contra o regime que se instalou no país, e que continua até agora com muito medo do poder da manifestação popular. Eu liderava na altura o maior movimento da sociedade civil, o MCCI (Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados).

O MCCI conseguiu mobilizar a maior manifestação contra este regime, representado agora na figura do Sissoco, mas que na altura estava a ser representado pelo JOMAV (José Mário Vaz).

Na altura, Sissoco era Primeiro-ministro e não nos conseguiu demover. Tentou-nos subornar de todas as formas. Não conseguiu. Tivemos, na altura, uma audiência no gabinete do Primeiro-ministro, em que ele me ofereceu somas avultadas em dinheiro que eu recusei.

Disse-me que seria capaz de me mandar de férias para qualquer país do mundo que eu quisesse. Mas estou aqui em Paris, sem qualquer subordinação. E portanto, esta capacidade de mobilização, a nossa forma de abordar a crise, de opinar sobre o que tem feito para destruir o nosso país e que sempre incomodou. Por isso fui sempre visado e não pouparam esforços para me atingir.

RFI: Houve na altura alguma reacção política ao seu sequestro?

Sana Canté: Sim, teve o envolvimento da Liga Guineense dos Direitos Humanos, da Diocese, das Nações Unidas.

RFI: E do Governo da altura?

Sana Canté: Não, não. O Governo, pelo contrário, esteve engajado em boicotar a emissão do meu passaporte. No sequestro retiraram-me todas as documentações. Depois de terem descoberto que afinal eu não tinha morrido, que precisava de ser evacuado com muita urgência para Portugal, resolveram boicotar a emissão do meu novo passaporte.

RFI: Relata no livro os obstáculos administrativos ao fornecimento do seu passaporte, e conta que evocou a possibilidade de utilizar o passaporte do seu irmão gémeo para poder sair do país, tendo em conta as dificuldades.

Sana Canté: Foi uma das opções, na altura. Dada a urgência, avaliámos a possibilidade de fazer uma fuga através da via terrestre. mas não foi possível devido ao meu estado de saúde. Então acabámos por nos manter intransigentes na emissão do passaporte e graças ao envolvimento do Departamento dos Direitos Humanos das Nações Unidas é que foi possível, finalmente, obter o documento.

RFI: Conta que o chefe de Estado "tentou comprar a sua consciência por uma avultada soma em dinheiro". Qual era a intenção?

Sana Canté: A intenção era colaborar com ele [Umaro Sissoco Embaló]. A proposta era clara, tratava-se de permitir a visita do então presidente do Senegal, Macky Sall, com quem Sissoco queria rubricar um acordo de exploração do nosso petróleo, uma coisa totalmente ilegal. Nós não aceitámos. E Sissoco estava disposto, naquele preciso momento, a entregar-me qualquer montante que eu pedisse, sem necessidade de ir ao banco.

RFI: De que tipo de colaboração se tratava em troca?

Sana Canté: Colaboração com o seu regime. Comigo não conseguiu, mas infelizmente conseguiu com vários dos meus colegas que eu aqui dispenso mencionar os nomes para não dar importância a este grupo de - infelizmente, traidores da causa que temos vindo a ter que defender.

Mas entretanto, este episódio foi em 2017, na altura em que Sissoco era Primeiro-ministro. A nossa perseguição já vinha desde 2016 com JOMAV. Com a chegada de Sissoco como Primeiro-ministro, intensificou-se. Depois, quando assumiu a Presidência da República, teve cheque em branco para fazer o que quisesse. Não fui a primeira vítima nem a última.

RFI: Continua a receber ameaças, ainda hoje?

Sana Canté: Sim, sim. Continuam a enviar-me recados através dos tradicionais canais. Um dos recados que recebi, e aqui agora revelo publicamente pela primeira vez, foi através do seu actual ministro dos Negócios Estrangeiros.

Foi quando o PAIGC ganhou as eleições legislativas em 2023, o governo do PAIGC queria colaborar comigo. E Sissoco fez tábua rasa a essa possibilidade. Foi através de Carlos Pinto Pereira, que era na altura meu grande amigo, alguém que eu apreciava muito, sobretudo na advocacia, mas infelizmente fica aqui a minha decepção registada. Foi através dele que me passou o recado.

RFI: Qual era o recado?

Sana Canté: Que ainda ia me conseguir pegar... A intenção era clara e continua a ser essa a sua intenção, me matar. Eu não tenho dúvida disso.

RFI: Neste contexto, ir a Bissau é viável?

Sana Canté: Se dependesse só de mim, já estaria lá. Não temo pela minha vida. A causa é que me importa mais. De momento ainda estou a recuperar deste sequestro. Essa é a única razão. Senão já estaria lá. Mas que Sissoco fique tranquilo que a causa não é Sana Canté. Mesmo que morra, isto já ganhou um ritmo que não há como voltar atrás.

RFI: Há um detalhe intrigante no seu livro é que todos os nomes próprios têm maiúscula, menos o nome de Umaro Sissoco Embaló e dos seus próximos e aliados.

Sana Canté: Ainda bem que notou este detalhe. Foi propositado. Não merecem maiúsculas. Temos que fazer essa menção devidamente quando se trata de humanos, de pessoas com dignidade. Mas quando falta este carácter... O mínimo que eu podia fazer em respeito aos meus leitores era este truque académico.

RFI: Estudou na Faculdade de Direito de Bissau, foi presidente do Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados (MCCI). Na altura, José Mário Vaz era Presidente, Botche Candé era e ainda é ministro do Interior. Já naquela altura havia relatos de espancamentos. As manifestações eram proíbidas, eram dispersadas pela polícia a gás lacrimogéneo, granadas e bastonadas. O que é que mudou e qual é a diferença com o actual poder de Umaro Sissoco Embaló?

Sana Canté: Não, nada mudou. Eu continuo a insistir de que se trata do mesmo regime. O regime que sequestrou o país em 2015 é o mesmo regime que se mantém até agora. Apenas mudou a figura. JOMAV foi substituído por Sissoco.

Mas o modus operandi continua igual. Nós fomos vítimas de tentativas de sequestro. As técnicas de segurança que utilizamos para escapar dessas tentativas de sequestro, e que relatei no livro, foram instruções dadas por uma célula que as Nações Unidas tinha na Guiné-Bissau.

Portanto, o regime apenas substituíu um dos seus elementos. Estão agora a tentar substituir o Sissoco, e ele está a tentar resistir a essa substituição, pelo Nuno Gomes Nabiam, que aqui participou na assinatura do Acordo de Paris, ou pelo Braima Camará ou por um dos seus elementos. Temos a obrigação de continuar a chamar a atenção da opinião pública para todas estas manobras.

RFI: No seu livro tecem ainda uma crítica social. Relata que, para além das perseguições políticas e da violência contra activistas políticos, quem sofre na realidade, é a maioria da população. Escreve que "o sistema educativo está completamente inerte. A pobreza é extrema. Morrem crianças nos hospitais por falta de médicos ou morrem em casa por falta de hospitais. Morrem mulheres grávidas por falta de oxigénio ou de ambulâncias. A média da esperança de vida é das mais baixas do mundo". Chega apenas aos 64 anos, de acordo com a ONU. Apesar de tudo, ainda há esperança?

Sana Canté: É o que diz o livro "Quando desistir não é opção". Isto não é possível. As pessoas morrem de fome. Neste momento estamos a falar e há quem já morreu porque faltou dinheiro para comprar medicamento, ou porque na sua tabanca nem sequer tem hospital, quanto mais um médico. Precisamos de salvar o nosso país. Portanto, se do regime colonial conseguimos nos livrar... Obviamente que face a este grupinho de -desculpem-me a expressão, de delinquentes, vamos nos bater para resgatar o nosso país.

RFI: E no entanto, reconhece que "é compreensível a falta de esperança do povo que guarda na sua memória colectiva as consequências da luta armada, da guerra civil e dos frequentes golpes de Estado".

Sana Canté: Exactamente. A independência trouxe muita esperança. Uma exagerada esperança que, de certa forma, não andou no mesmo ritmo que a realidade, não é? E isto acabou por se frustrar com o golpe de Estado de 1980. Iamos correr com os "tugas", agora com o que é que ficamos?

Claro que muita coisa melhorou. Claro que temos agora médicos que com a colonização não tínhamos. Mas entretanto, essa esperança não se concretizou.

Faltou aqui uma oportunidade que nós nunca tivemos. A oportunidade de uma liderança estável, capaz de proporcionar o mínimo necessário para o nosso povo. Que o povo não esteja a bater-se tanto para conseguir alguma coisa para comer. Que não tenha dificuldade de recorrer ao hospital quando precisa, ou à escola. Ou seja, o nosso país não está neste mundo.

E tudo isto leva as pessoas a não acreditar em ninguém. Qualificam os políticos como farinha do mesmo saco. Essa falta de esperança faz com que o povo não esteja fortemente determinado em acabar com este regime. Essa falta de esperança está a cansar também.

Se o povo tivesse experimentado boa vida, desenvolvimento, o mínimo necessário, ninguém estaria em condição de enganar a população, como agora fazem.

Sabe o que é que o Sissoco disse durante a sua campanha? Que ia levar um cheque um bilhão e meio de dólares, em quatro aviões. E a maioria dos seus eleitores acreditou.

RFI: Que olhar tem sobre a actual oposição política guineense?

Sana Canté: De momento, não temos oposição. O que temos é um país cujas instituições democráticas, todas elas, foram sequestradas. A oposição só existe num Estado de direito democrático. Neste momento, perante a realidade do meu país,tenho dificuldades técnicas de qualificar quem é oposição perante quem.

RFI: Olhando para as eleições gerais, fixadas por Umaro Sissoco Embaló para Novembro, o que considera que a oposição deveria fazer? Boicotar as eleições? Participar?

Sana Canté: Várias possibilidades. Na minha opinião, boicote não resultaria em nada. O que eu acho que a oposição deveria fazer é aplicar o princípio da igualdade de armas. Se Sissoco usa a violência, então usem a violência. O uso da violência é um direito institucionalizado democraticamente. Mas quando é usado fora das regras constitucionais, estás a fazer uma vindita privada, estás a seguir interesses anticonstitucionais. E a reposição da ordem constitucional, quando é urgente, legítima também a oposição a fazer uso desse princípio da igualdade das armas. Se não consegue, tudo bem.

Mas a oposição reuniu-se aqui em Paris e assinou o Acordo de Paris, com participação do PAIGC, o meu partido. Acho que faltou muita coisa nesse acordo. O quê? Primeiro, perante a realidade que se está a viver no país, tinham que apresentar um candidato comum logo na primeira volta. E não andar a equacionar a possibilidade de se candidatar individualmente para depois se juntarem na segunda volta... Tinham que definir um único candidato. Dava mais força.

Segundo, reconhecem que o Sissoco é ex-Presidente da República. Tudo bem. Sendo ex-presidente, quem é o Presidente da República interino? É o presidente da Assembleia Nacional Popular. Tinham que declarar que reconhecem Domingos Simões Pereira, como Presidente da República da Guiné-Bissau. Faltou também este elemento no Acordo de Paris.

Precisavam de ter muita coragem. O que me leva a acreditar que eles não querem o Sissoco mas também não querem o Domingos Simões Pereira, nem querem a verdade.

O nosso problema é que culpamos Sissoco de tudo. Mas Sissoco não é detentor da força, do poder que existe na Guiné-Bissau. Nem o JOMAV era detentor desse poder.

Na altura, já dizíamos Dissemos que a luta contra JOMAV tinha que ser contra o regime. E agora alguns combatentes, como gostamos de nos chamar, estão a traduzir o regime numa luta pessoal contra Sissoco.

Mas se Sissoco for substituído por um dos seus agentes do regime, Nuno Gomes, Braima Camará ou Fernando Dias -que agora felizmente parece estar a seguir pelo caminho da democracia... Tudo isto não passa de estratégias políticas, não estamos propriamente a agir em defesa da ordem constitucional e da verdade.

RFI: Fala no seu livro de responsabilidade geracional. O que diria hoje à juventude da Guiné-Bissau que poderá ter perdido a confiança na política?

Sana Canté: Como diz o presidente brasileiro Lula, se perdeu a confiança na política, então faz política. Se acha que os políticos actuais não são adequados, então esse político poderás ser tu. Não nos podemos distrair com desânimos, com críticas desnecessárias. Temos que estar comprometidos com a solução dos problemas. A nossa geração, a juventude, sobretudo, não pode ser infiel à sua própria essência. A juventude nunca deve ter medo de enfrentar um problema, Nunca deve ter medo de usar todos os meios necessários para mudar o mal. 

A juventude tem que ter a coragem de expressar isto.