Muitas são as vozes que têm vindo a público denunciar o abate indiscriminado de árvores centenárias na cidade de Bissau. AFP - SAMBA BALDE
Muitas são as vozes que têm vindo a público denunciar o abate indiscriminado de árvores centenárias na cidade de Bissau. Constantino Correia, antigo director das Florestas da Guiné-Bissau, sublinha um processo de requalificação da cidade feito sem estudos e cujo efeito imediato é o aumento da temperatura. Posição diferente tem o executivo, que diz tratar-se de um processo normal de substituição de “árvores velhas”, que "já atingiram o seu clímax".
Muitas são as vozes que têm vindo a público denunciar o abate indiscriminado de árvores centenárias na cidade de Bissau. Constantino Correia, antigo director das Florestas da Guiné-Bissau, sublinha um processo de requalificação feito sem estudos e cujo efeito imediato é o aumento da temperatura da cidade. Posição diferente tem o executivo, Viriato Cassamá, ministro do Ambiente, sublinha que são “árvores velhas”, que já não conseguem “sequestrar carbono” e, por isso, são agora substituídas por novas.
Aumento da temperatura na cidade, aumento de insectos, ausência de sombra, ausência de barreiras anti-vento e anti-ruído, menos oxigénio, são algumas das consequências, apontadas por Constantino Correia, do abate de árvores centenárias na cidade de Bissau.
O antigo director das Florestas da Guiné-Bissau sublinha que a requalificação da cidade deveria ser feita de mãos dadas com o ambiente e baseada em estudos.
O que está a acontecer, neste momento, é o derrube total das árvores na parte antiga da cidade de Bissau, alegando facilitar condições para a construção das vias públicas. (...)
Bissau é uma cidade altamente poluída e uma das funções das árvores é a absorção do dióxido de carbono.
Sobre a perigosidade das árvores e de possíveis quedas, o engenheiro florestal responde com operações de “poda”.
Por exemplo, o Hospital principal de Bissau estava circundado de árvores. Não é por acaso, porque para além de proporcionar grandes quantidades de oxigénio, ameniza a temperatura.
Portanto, as desculpas que se deram para esse abate total não compensa, porque os prejuízos de imediato são muito maiores.
Vai haver estragos na próxima época das chuvas provocados pelo intenso vento. Essas árvores serviam de atenuantes, de barreiras. E depois vai haver um aumento significativo de poeira, de incidência directa da luz, que tem efeitos em doenças como a asma, rinite até AVC’s [Acidente Vasculares Cerebral].
Bissau vai chegar a temperaturas acima de 40 graus.
Posição diferente tem o Governo guineense. Em declarações à agência Lusa, Viriato Cassamá, ministro do Ambiente, Biodiversidade e Acção Climática da Guiné-Bissau, fala num processo normal de requalificação urbana, que envolve o abate e a substituição de “mangueiras centenárias”. “Árvores velhas” nas palavras do governante que já “não sequestram o carbono” e “constituem um perigo público principalmente na época das chuvas”.
A cidade de Bissau é uma cidade antiga. As árvores que estão a ser derrubadas neste momento são mangueiras velhas que já não têm a capacidade de sequestrar o carbono. Já atingiram o seu clímax.
Constituem um perigo público, principalmente na época das chuvas. Assistimos várias vezes à queda dessas árvores.
A requalificação do centro da cidade de Bissau é da responsabilidade da Câmara Municipal de Bissau e do Ministério das Obras Públicas.
Por: Cristiana Soares
Conosaba/rfi.fr/pt/
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