domingo, 19 de maio de 2024

Mais de 70 pessoas detidas após manifestações em Bissau, Gabú e Buba




Guiné-Bissau – A Liga Guineense dos Direitos Humanos confirma a detenção de mais de 70 pessoas, alertando para as "más condições de detenção" e para o facto de algumas pessoas "precisarem de assistência médica urgente". Um dos detidos encontra-se internado no Hospital Nacional Simão Mendes.

Mais de 70 pessoas foram detidas este sábado, 18 de Maio, em Bissau, Gabú e Buba. As detenções aconteceram durante as manifestações convocadas pela plataforma Frente Popular. Em entrevista à RFI, uma das advogadas indigitadas pela Ordem dos Advogados da Guiné Bissau para assistir e tentar libertar as pessoas detidas descreve "um ambiente de perseguição" na capital guineense.

As detenções aconteceram durante manifestações convocadas pela plataforma Frente Popular, protestos dispersados de forma violenta pela polícia.

A Ordem dos Advogados da Guiné Bissau indigitou sete advogados para defender e tentar libertar as pessoas detidas, como explica Beatriz Furtado, uma das advogadas, que confirma a libertação de uma pessoa. "Foi criada uma comissão para acompanhar este caso. Temos sete advogados e conseguimos falar com duas pessoas porque não nos permitem entrar em contacto [com os detidos]. Conseguimos uma porque é mãe, tem um bebé de nove meses. Tivemos de trazer a criança ontem para ser amamentado nos Calabouços e aí conseguimos. Um dos agentes sentiu aquela parte humana e libertou a mãe", descreveu.

A advogada acrescenta, ainda, que "segundo a informação de um dos agentes, [as detenções] rondam 70 pessoas, entre elas 14 mulheres. Temos uma grávida detida e uma idosa e há também dois jornalistas detidos".

A Ordem dos Advogados da Guiné Bissau recebeu no sábado "várias chamadas de jornalistas que estão a ser caçados em casa. É inadmissível num Estado de Direito. Estão a cortar e proibir a direito da imprensa. A liberdade de expressão está a ser posta em causa neste momento na Guiné-Bissau. É inadmissível."

A ordem dos advogados e a Liga Guineense dos Direitos Humanos estão nesta altura reunidas com instâncias superiores; "A Ordem vai continuar falar com as instâncias superiores. Como eles disseram que trabalham com ordens superiores. Dividimo-nos em equipas: estamos a tentar falar com o ministro e com o secretário de Estado da Ordem Pública, dando conta das violações que se estão a verificar, dando conta de que a lei deve ser respeitada. Nenhuma ordem pode contrariar a lei. A lei é lei e quando a lei e o direito se esbarram tem que se respeitar o direito. Aqui estamos a falar de direito das pessoas, direito à liberdade de manifestação, direito à liberdade de expressão. O direito à liberdade de expressão é uma liberdade intrínseca a um ser humano. Já nascemos com esse direito porque não pode ser cortado por ato administrativo."

A RFI entrou em contacto com diferentes responsáveis guineenses que dizem "não se encontrar em Bissau".

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