terça-feira, 30 de abril de 2024

Umaro Djau: "N'kunsa na kunsa nan"

 

Nos regimes ditatoriais, os cargos ministeriais mais corrosivos e politicamente desgastantes são os seguintes, e nesta precisa ordem:

1. Interior (segurança interna, restrição de liberdades e perseguição)
2. Defesa (segurança externa/interna, a última detentora da força e do poder "real")
3. Comunicação (informação, propaganda, manipulação e censura).
Por esta e outras razões... muito obrigado à minha má sorte.
--Umaro Djau
N'kunsa na kunsa nan.

Turismo na Guiné-Bissau, com o comentário do Ex-Ministro do Turismo-30/04/2024

PABIA KU NÔ TA SELEBEBRA UM (1) DE MAIO?

 

Caro leitor, este artigo de opinião visa essencialmente provocar uma reflexão sobre a famosa celebração de um (1) de maio, visto como dia internacional dos trabalhadores e alguns outros aspectos do cotidiano africano.

Sem uma consciência histórica a partir da concepção endógena, o mundo africano se reduz aos mitos da verdade construídos nos séculos da exploração

humana e intelectual do universo africano. O legado da colonização que se propaga a partir do neocolonialismo manifesta-se profundamente no imaginário de inúmeros africanos e ao mesmo tempo tem criado sujeitos alienados ao ocidentalismo e seus valores, principalmente, no aspecto cultural.

Com base nesse apanhado, percebe-se que o africano que postula sua vivência em África dificilmente produz pensamento endógeno, tendo em conta que seu arcabouço teórico se manifesta numa dimensão exógena, que ignora as celebrações africanas ao mesmo tempo desprezá-las. Significa dizer que, o enigma se reside na construção e manifestação de pensamento descontextualizado com a realidade social africana.

Em face do exposto, o Ocidente deslocou a África da produção científica, econômica, política e cultural reduzindo-a à barbaria, por isso o africano acredita não ser civilizado. Essa percepção faz o africano;

 não valorizar seus líderes que lutaram pela independência contra o jugo

colonial;

 não encontrar a beleza na mulher africana;

 não se orgulhar do país e da sua cor;

 não importar com as datas celebrativas.

Sendo último ponto o cerne dessa reflexão, cabe-me levantar algumas indagações;

a) supostamente nos finais do século XIX a princípio do XX foi institucionalizado um (1) de maio como dia internacional dos trabalhadores, por ocasião da reivindicação dos estadunidenses, assim sendo, quantos países africanos tinham suas independências, será que não haviam reivindicações?

b) O que aconteceu nos Estados Unidos pode ser comparado com Massacre di Pindjiguiti?

c) Pabia ku nô datas kata sedu internacional nin mundial, so diselis?

d) Para você enquanto cidadão da Guiné-Bissau, será que faz sentido celebrar um (1) de maio e desprezar três (3) de agosto, afinal quem luta pela sua existência?

e) Pabia ku nô ta selebra datas ku elis e kria, sin nô pensa?

Com esta súmula de indagações pretendo provocar uma profunda reflexão em volta da realidade africana. Aproveito o ensejo para apresentar outros questionamentos reflexivos com ligação ao tema proposto. 

A Organização das Nações Unidas foi fundada em 1945 com a missão de criar paz entre as nações, por conseguinte, foi institucionalizado em 1948 o Direitos Humanos, assim;

1. Depois de 1945 quantos países africanos não tinham paz?

2. Depois de 1948 quantos países africanos estavam sendo invadidos

pelos criadores de Direitos Humanos?

3. Afinal, quem é considerado humano?

É preciso desenvolver uma racionalidade crítica sobre um (1) de maio, porque celebrar esta data e ignorar três (3) de agosto é mesmo que afirmar mindjor tugas kontinua ba li dipus di indipindensia.

“Guiné liberta, ma sosiedadi ka liberta”

Nô pensa!

Nkanande Ka, Mestre em História, professor universitário e Pan-africanista

afrocêntrico.

PR do Senegal na Guiné-Bissau para continuar relações dos antecessores

Os Presidentes do Senegal e da Guiné-Bissau disseram hoje querer continuar e aprofundar as relações entre os dois países, nomeadamente nas áreas da defesa, segurança, pescas, agricultura e formação de quadros guineenses.

O recentemente eleito Presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, realiza hoje a sua primeira visita a Bissau, de algumas horas, tendo sido recebido no aeroporto internacional Osvaldo Vieira pelo seu homólogo guineense, Umaro Sissoco Embaló.

Falando no Palácio da Presidência, no centro de Bissau, Faye declarou a vontade de manter os laços da "história, parentais, da geografia e da cooperação" existentes entre os dois países.

Bassirou Domaye Faye citou as referências feitas por Sissoco Embalo às relações que "sempre existiram" entre os Presidentes do Senegal e da Guiné-Bissau.

O novo Presidente do Senegal, de 44 anos, observou ser responsabilidade dos atuais líderes continuar e aprofundar essas relações, nomeadamente nos domínios da defesa, segurança, pesca e formação de quadros guineenses nas instituições senegalesas.

"Os nossos dois países podem e devem fazer muito mais", afirmou Faye, que realiza em Bissau a sua terceira deslocação ao exterior desde que tomou posse como Presidente do Senegal, no passado dia 02.

A primeira deslocação foi à Mauritânia, tendo-se seguido a Gâmbia.

Faye aproveitou a declaração conjunta dos dois chefes de Estado para agradecer a presença de Sissoco Embaló na cerimónia em que foi investido, o que considerou ser "testemunho das excelentes relações" entre os dois países.

Em relação à cooperação, Faye afirmou que os dois Estados "não precisam ir buscar lá longe" o que podem encontrar nos seus países e sugeriu a convocação "no mais curto espaço de tempo possível" da Grande Comissão Mista.

O ministro dos Negócios Estrangeiros guineense, Carlos Pinto Pereira, disse aos jornalistas que a Grande Comissão Mista vai debater "todos os aspetos da cooperação" entre os dois países, nomeadamente a exploração dos recursos naturais partilhados.

Manifestando "orgulho" pela visita de Faye, o Presidente guineense adiantou que debateu com o seu homólogo "vários aspetos de interesse comum" que devem ser consolidados, nomeadamente nos domínios da defesa, segurança, pesca artesanal, agricultura e formação de quadros guineenses.

Sissoco Embaló disse que abordou também a questão da Agência de Gestão e Cooperação (AGC), que gere uma zona marítima comum onde se acredita existirem importantes recursos haliêuticos e hidrocarbonetos.

O chefe de Estado guineense, que não esconde a amizade pessoal com o ex-Presidente senegalês Macky Sall, a quem trata por "irmão mais-velho", afirmou que no Senegal "existe a continuidade do Estado" e disse estar confiante de que vai continuar a "caminhar lado a lado" com Bassirou Diomaye Faye.

"Nada nos pode separar", afirmou.

À sua chegada, desde o aeroporto até ao centro de Bissau, numa distância de oito quilómetros, Diomaye Faye foi saudado por centenas de cidadãos senegaleses que exibiram cartazes e bandeiras do seu país.

Conosaba/Lusa

Polícia abandonado em bebé reencontra agente que o salvou. As imagens

Nas últimas duas décadas, o agente não deixou de se perguntar quanto ao paradeiro da criança. Estaria bem? Estaria viva, sequer? O homem, que se reformou em 2019, obteve respostas recentemente.

Três dias antes do Natal de 2000, o tenente Gene Eyster recebeu uma chamada a dar conta de que um grupo de estudantes universitários tinha encontrado um bebé abandonado numa caixa de cartão no corredor de um complexo de apartamentos em South Bend, no estado norte-americano do Indiana.

Duas décadas depois, o recém-nascido, que integrou o Departamento da Polícia de South Bend, reencontrou-se com o agente que o salvou.

“Estava embrulhado em cobertores e numa camisa de flanela”, contou Eyster, de 70 anos, ao TODAY.

A caminho do hospital, o agente comprou um urso de peluche para dar “algum conforto” ao bebé.

“Queria que soubesse que era amado”, confessou.

Durante a investigação, o menino foi batizado de ‘Bebé Jesus’, uma vez que tinha nascido poucos dias antes da celebração cristã. Para o agente, a caixa de cartão representava uma manjedoura.

Eyster conseguiu identificar os pais da criança, tendo a mãe sido acusada de negligência. O bebé, por seu turno, foi adotado por outra família.

Nos 23 anos seguintes, o polícia não deixou de se perguntar quanto ao paradeiro da criança. Estaria bem? Estaria vivo, sequer? O homem, que se reformou em 2019, obteve respostas recentemente.

Quando o telefone tocou, o agente Josh Morgan informou-o de que estava com o agente Matthew Hegedus-Stewart, outrora conhecido como ‘Bebé Jesus’.

“Ele disse, ‘não vais acreditar nisto, mas o ‘Bebé Jesus’ está sentado ao meu lado. É o meu novato”, recordou Eyster.

Morgan e Hegedus-Stewart montaram as peças do puzzle quando foram acionados para uma ocorrência no complexo de apartamentos Park Jefferson, onde o ‘Bebé Jesus’ foi abandonado.

No dia 22 de março deste ano, os dois homens reencontraram-se. Para Eyster, o momento foi particularmente especial, uma vez que perdeu o único filho, Nicholas, em janeiro.

“Alguns maneirismos do Matt lembram-me o meu filho – têm o mesmo sorriso, o mesmo riso, o mesmo cabelo escuro e estatura. 

Há tantas coincidências. Quer dizer, o Matt completa o treino e é designado aleatoriamente para o mesmo bairro do complexo de apartamentos onde foi encontrado. 

Quais são as hipóteses? Falei com vários supervisores do Matt e todos disseram a mesma coisa: é um agente bondoso, é um bom miúdo. Os pais dele fizeram um ótimo trabalho a educá-lo” disse.

Conosaba/noticiasaominuto

Declaração conjunta entre Presidente da República do Senegal Bassirou Diomaye Faye, e o Presidente da República da Guiné-Bissau Umaro Sissoco Embaló no Palácio da República

 

Chefe de Estado guineense Umaro Sissoco Embaló, recebe o seu homólogo Bassirou Diomaye Faye, Presidente da República do Senegal, para uma visita de amizade e trabalho na Guiné-Bissau

 






Visita a CECOME: SISSOCO AFIRMA QUE A LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO É INQUESTIONÁVEL EM TODAS AS ESTRUTURAS DO ESTADO


O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, disse ma segunda-feira, 29 de abri de 2024, que sempre trabalhou para deixar um legado do seu mandato, por isso tem afirmado que a luta contra a corrupção é algo inquestionável em todas as estruturas do Estado.

“Se as pessoas entrarem na corrupção e desordem, o país cai na banalidade, de maneira que é preciso trabalhar e trabalhar mais neste aspeto fundamental para a Guiné-Bissau. Vamos fazer de tudo para implementar boas coisas como as que os nossos vizinhos têm, capacitando uns aos outros na base da paciência, a fim de podermos chegar mais longe”, assegurou o chefe de Estado, nas suas declarações aos jornalistas após ter visitado as instalações do Centro de Compras de Medicamentos nacional (CECOME).

Embaló exortou os responsáveis das instituições estatais a trabalharem arduamente e garantir a credibilidade aos parceiros nacionais e internacionais, através de uma boa gestão dos fundos e materiais doados.

Umaro Sissoco Embaló disse que a obra da CECOME em construção foi financiada pelo Fundo Mundial no valor de 5 milhões de dólares americanos. Assim a sua gestão é fundamental no sentido de fazer os doadores acreditarem que o dinheiro doado não foi em vão.

“Para mim, tudo o que é de interesse coletivo, não pode ter apadrinhamento, em termos de colocação de pessoas, mas sim um concurso público, porque temos quadros competentes. Também nem todas as pessoas são malandras na Guiné-Bissau”, sublinhou.

Umaro Sissoco Embaló assegurou que questões partidárias devem ser postas de lado quando o assunto é meramente técnico, como o caso do CECOME que faz gestão de medicamentos para a saúde humana. Acrescentou que só na Guiné-Bissau é que as pessoas fazem campanha eleitoral durante cinco anos de mandato, mas ele está a trabalhar para deixar um legado ao povo guineense.

Por seu lado, o representante do Fundo Mundial no país, Saliu Bá, disse que a organização que representa quer ver a CECOME como os outros seus parceiros, a nível dos países da sub-região passando a ter uma capacidade de comprar medicamentos e revendê-los a pequenos comerciantes nacionais, evitando a disparidade dos preços dos medicamentos.

O representante do Fundo Mundial sublinhou que muitas pessoas não estão interessadas que a CECOME passe a funcionar daquela maneira, porque têm licenças de farmácia a nível do ministério da saúde e outras várias situações, por isso o Fundo decidiu financiar o país para estar no mesmo nível dos países da sub-região.

Por: Aguinaldo Ampa
Conosaba/odemocratagb

Ilha do Príncipe continua a lutar pela sua autonomia financeira


Ilha do Príncipe. © Carina Branco/RFI

A ilha do Príncipe comemora, esta segunda-feira, 29 anos da sua autonomia política e administrativa. Porém, ainda existe um longo caminho a percorrer para alcançar a autonomia financeira.

Volvidas cerca de três décadas, as autoridades regionais reclamam o reforço da autonomia e mesmo a conquista da autonomia financeira.

O Presidente do governo regional, Filipe Nascimento, realça este tipo de autonomia como uma das metas:“Não é justo haver aquilo que pode acabar por ser uma dupla tributação quando a circulação do produto está dentro do país”, declarou.

Filipe Nascimento mencionou também “a grande dificuldade na logística de abastecimento de combustível” e de produtos de primeira necessidade.

Administrativamente, a ilha do Príncipe constitui, desde 29 de Abril de 1995, uma região autónoma, e desde 11 de Julho de 2012 é considerada como Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO. A ilha tem uma área de 142 km² e uma população estimada, em 2012, de 8 000 habitantes. A capital é Santo António-Príncipe.

Por: Maximino Carlos
Conosaba/rfi.fr/pt/

PR guineense diz que é “fake news” retirada de bandeira a navios com ajuda para Gaza

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, negou hoje que o país tenha retirado a bandeira a navios impedindo a chegada de ajuda humanitária a Gaza, afirmando que se trata de "fake news".

A coligação Freedom Flotilla acusou a Guiné-Bissau de ter retirado a bandeira de dois dos navios desta organização, cedendo a pressões de Israel para que a ajuda humanitária não chegue ao destino.

"Isso não corresponde à verdade, isso é 'fake news', a Guiné-Bissau nunca teve navios", disse o Presidente, à margem de uma visita ao novo armazém do medicamento, em Bissau.

Questionado pela Lusa sobre a acusação da organização humanitária, o chefe de Estado afirmou não ter conhecimento da questão levantada sobre as bandeiras e recusou ter cedido a pressões de Israel.

"Eu não falo geralmente com o primeiro-ministro de Israel, com quem falo é com o Presidente de Israel, que é um amigo, que conheci já há muitos anos. É com quem tenho falado, mas sobre a guerra na Faixa de Gaza", vincou.

"Ainda ontem eu falei com ele, comunicamos muito, que é o que eu faço com vários presidentes", acrescentou.

O Presidente da Guiné-Bissau garantiu que nunca falou com o homólogo de Israel "sobre embandeiramento dos navios", salientando que é uma matéria sobre a qual "não é o presidente da República que trata".

"Aquilo que eu posso reafirmar é que as pessoas às vezes... há 'fake news', isso é uma 'fake news' [notícia falsa]", reiterou.

A Organização Não Governamental (ONG) Flotilha da Liberdade disse pretender levar ajuda humanitária até Gaza, concretamente 5.550 toneladas de bens, em navios com bandeira de vários países, que transportarão também observadores humanitários internacionais.

Conosaba/Lusa

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Declarações de Marcelo "devem trazer para a agenda política situação dos afro-descendentes"

Marcelo Rebelo de Sousa escolheu o cenário de dissolução do Parlamento. LUSA - CARLOS M. ALMEID

O Presidente português defendeu que Portugal “assume total responsabilidade” pelos erros do passado, e disse que esses crimes, incluindo massacres coloniais, tiveram “custos” e que há que pagá-los. "Este debate é muito fácil de se fazer, transferindo de alguma forma a questão para a realidade dos países no continente africano. Creio que se deve aproveitar esta oportunidade para trazer para a agenda política nacional a situação dos afro-descendentes", defende Yussef, activista pan-africanista.

RFI: Como é que interpreta estas declarações?
Yussef: Eu penso que há uma parte que é importante do discurso do Presidente Marcelo, na medida em que há uma tentativa de fazer uma análise histórica concreta do que é que foi o tráfico transatlântico e do que é que foi o colonialismo. Isto, contrariamente à ideia dominante em Portugal, que é de uma romantização tanto da escravatura transatlântica como do colonialismo. Eu creio que, neste sentido, é importante este passo em frente, até porque isto pode ter repercussões na sociedade portuguesa, na forma como se entende o fenómeno transatlântico da escravatura e o fenómeno colonial. Existe a ideia, ainda hoje de que foi uma escravatura transatlântica que não foi iniciada pelos portugueses, de que foi diferente comparativamente a outros Estados que praticaram a escravatura transatlântica, quando na verdade estamos a falar de negação da humanidade, tanto neste fenómeno como relativamente ao colonialismo. Eu acho que a nível da história, a nível do entendimento, o que é que foi a história, estas palavras do Presidente Marcelo têm a sua importância.

Existe uma outra dimensão desta sua intervenção que deixa alguma dúvida relativamente à sua pertinência. Quando falamos, por exemplo, de compensações históricas e aqui eu coloco a questão, nós estamos a falar do que exactamente: Estamos a falar de restituição de objectos que foram apropriados pelo Estado português e que devem ser devolvidos? 

Estamos a falar de transferência de valores de trabalho da classe burguesa para as classes trabalhadoras de países como Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique? Estamos a falar do quê concretamente? 

Eu creio que há necessidade de saturar este debate para que nos possamos entender, porque eu creio que tem que haver uma certa sensibilidade quando tentamos, de alguma forma, inculcar um sentimento de culpabilidade a descendentes de grupos que participaram tanto na escravatura transatlântica como no colonialismo e que, de uma forma ou de outra, penso eu, não tem nenhuma responsabilidade nesse fenómeno passado. Então é preciso ter algum cuidado neste inculcar um sentimento de culpa que não deve existir.

Eu creio que deve existir sim uma consciência do que foi a história, o que é que aconteceu na história. Ter noção de que a escravatura transatlântica e o colonialismo impactaram e mudaram o mundo no qual nós vivemos hoje. Existem heranças, sim, por parte daqueles que beneficiaram de um avanço das suas sociedades, fruto da escravatura atlântica e do comunismo. Existe uma herança também de subdesenvolvimento, de atraso civilizacional, mesmo também fruto da herança da escravatura transatlântica e do colonialismo. Mas a questão é: será que a transferência de valores como reparação e forma correcta no mundo actual de alguma forma não reparar, porque acho que é um termo não exacto, mas mitigar o que aconteceu no passado. Eu, muito sinceramente, enquanto militante e activista que tenta construir um outro projecto de sociedade, tenho, no mínimo, as dúvidas que seja esse o caminho.

Fala da análise da história que não foi feita até agora. Muitos portugueses ainda se orgulham da época das descobertas e dos feitos dos navegadores, esquecendo tudo o que estas descobertas ocidentais implicaram. Entre os séculos XV-XIX, perto de 13 milhões de africanos foram raptados e vendidos como escravos. Só Portugal traficou quase 6 milhões de africanos, mais do que qualquer outro país europeu. Até agora não conseguiu enfrentar o seu passado. Hoje atribui se a culpa aos antepassados. 

No entanto, ainda há actos de racismo em Portugal, como é que se explica este antagonismo?

Em última análise explica-se o projecto de sociedade que existe. Enquanto não existir uma modificação das estruturas políticas e económicas, não pode existir nenhum idealismo em acreditar que o racismo deixará de existir para o racismo. Nasce no campo do trabalho, no campo da divisão social, do trabalho. Estamos a falar da exploração económica e, quer queiramos quer não, esta sociedade tem como estrutura, como pilar, a exploração económica de um grupo sobre os demais. Enquanto esta exploração económica institucionalizada existir, enquanto existir uma divisão social e racial do trabalho, será puro idealismo acreditar que discursos poderão fazer face ao racismo.

Esta é uma herança, sem dúvida alguma, da escravatura transatlântica e do colonialismo e tem que ser entendida, tem que ser entendida na sua profundidade, nas suas dimensões complexas, porque realmente precisamos de dar um passo em frente. E não acredito que o mero debate sobre as reparações possa fazer face. Pode dar um contributo. Muito a nível intelectual a nível de tentativa de criar uma crítica mais arrojada ao que foram esses fenómenos. Mas não tenhamos ilusões, enquanto não houver uma mudança a nível das estruturas do trabalho nesta sociedade e diria eu, a nível mundial, o racismo existirá. 

O racismo tem estas dimensões; tem dimensão a nível nacional que tem a ver com a divisão social e racial do trabalho e tem a sua dimensão internacional, que tem a ver com a divisão internacional e racial, também do trabalho, em que existem sociedades que exportam matérias-primas ou são obrigadas a exportar matérias-primas e existem outras sociedades que se transformam e depois exportam. Esse projecto de sociedade profundamente desigual é que forja esta mentalidade racista de que existem povos que não têm capacidade de fazer nada mais do que exportar matérias-primas e que existem outros povos que, por uma inerência, uma inerência biológica, têm a capacidade de transformar e de criar valores e que depois exportam para povos que não conseguem essa mesma transformação.

Eu creio que temos que mudar as premissas do debate, mesmo quando falamos do racismo, no sentido realmente de entender que não é um problema de mentalidades ou antes, ser um problema de mentalidades, tem a ver com a nossa vivência imaterial, tem a ver com a produção da vida material na sociedade, tem a ver com a divisão social do trabalho e tem a ver com a divisão internacional do trabalho.

Em comunicado, o executivo português, liderado por Luís Montenegro, afirma que, "a propósito da questão da reparação a esses Estados e aos seus povos pelo passado colonial do Estado português, importa sublinhar que o Governo actual se pauta pela mesma linha dos governos anteriores. Não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de acções específicas com esse propósito". O governo português a reagir este fim-de-semana passado e afastar se das afirmações de Marcelo Rebelo de Sousa. 

Pergunto lhe, quando o há pouco dizia que era necessário dar um passo em frente foi isso que Marcelo Rebelo de Sousa tentou fazer ou tentou demarcar se politicamente?

Eu não quero fazer interpretações subjectivistas de quais foram as intenções do presidente Marcelo, mas eu reconheço que o facto é que ia falar consigo sobre este tema, significa que abriu aqui um debate que eu acho que é importante relativamente ao posicionamento do governo português. 

Eu creio que falar de reparações ou mitigar as consequências da escravatura transatlântica ou do turismo deve incidir sobre a condição material dos descendentes desses homens e mulheres que foram traficados e desses homens e mulheres que passaram pelo colonialismo, osso deveria começar, talvez, em Portugal. Não são coisas contraditórias, o debate tem de ser feito em Portugal, tem que ser feito nos países que foram colonizados pelo Estado português, mas começando em Portugal, porque também precisamos ter algum grau de exigência.

O professor Marcelo, como um agente político, certamente terá noção que existem movimentos da afro-descendente em Portugal que têm um caderno de reivindicativo desde as coisas básicas, como por exemplo, a mudança da lei da nacionalidade para permitir que quem nasça em Portugal, tenha nacionalidade portuguesa e ao mesmo tempo também permitir que aqueles que foram vítimas desde a década de 80, aquando da mudança da Lei de nacionalidade que nasceram cá, viveram toda a sua vida em Portugal, não puderam ter a sua nacionalidade, para que a lei da nacionalidade, de forma retroactiva, permitir que esses homens e mulheres hoje possam ter a nacionalidade portuguesa. Ao mesmo tempo, também fala se da recolha de dados étnico raciais que, por exemplo, deveria ter estado nos censos no sentido de se saber exactamente como é que vive a população portuguesa afro-descendente, se tem acesso ao ensino superior ou não? Quais são os trabalhos nos quais são mais representados? Têm acesso, por exemplo, a carreiras, por exemplo, na área do jornalismo, da comunicação social.

Ou seja, este debate é muito fácil de se fazer, transferindo de alguma forma a questão para a realidade dos países no continente africano, mas não se fazer aqui em Portugal e creio que deve se aproveitar esta oportunidade também para, mais uma vez, trazer para a agenda política nacional a situação dos afro-descendentes. Porquê? 

Porque se falamos em reparação, ou se quisermos ser mais concretos a mitigar as consequências desses fenómenos dos quais estamos a falar aqui. Comecemos por entender a situação concreta, material, dos afro-descendentes e, ao mesmo tempo, ouvir essas mesmas organizações da afro-descendentes, estes mesmos militantes activistas com os seus cadernos reivindicativos no sentido de realmente se poder dar um passo em frente relativamente a este debate de forma séria e com um compromisso concreto.

Por:Lígia ANJOS

Família Tété exige respeito das decisões judiciais sobre conflito de posse de terra no Ndam Tété

 

 




Vice-Presidente do PAIGC incentiva a juventude africana Amílcar Cabral JAAC a adotar as resoluções e recomendações da universidade aberta, reforçando a unidade entre os jovens e promover a divulgação até às últimas aldeias da Guiné-Bissau, fortalecer as energias para implementar o seu programa em benefício do povo. Aba Sera falava durante a cerimónia de encerramento das atividades da Universidade Aberta da Juventude Africana JAAC e do centenário de Amílcar Cabral realizada de 26 a 28 de abril de 2024, na localidade de Lugajol Sector de Boé.

 

Presidente do Senegal visita Bissau para encontro com homólogo guineense


O novo Presidente do Senegal desloca-se na terça-feira à Guiné-Bissau, numa curta visita de algumas horas, para encontros entre os dois chefes de Estado e as delegações dos dois países.

A chegada de Bassirou Diomaye Faye está prevista para as 11:00 (12:00 em Lisboa) e o regresso para cerca das 15:00 (16:00 em Lisboa), de acordo com o programa provisório da visita divulgado hoje pelo Gabinete da Presidência guineense.

O Presidente do Senegal será recebido pelo homólogo Umaro Sissico Embaló, no aeroporto de Bissau, com honras militares e uma hora depois desloca-se para o Palácio da Presidência da República da Guiné-Bissau.

Na sede da presidência guineense terá lugar um encontro restrito entre os dois chefes de Estado, seguido de um encontro bilateral alargado às delegações dos dois países.

No final dos encontros está agendada uma declaração conjunta à imprensa.

A visita termina com um almoço oficial oferecido pelo Presidente da Guiné-Bissau e o regresso ao Senegal de Bassirou Diomaye Faye está previsto para pouco depois das 15:00 (16:00 em Lisboa).

O novo presidente do Senegal, com 44 anos, tomou posse a 02 de abril, tendo sido escolhido como candidato às presidenciais pelo líder da oposição Ousmane Sonko, impedido de concorrer e que viu o partido ilegalizado pelo regime do então Presidente, Macky Sall.

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, referia frequentemente as boas relações com o anterior homólogo senegalês, a quem tratava por "irmão mais velho".

Depois de conhecidos os resultados eleitorais, o chefe de Estado guineense felicitou Bassirou Diomaye Faye pela vitória e garantiu que "a Guiné-Bissau continuará a investir na relação bilateral, em benefício dos cidadãos dos dois países, reforçando os laços de amizade e de cooperação" que os unem "enquanto dois povos irmãos".

Conosaba/Lusa

"Maus tratos e violência da colonização não estão resolvidos"


Carlos Manuel Vila Nova, chefe de Estado de São Tomé e Príncipe. REUTERS - HANNAH MCKAY

O Presidente de São Tomé e Príncipe afirmou que os actos de maus tratos e violência da colonização não estão resolvidos. Carlos Vila Nova considerou relevante que Portugal tenha abordado o assunto, a propósito dos 50 anos do 25 de Abril.

O chefe de Estado são-tomense falava no aeroporto de São Tomé, após ter participado, em Portugal, nas comemorações dos 50 anos do derrube da ditadura colonial portuguesa. Carlos Vila Nova afirmou que os actos de maus tratos e violência da colonização não estão resolvidos.

“Houve colonizadores e houve países colonizados. No nosso caso, Portugal colonizou cinco países em África e essa colonização hoje é parte da nossa história. A descolonização pode estar resolvida, mas os actos de maus tratos e de violência e outros que aconteceram não está resolvido”, explicou.


O Presidente são-tomense considerou as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa pertinentes, sublinhado que outras potências colonizadoras fizeram o mesmo.

“Eu vejo isso com normalidade, até porque, ao nível de outras potências colonizadoras, este processo já está um bocado mais avançado e já está em discussão. Portanto, se Portugal traz ao quotidiano este assunto, acho que é de todo relevante para que se discuta e que se revejam também esses aspectos e nós continuarmos a nos aproximarmos cada vez mais, porque isso não nos vai separar. Isso vai ser de forma transparente e clara, nós olharmos para aquilo tudo que foi benéfico ou que prejudicou os outros países, analisarmos e tirarmos ilações e resolvemos a situação”, reconheceu.

Na semana passada, à margem da inauguração do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, em Peniche, oPresidente da República português defendeu que Portugal deve liderar o processo de assumir e reparar as consequências do período do colonialismo e sugeriu como exemplo o perdão de dívidas, cooperação e financiamento.

Questionado pela imprensa, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que o actual Governo deveria continuar com o processo de levantamento dos bens patrimoniais das ex-colónias em Portugal, iniciado pelo anterior executivo, para posteriormente devolvê-los.

Entre precariedade e resiliência: “BIDEIRAS”SENEGALESAS DE PEIXES DO PORTO DE SOUMBÉDIOUNE “ASPIRAM” MERCADO EUROPEU

As mulheres senegalesas vendedeiras de peixes no porto artesanal de Soumbédioune, em Dacar, capital do Senegal, reivindicam o acesso ao crédito bancário para a expansão das suas atividades e para que possam criar a resiliência e a sustentabilidade das suas atividades, ter uma autonomia financeira e exportar o produto para os mercados europeu e asiático.

Soumbédioune é um porto de pesca artesanal situado no coração de Dacar. Uma antiga vila de pescadores que continua a ser ensombrada pela atividade da pesca artesanal e que se transformou num santuário de pescadores, de vendedores e de escamadores de peixes, provenientes de diferentes bairros periféricos da grande cidade de Dacar para ganhar a vida na corrida contra relógio para a sobrevivência. Havendo peixe ou não, o porto é um destino obrigatório para os seus utentes, pescadores, antigos pescadores em reforma, vendedores e escamadores de peixe, para passar o dia e espreitar o mar de forma monólogo com os peixes.

MAIS DE MIL PESSOAS INUNDAM O PORTO À PROCURA DE ALGUNS FRANCOS CFA PARA SUSTENTO FAMILIAR
O Democrata constatou, na chegada ao porto, cerca de 100 canoas de pesca ancoradas na área. Algumas estavam em reparação técnica, enquanto outras aguardavam o anoitecer para se fazerem ao mar para mais uma jornada de pesca na costa e outras iriam até ao alto mar a procura do pescado, que está a ser difícil nas zonas mais próximas do porto.

Diariamente, de acordo com os pescadores abordados, cerca de 70 canoas desembarcam no porto com pescado, correspondendo entre 50 a 65 toneladas de diferentes espécies de pescado vendidos naquele porto e outras são exportadas para a Europa. O pequeno porto alberga mais de 1000 pessoas que trabalham todos os dias neste pequeno empreendimento, entre pescadores, vendedores do pescado e os escamadores de peixes que também procuram melhorar a sua vida com alguns francos cfa que ganham nesse serviço.

A reportagem de O Democrata foi feita no âmbito de uma formação destinada aos jornalistas de diferentes países da África Ocidental sobre a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada com o intuito de saber do impacto das ações de pesca ilícita nas atividades de pescadores e de vendedores do pescado.

A formação foi realizada por Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional (GI-TOC), com o apoio do Departamento da Embaixada dos Estados Unidos da América para a Guiné-Bissau e o Senegal. No caso específico no porto artesanal de Soumbédioune, O Democrata concentrou-se nas atividades de vendedores do pescado e escamadores de peixe.

A associação de vendedores do peixe criada em 2010, de acordo com o seu presidente, conta com 320 membros na sua maioria mulheres e que cada associado é obrigado a ter uma carteira profissional emitida pelas autoridades em colaboração com a associação. A carteira é uma peça que autoriza e habilita quem a tem para exercer a atividade da venda do pescado a nível local, como também para exportar para o estrangeiro, conforme a sua capacidade.

Os escamadores de peixes, um grupo constituído por mulheres e jovens que também procuram ganhar alguns francos cfa para pagar as contas de casa e os cursos profissionais, estimam-seem cerca de 100 pessoas. Os preços praticados nesta atividade dependem essencialmente da quantidade de peixe que o cliente entrega para ser escamado, contudo informam que às vezes numa operação conseguem arrecadar entre cinco ou sete mil francos cfa.

O maior handicap de utentes do porto era um local confortável para exercer as suas atividades, dado que o pequeno mercado estava totalmente degradado, razão pela qual improvisam barracas para a venda do pescado, enquanto outros vendem os seus peixes debaixo do sol, em pequenas mesas de madeira.

A ONU-MULHER respondeu à solicitação da associação, reabilitando o mercado do porto e aumentando a sua capacidade para 100 lugares que serão distribuídos aos vendedores do pescado e escamadores de peixes.

PESCA – UMA HERANÇA DE FAMÍLIA TRANSFORMADA EM NEGÓCIO PARA A SOBREVIVÊNCIA

Sokhna Saouf, uma vendedeira de peixe há 15 anos no porto de Soumbédioune, vem de uma família de pescadores e casadacom um pescador, fez um retrato da atual situação da precariedade das mulheres vendedeiras de peixe.

“Há dias difíceis para nós aqui. Se não há peixe, não trabalhamos e ficamos aqui de manhã à noite sem fazer nada. Levantamo-nos cedo das nossas casas para virmos ao porto à espera das pirogas. Organizamos tudo para entregar aos grandes clientes que vão vender noutros mercados”, disse, acrescentando que precisam de apoio das autoridades para que possam ter mais capacidade de conservação do pescado, sobretudo que se criem as condições para os pescadores terem maior capacidade de pesca.

A vendedora explicou que recebe peixes do seu marido para vender aos seus clientes, na sua maioria pequenos vendedores que compram o pescado para vender noutros mercados.

Sokhna Saouf explicou que, no porto onde operam, não fazem a transformação do pescado por causa do espaço, por isso fazem todo o esforço para vendê-los no mesmo dia e uma das estratégias é entregar o pescado aos pequenos vendedores para venderem ou fazer um contrato com grandes clientes que compram grande quantidade de peixes.

“O que imploramos sempre ao governo é que sirva de garantia junto dos bancos ou de outros parceiros para que possam financiar a nossa atividade. Isso pode ajudar-nos a criar as condições, ter a capacidade técnica e meios de conservação do pescado para exportar o nosso produto para o mercado europeu, asiático e para alguns países africanos desta nossa zona”, contou, afirmando que alguns dos seus colegas conseguem exportar para a Europa, mas precisam de apoios para exportar diretamente sem um intermediário, pois só assim conseguem ganhar mais dinheiro.

“BARCOS DE PESCA NÃO RESPEITAM O REPOUSO BIOLÓGICO E PERTURBAM OS PESCADORES ARTESANAIS”

O presidente da associação de vendedores de peixe no Porto Artesanal de Soumbédioune, Hamidou Siye, disse que as suas atividades são sustentadas pelos pescadores artesanais, por isso “sentimos na nossa pele qualquer dificuldade enfrentada pelos pescadores no alto mar”. Acrescentou que se os pescadores não conseguem peixes, todas as consequências são sentidas, porque “isso paralisa todas as nossas atividades”.

“Os pescadores deparam-se com muitas dificuldades no alto mar. Os barcos da pesca industrial pescam até a 40 milhas das nossas costas, zonas onde se pratica a pesca artesanal. Quando isso acontece, os pescadores artesanais são obrigados a irem até 90 milhas à procura de peixe, porque se continuarem nas zonas onde os barcos pescam não conseguem fazer nada”, disse, denunciando que os barcos industriais não respeitam o repouso biológico e bombardeiam tudo com as suas redes capazes de arrastar tudo o que encontram no seu caminho.

Enfatizou que a associação que dirige conseguiu reunir-se com o ministro das pescas sobre este assunto e pediu ao governo que a prática de pesca industrial na costa seja, pelo menos, até 90 milhas da costa.

Questionado sobre o impacto que esta ação da pesca industrial causa na atividade de vendedores de peixe, respondeu que um dos impactos imediatos é que não podem emprestar dinheiro ao banco para desenvolver as suas atividades de venda, porque “os pescadores que nos fornecem os peixes têm dificuldades em conseguir o pescado”.

“Como podemos trabalhar assim? Por isso estamos a implorar ao governo no sentido de regular a ação da pesca industrial”, insistiu.

“O nosso trabalho é simplesmente comprar o pescado dos pescadores e revende-lo ao consumidor final. Se não há pescado, não conseguimos pagar o dinheiro emprestado ao banco. Essa situação tem grande impacto nas nossas vidas, porque somos obrigados a pagar o dinheiro emprestado ao banco, caso contrário não vamos conseguir empréstimos, nem trabalhar”, relatou.

Assegurou que os vendedores estão habituados a esta situação, tendo afirmado que não podem fazer mais nada, se não venderem o pescado. Lembrou, neste particular, que desde 1996 que começou a exercer a atividade da venda de peixes.

Questionado sobre os mecanismos que a organização pretende utilizar para fazer face às dificuldades enfrentadas e, consequentemente, ajudar os seus associados a desenvolverem as suas atividades, explicou que neste momento encontraram um parceiro que apoia as iniciativas de desenvolvimento do empreendedorismo, através do qual conseguiram um financiamento para capitalizar as atividades dos associados.

“Eu pessoalmente, recebi um financiamento desta entidade num valor de três milhões de francos cfa. Utilizei este fundo para financiar alguns vendedores de peixes e manipuladores de peixes. Eu escrevi à organização solicitando um fundo e felizmente decidiram apoiar o projeto. Colocaram o dinheiro na conta num banco e o pessoal do banco informou-me do dinheiro depositado na conta”, sublinhou.

Informou que ajudou também os seus colegas, grandes vendedores, a obterem fundos dessa entidade para desenvolverem as suas atividades, porque “o mercado está a cada dia mais difícil e o pescado cada vez mais carro”.

“O financiamento permite-nos trabalhar sem grandes constrangimentos e sossegados. Atualmente, consigo comprar peixes de qualidade para vender no mercado Europeu, de acordo com as solicitações dos clientes. Recebo as solicitações dos clientes, por exemplo, trabalho com uma empresa na Europa que me envia a lista das espécies que quer. Compro essas espécies, de acordo com os quilogramas indicados e levo-as para o aeroporto. Fazemos a reserva no aeroporto. Primeiro, o pescado é observado pelos especialistas antes de emitirem todos os documentos necessários para a exportação “, narrou.

“ESCAMADORES DE PEIXES RELATAM SUAS DIFICULDADES E A LUTA ENFRENTADA PARA A SOBREVIVÊNCIA”

A escamação de peixes é um negócio com pouco rendimento, mas algumas mulheres com parcos meios financeiros para comprar os peixes e revender, optaram por este negócio de escamar peixes e ganhar um pouco para sobreviverem.

As escamadoras cobram em função do volume de peixe disponibilizado para escamar e cortar em pedaços, mas deacordo com as informações recolhidas o preço indicativo começa em mil francos e pode subir até aos cinco mil francos cfa.

Sohna Joof, uma mulher de 40 anos de idade, que está entre as cerca de 100 mulheres que ganham a vida escamando peixes no pequeno porto artesanal de Soumbédioune, explicou que nos últimos tempos tem-se registado um declínio nas suas atividades e que às vezes nem sequer conseguem pagar o transporte para voltar as suas casas no fim de tarde.

“Porque nem sempre conseguimos peixes. Se os pescadores não conseguem peixes, não trabalhamos. Quando acontece essa situação, ficamos aqui sentadas ou a dormitar até à tarde, com esperança que apareça uma canoa com peixes para podermos trabalhar ou conseguir alguma coisa para o nosso consumo”, lamentou Sohna, moradora de Medina, um dos maiores bairros de Dacar, em representação das mulheres escamadoras de peixes.

Por: Assana Sambú
Conosaba/odemocratagb.

17 a 19 de Maio de 2024 - UCCLA organiza Mercado da Língua Portuguesa em Cascais

 

A sexta edição do Mercado da Língua Portuguesa, que irá decorrer de 17 a 19 de maio, está de volta ao Mercado da Vila, em Cascais. Organizado pela UCCLA, o evento conta com a parceria da Câmara Municipal de Cascais e o apoio institucional da Câmara Municipal de Lisboa.


Com uma programação diversificada, que inclui cerca de 40 bancas, palestras, gastronomia, música e muitas atividades extra, o Mercado da Língua Portuguesa reafirma, mais uma vez, o potencial e a importância da língua portuguesa como um elo de união dos países lusófonos.


No ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, a UCCLA apostou em proporcionar a todos várias surpresas. Haverá momentos lúdicos e espaço para crianças, tertúlia literária subordinada ao tema “A Liberdade também se escreve”, gastronomia e artesanato representativo dos diferentes países, e na música vamos contar com a participação especial de Eddy Tussa, um dos maiores artistas atuais da música tradicional urbana de

Angola, o Semba. 


Não pode faltar a esta grande festa de homenagem à língua portuguesa!


Horário do mercado:

Dia 17 de maio - 18 às 23 horas

Dia 18 de maio - 10 às 23 horas

Dia 19 de maio - 10 às 20 horas

Todas as informações sobre o Mercado estão disponíveis através do link https://www.uccla.pt/noticias/uccla-organiza-mercado-da-lingua-portuguesa-em-cascais


Material de divulgação - https://we.tl/t-EjJKXQv3rh 


Com os melhores cumprimentos,

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