Venho aqui expressar os meus pesares a família enlutada pela perda irreparável pelo desaparecimento do nosso comandante Umaro Djaló. Uma figura histórica, um guerrilheiro destacado da nossa luta de libertação, um homem muito sereno de poucas conversas, com grande aprendizagem e experiência da estratégia militar.
Pois, na Guiné conheci-o formalmente, foi em Cabo Verde que tive oportunidade de relacionar com esta figura muito simples hoje desaparecida.
Falávamos muito e tivemos oportunidade de construir amizade, partilhar muitas coisas, contou-me como foi o seu processo de fuga para Lisboa, cozinhado pelos amigos que se encontravam em Cabo Verde:Bobo Keita, Lúcio Soares, e outros, apoiado pelo Comandante Pedro Pires .
Chegou a Portugal muito doente consequência de pancadas durante a prisão .Quando Chegou a Portugal contactou Pedro Pires que mandou imediatamente o Embaixador de Cabo Verde, colocado num hotel,tratar da sua saúde, após o tratamento seguiu para Cabo Verde.
Foi bem recebido ,mas no meu ponto de vista não teve o tratamento com a dignidade que merecia um destacado comandante de toda uma luta das libertações de Guiné e Cabo Verde.
A grande cumplicidade que existia entre o Nino Vieira e Aristides Pereira complicou e dificultou o tratamento que merecia o Comandante Umaro Djaló. Diga-se que a chegada do Comandante coincidiu com o fervor da abertura democrática em Cabo Verde e tal mudanças levou com que não fora prestada a dignidade que merecia o Comandante. Tive a oportunidade de desabafar com Falecido Alfredo Veiga ,pai de Carlos Veiga de quem era amigo e com outros membro do governo do MPD que fomos colegas em Lisboa.
Umaro Djaló, chegou a pensar instados por vários guineenses a criar um Partido que sediar-se -ia na Gâmbia. Partilhou tal ideia comigo aconselhei-o a não fazer pk Nino Vieira ,tinha medo dele e não estava para brincadeira.
Tinha uma relação matrimonial um pouco complicada e em nada ajudaria porque estava sob o controle directo do Nino Vieira.
Para concluir Cabo Verde devia honrar mais os combatentes que deram tudo pelas causas das nossas liberdades.
Espero que esta nova geração(governo) depois de assentar e arrumar a casa, encetará com Cabo Verde a cooperação neste contexto a ter em conta que o passivo das lutas de libertação se encontra na Guiné Bissau e deve haver uma coo-responsabilidade face aos compromisso da mesma luta. Pois isto, far-se -á com novos governantes capazes ,competentes com sentido patriótico e de partilha de responsabilidade do activo e passivo das nossas historias de luta comum, hoje, dando origem a dois Países e Estados soberanos .
Os meus sentidos pesares ao País e a família enlutada.
Por: Eduardo Monteiro