A pobreza na Guiné-Bissau impede o acesso a uma alimentação saudável à maioria da população, segundo um estudo apresentado hoje, em Bissau, pelo Programa Alimentar Mundial (PAM).
"O custo da dieta nutritiva, estimado em quatro dólares, seria incomportável para quase 68% da população", refere o estudo sobre a disponibilidade, acesso e custos associados a uma alimentação saudável no país.
O mesmo estudo indica que os elevados níveis de pobreza na Guiné-Bissau significam que "mesmo uma dieta energética, com um custo de 2,35 dólares, é inacessível para 28% da população", que ronda os 1,8 milhões.
O PAM salienta que há "oportunidades para aumentar a disponibilidade de alimentos nutritivos, diversificando a produção e desenvolvendo a indústria pesqueira".
"Os atuais níveis de produção alimentar doméstica são insuficientes e poderiam ser melhorados concentrando-se no aumento da fruta fresca, legumes, leguminosas, frutos secos e alimentos de origem animal", refere o relatório.
O programa das Nações Unidas defende também uma melhoria do rendimento das colheitas e a redução da dependência da importação de arroz, base alimentar dos guineenses.
O PAM salienta igualmente que a monocultura do caju tem vindo a prejudicar a segurança alimentar e a diversidade dietética dos guineenses.
"À medida que os choques climáticos se tornam mais frequentes e as temperaturas aumentam, o mesmo acontece com o risco associado ao cultivo do caju, que depende de temperaturas estáveis. Assim, a dependência de uma única cultura comercial ameaça o rendimento potencial e a subsistência dos pequenos agricultores, que são na sua maioria mulheres", lê-se no estudo.
O estudo recomenda também o aumento das porções das refeições escolares e a adição de alimentos "frescos e nutritivos", incluindo ovos, fruta de goiaba e folhas de mandioca.
Uma refeição maior, localmente apropriada e nutritiva, poderia "reduzir a quantidade que os agregados familiares precisam gastar numa dieta nutritiva para crianças em idade escolar".
Segundo dados disponibilizados pelo PAM, na sua página oficial, 69% dos guineenses vivem abaixo do limiar da pobreza e 25% sofrem de má nutrição crónica.
Na Guiné-Bissau, o PAM dá apoio nutricional a 96.000 mulheres grávidas e lactantes e crianças menores de 5 anos, bem como a 6.500 pessoas que estão a receber tratamento para o vírus da sida e tuberculose.
O PAM desenvolve também um programa que fornece refeições quentes a 173.000 crianças em idade escolar e distribui às meninas porções de comida para levarem para levar para casa, incentivando a sua permanência na escola.
Conosaba/Lusa
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