Bissau, 06 abr 2022 (Lusa) – O secretário-geral adjunto da União Nacional de Trabalhadores da Guiné-Bissau (UNTG), Yasser Turé, criticou hoje a “forma seletiva” como o Governo está a conduzir um novo recenseamento de funcionários públicos e avisa que o processo poderá motivar reações.
Em conferência de imprensa, Turé, que é também porta-voz da maior central sindical guineense, referiu que a sua organização não concorda com a forma como decorre o recenseamento que o Governo lançou a semana passada e que vai decorrer durante seis meses.
“Cuidado. Cuidado, o espírito da nossa reivindicação durante um ano para que se fizesse um recenseamento de raiz de funcionários públicos é trazer a meritocracia e justiça, não seletividade ou parcialidade”, afirmou Turé.
Para o dirigente, a UNTG “sempre exigiu” ao Governo que se fizesse um recenseamento “de raiz e de verdade” para que se saiba quem são os funcionários públicos que recebem os milhões de francos CFA que são gastos mensalmente nos salários, referiu.
“Estamos a assistir ao que se passa na Função Pública com este recenseamento seletivo que o Governo está a fazer. Queremos chamar a atenção do Governo: se voltarmos a sair à rua, ninguém nos vai parar desta vez”, sublinhou Yasser Turé, referindo-se às greves, vigílias e manifestações de rua realizadas em 2021.
O dirigente da UNTG afirmou que a sua organização tem recebido denúncias dos seus associados em como o processo de recenseamento poderá ser “um canal” para que os partidos coloquem na Função Pública os seus militantes.
Yasser Turé recorreu a um ditado popular para sublinhar as reticências da UNTG em relação ao recenseamento dos funcionários públicos: “A nossa filosofia é no sentido de defender que tudo o que se faz em nosso favor sem a nossa presença, sem o nosso envolvimento é contra nós”, notou.
Turé defendeu que a UNTG não foi envolvida pelo Governo no processo do recenseamento.
O sindicalista notou, contudo, que a UNTG não é contra o recenseamento de funcionários e advertiu que é uma das reformas que a Guiné-Bissau “tem de fazer para se desenvolver” e também cumprir com os critérios de convergência no âmbito da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA).
“O critério da UEMOA é ter sete funcionários públicos por cada mil habitantes. Atualmente estamos acima de 20 por cada mil habitantes. Nem era preciso que a UNTG dissesse algo contra isso. É obvio que essa reforma é necessária e urgente”, notou Yasser Turé.
O secretário-geral adjunto da UNTG referiu que o próprio ministro da Função Pública guineense, Cirilo Djaló defendeu, recentemente, que o país não pode continuar a suportar a atual massa salarial, que disse estar 35% acima das receitas fiscais.
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