domingo, 3 de março de 2019

ENTREVISTA: UNIÃO PARA A MUDANÇA PROPÕE PACTO POLÍTICO E SOCIAL PARA REFUNDAR ESTADO

O presidente da União para a Mudança (UM), Agnelo Regala, propôs hoje um pacto político e social que permita a estabilização da Guiné-Bissau para serem criadas as condições para desenvolver o país.

"A União para a Mudança propõe que de facto haja um pacto político e social que não envolva só a classe política, partidos e Governo, mas que envolva também o setor empresarial, a sociedade civil", afirmou Agnelo Regala, em entrevista à Lusa.

Segundo o líder da UM, que é também ministro da Presidência do Conselho de Ministros do atual Governo, o pacto vai permitir criar uma "plataforma de base sustentável que permita de facto a estabilização do país" e a criação de condições indispensáveis ao seu desenvolvimento.

"Isto porque estamos convictos de que sem estabilidade não haverá investimentos, além de que há setores que têm de sofrer reformas profundas como é o caso do setor de defesa e segurança e do setor da justiça para pôr cobro à corrupção e à impunidade", disse.

Para Agnelo Regala, há uma necessidade de "refundação do Estado da Guiné-Bissau", através da criação de condições para uma "rutura com as práticas do passado e do presente e criar de facto práticas melhores".

"O Estado tem de estar ao serviço do cidadão, um Estado desconcentrado, descentralizado. Não deve ser o cidadão a vir à procura do Estado, é o Estado que tem de ir à procura do cidadão e que tem de responder aos anseios da população", afirmou.


Na campanha eleitoral para as eleições legislativas de 10 de março, a União para a Mudança tem sublinhado a necessidade de união entre os guineenses para desenvolver o país e construir o futuro, mas defendendo que o objetivo só será possível com estabilidade.


"Infelizmente, uma estabilidade almejada, mas que ainda não conseguimos encontrar e que pensamos que com o tempo poderemos atingir, sobretudo, se conseguirmos fazer aquilo que é as reformas estruturais que têm de acontecer a nível do setor da defesa e segurança e da justiça", disse.

Agnelo Regala sublinhou que a instabilidade está ligada a vários fatores, mas em particular à questão da corrupção, impunidade, à "fragilidade do próprio sistema judicial que tem prevalecido" na Guiné-Bissau e que é "encorajado e facilitado para que a corrupção continue a ganhar peso e a ganhar força".

"Eu penso que muitas forças estão interessadas em que o atual estado de coisas, a atual situação continue a prevalecer no país, porque algumas dessas forças estão na origem de toda esta instabilidade que é necessária, porque há gente que só sabe navegar em águas turvas e quando as águas se tornam límpidas em que tudo é visível, até os peixes, a coisa torna-se um bocado mais complicada", salientou.

Sobre a campanha eleitoral em curso e que termina a 08 de março, o líder da UM afirmou que o que se está a passar "é escandaloso".

"Num país pobre, onde as pessoas vivem dificuldades imensas, fazer campanhas políticas milionárias durante 21 dias é preocupante, porque de todas as formas alguém terá hipotecado qualquer coisa que depois os guineenses terão de vir a pagar e a grande verdade é que é preciso fazer passar esta mensagem", afirmou.

Segundo Agnelo Regala, se a União para a Mudança tiver força a nível parlamentar vai "apresentar propostas de delimitação das despesas durante a campanha eleitoral".

"De facto é escandaloso, aquilo que está a ocorrer no nosso país", salientou.

A União para a Mudança candidata-se a 26 dos 29 círculos eleitorais da Guiné-Bissau. Nas últimas eleições legislativas, em 2014, elegeu um deputado.

A UM é uma das formações políticas que assinou um acordo político de compromisso pré e pós-eleitoral com o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Partido da Convergência Democrática, Partido da Unidade Nacional e Partido da Nova Democracia.

Conosaba/Lusa



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